Especial

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Kang Daniel a Narrar

O pesado objecto embalado fazia pressão nos meus membros, era a quinta vez que fazia o caminho de casa até ao impala com estas coisas debaixo dos braços. O peso fazia os meus membros superiores doerem e estava a começar a sentir um leve desconforto no fundo das costas. Assim que cheguei à mala aberta do carro pousei o rectângulo com cuidado, dado que continha algo frágil por baixo. Andei a trabalhar neles durante semanas e se Petrov der por algum estragado então a minha cabeça irá dizer "adeus" ao resto do meu corpo.

Limpei o suor com as costas da mão e fleti as costas. Um leve som fez-se ouvir revelando assim o cansaço de longas horas de trabalho e noites mal dormidas, não por falta de vontade mas sim de sono. O trabalho e uma rapariga não paravam de circular na minha mente. Chegava até a ser frustrante a facilidade com que ela tomava conta dos meus pensamentos, era irritante como tudo o que eu fazia voltava para ela e mesmo quando a minha mente estava ocupada, subitamente a sua imagem passava pelos meus olhos.

Nix, sempre ela.

A jovem rapariga era interessante e egoísta, demasiado egoísta. Era intrigante ao ponto de estar a pensar nela neste momento em vez de me concentrar no que devia. E egoísta porque me cativava, tinha o descaramento de chamar a minha atenção sem fazer qualquer esforço, egoísta por tomar conta do meu ser sem nem sequer tentar e me ter na mão. Não que eu queira que ela saiba, muito pelo contrário. O nosso destino está traçado e eu não posso evitar. Não há dia em que não pense no que poderíamos ter sido caso eu não fosse o que sou e fizesse o que faço, contudo isso não me impede de sonhar e tentar mesmo assim, parece que também sou egoísta a esse ponto. Ao ponto de a querer para mim apesar de tudo, sou egoísta ao ponto de a deixar aproximar-se de mim sabendo que no final ela vai sofrer e tudo por minha culpa.

Infelizmente não tive escolha, quer dizer, tive porém fiz a errada.

Tirei estes pensamentos da cabeça e cocei a nuca. Eu estava decidido.

Era hoje.

Segui a passos lentos para a porta do condutor e abri-a relaxadamente, sentando-me no lugar de condutor e fechando-a de seguida. Fechei os olhos, talvez tentando recuperar preciosos minutos perdidos de noite, talvez tentando fugir da realidade, talvez tentando preparar-me para o inevitável, se bem que eu nunca consiga sentir-me preparado para nada. Um barulho de zumbido fez-se ouvir fazendo-me abrir os olhos e interromper o momento de descanso. Procurei a fonte do barulho pelos bolsos do casaco negro e por fim peguei no objecto, retirando-o do bolso do casaco. A respiração acelerou minimamente mas fiz o possível para esconder a mudança de comportamento e mantive a postura relaxada assim que atendi a chamada.

"Estás atrasado, Kaong, porquê?" A voz grossa e arranhada suou do outro lado.

"Já estou a caminho, relaxa."

"Não achas que estás a abusar um bocado, rapaz? Olha que a paciência esgota-se e a minha está quase a acabar por isso é bom que não demores a chegar ao armazém." O tom rude era presente todavia não me intimidou, estou habituado aos pequenos ataques e inúteis demonstrações de poder por parte do Russo. Limitei-me a desligar a chamada e preparei-me para seguir caminho.

As mãos apertavam forte o volante e o aparelho vibrava no banco do pendura, não liguei. Não estou com paciência para as palermices de Petrov, muito menos para o aturar durante dos 30 minutos seguintes.

No rádio tocava uma música melancólica, como se um sinal para o que fosse acontecer, o meu olhar mantinha-se na estrada e tentava ao máximo manter a minha mente em branco, coisa que foi inútil quando as memorias tomaram conta de mim, distraindo-me e tirando-me o fôlego.

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