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Aquela cara não me era desconhecida, pensei um pouco mas não conseguia me lembrar de onde a conhecia.

-Eu acho que já nos vimos. - afirmei.

-Tens razão. Eu estava naquela festa do ano passado, dia 16 de Agosto - comentou Daniela. - é normal que não te recordes de mim aliás foi uma noite cheia de acontecimentos.

-Desculpa perguntar, mas porque vieste têr comigo? - questionei.

-Acho que devemos falar. Talvez esta semana, deixo-te o meu número.

E foi assim, Daniela deu-me o seu número e eu dei-lhe o meu. Despedimo-nos e voltei para casa.

Já estava a me preparar para ir dormir quando o meu telemóvel vibrou.

Mensagens on

Desconhecido/a: Espero bem que já tenhas conseguido o dinheiro pois o teu tempo está a acabar. Vais receber uma mensagem com o local, o dia, e a hora para entregares o dinheiro e nem penses em trazer mais alguém, nem mesmo o teu irmão.

Mensagens off

Senti um pequeno alívio ao ler aquela mensagem pois depois de entregar o dinheiro poderia esquecer este assunto e seguir em frente.

Depois de ver uma última vez o meu aparelho electrónico finalmente fui dormir.

POV Leonor

Era Domingo, o último dia de Luís e Matilde no Porto. Ajudei-os a fazerem as malas e colocámos as mesmas no carro de Luís. Saímos os quatro e fomos almoçar num restaurante na Baixa do Porto. Comemos a nossa refeição enquanto riamos e falávamos sobre tudo e mais alguma coisa. Depois de almoçarmos chegou a pior parte, as despedidas.

-Vou sentir tanto a tua falta! - disse eu durante um abraço reconfortante de Matilde.

-Daqui a uns dias já estamos juntas outra vez, não te livras de mim tão cedo! - exclamou Matilde e dentro de segundos ela já estava a chorar imenso.

-Matilde deixa-te disso. - disse eu.

-Não querendo estragar o momento mas temos mesmo de ir. - informou Luís.

Acabámos as despedidas e os dois foram embora. Apesar de tudo estava triste por ter de me voltar a separar da minha melhor amiga.

Santiago e eu voltámos para casa e decidimos arrumar a casa pois os nossos pais voltavam no dia seguinte. Eu e o meu irmão trabalhávamos bem em equipa e rapidamente arrumámos a casa. Depois disso resolvemos descansar um pouco no jardim de nossa casa enquanto cada um bebia uma limonada. Estava uma tarde muito bonita, o sol era agradavelmente quente e passava uma leve brisa fresca.

Estávamos os dois em silêncio, e resolvi não o quebrar pois era agradável. Com Santiago isso acontecia, a sua companhia era sempre boa mesmo quando estávamos os dois calados sentia que estava perto dele de qualquer das formas. Quando nisto o silêncio é interrompido.

Chamada on

-Olá Leonor! - aquela voz que eu tanto gostava de ouvir.

-Olá André! - respondi.

-Aceitas jantar comigo esta noite? - perguntou o rapaz.

-Hoje não vai dar porque vou estar com o Santiago - fiz uma breve pausa - mas se quiseres podes vir até minha casa e encomendamos pizzas.

-Parece-me bem. Daqui a uns minutos estou aí! - respondeu André.

-Até já!

Chamada off

Eu e o meu irmão dirigimo-nos para dentro da nossa casa para esperarmos pelo nosso convidado. Santiago estava constantemente a olhar para o seu telemóvel enquanto sorria para o mesmo, será que finalmente ele encontrou a rapariga certa?

-Leonor, eu convidei uma pessoa. Espero que não seja um problema, eu devia ter avisado mais cedo. - disse o meu irmão atrapalhado.

-Não tem mal nenhum! Eu conheço-a? - questionei.

-Conheces. - afirmou.

-Quem é ela? - perguntei.

-Daqui a pouco verás! - respondeu.

Breves segundos depois a campainha tocou e eu fui abrir.

-Juliana?

-Sim, sou eu! - disse a rapariga enquanto me comprimentava com um abraço.

Eu já suspeitava da relação deles desde a festa mas agora tive a certeza. Os dois ficavam muito bem um com o outro e eu estava muito feliz por eles. Só faltava André para podermos encomendar as pizzas e escolhermos o filme para vermos.

Depois de algum tempo André finalmente chegou. Escolhemos as pizzas e tentámos decidir que filme iamos vêr. Juliana acabou por recomendar um de terror e acabámos todos por concordar mas André parecia um pouco nervoso. Esperámos pela comida e depois da mesma chegar pagámos e fomos até ao sofá onde nos sentámos para ver o filme. Juliana ficou ao lado de Santiago e eu sentei-me no chão ao pé de André. O filme não era nada assustador e percebemos que os dois pombinhos estavam mais interessados em namorar do que a ver o mesmo por isso saímos para a rua para os deixar sozinhos. O céu estava estrelado e a lua brilhava intensamente.

-Conheço um parque que fica perto daqui, gostavas de ir até lá? - perguntou André.

Acenei que sim com a cabeça e entrámos no seu carro indo em direção do parque. Haviam dois baloiços e cada um de nós sentou-se num deles.

-Posso te fazer uma pergunta? - perguntei.

-Até podes fazer dois se quiseres, só não sei se terás respostas. - informou André com um sorriso fechado.

-O que se passou para ficares naquele estado quando entrámos na casa assombrada?

André ficou incomodado com a pergunta e pensei que ele não me ia responder.

-Foi um trauma de criança, tenho pânico do escuro, de gritos, e de tudo o que seja feito para assustar. - respondeu enquanto se levantava do baloiço.

-Mas o que aconteceu?

Esperou alguns segundos para ganhar coragem para poder contar o que tinha acontecido.

-Quando era mais novo eu e o Afonso brincávamos no quintal de nossa casa, numa noite ficámos a brincar até tarde na rua e começamos a ouvir gritos, ficámos muito assustados e Afonso foi para casa mas eu não, eu resolvi seguir o som e tentar perceber o que era. Encontrei um homem bêbado a agredir uma mulher e fiquei parado a vêr aquilo, tinha entrado em estado de choque pois a mulher estava cheia de sangue deitada no chão, estava morta. - uma lágrima escorreu no seu rosto. - eu entrei em pânico e fugi. Fiquei desaparecido durante dois dias e fui encontrado por um polícia que me levou a casa.

-André, eu não sei o que dizer, que horror o que te aconteceu! Desculpa ter te perguntado. - disse abraçando-o.

André chorava nos meus braços enquanto eu passava a mão sobre os seus macios cabelos.

-Foste a única pessoa que eu contei isto. - disse ele.

Nunca tinha visto André daquela maneira e deixou-me muito mal. Voltámos para casa, quando nos iamos despedir os nossos lábios encontraram-se dando ínicio a um beijo emotivo bastante demorado. No fim sorrimos os dois e despedimo-nos com um beijo de André sobre a minha cabeça. Enquanto saia do carro pareceu-me ouvir um sussurro de André dizendo "Amo-te" mas não tinha a certeza.

Fui para o meu quarto e pensei naquela situação toda principalmente por tudo aquilo que André sofreu. Ninguém merece passar pelo o que ele passou ainda por cima tão novo.

Right Or Wrong? {André Silva} Onde histórias criam vida. Descubra agora