Encontro Casual

Capítulo 14

"O perigo de provar é querer sempre repetir a dose"

Um mês depois

Já se passou um mês e eu não vi mais o homem que tratei a dor de cabeça, mas ainda continuo espiando ele sair pela manhã e a noite quando chego cedo, isso virou um hábito mesmo.

Mas acho que já estou querendo repetir a dose de analgésico que dei a ele, sinto meu corpo ferver quando o vejo pelo buraquinho da porta, tenho feito minhas caminhadas, mas sempre espero que ele saia para depois eu sair, hoje quero encontra-lo só para provocar um pouco, quem sabe rola alguma coisa novamente.

Me levanto da cama mais cedo, tomo meu café da manhã, meu banho e fico enrolada em uma toalha. Ainda são 06:45 horas... Vou para mais uma caminhada matinal, coloco uma bermuda um top, uma camiseta por cima, o tênis, faço um rabo no cabelo bem no alto da cabeça.

Que saco as horas não passam... Ainda são 07:20 da manhã.

Fico na porta esperando o tal barulho que mexe comigo todos os dias. Até que ouço exatamente ás 07:30, então abro minha porta e dou de cara com o homem que sai do apartamento numero 54.

Era isto mesmo que eu queria! Ele me cumprimenta.

─ Bom dia!

─ Bom dia! ─ Bom dia senhor delicia. Ah... que homem cheiroso...

Meus hormônios viram um turbilhão quando ele fala comigo, me lembro de como foram boas nossas noites de sexo.

Entramos no elevador, não falamos mais nenhuma palavra, fico em um canto, ele em outro, observo que mexe no celular com cara de sério, seu perfume é inebriante que eu chego a respirar mais fundo essa delícia de colônia masculina, enquanto ele mexe em seu aparelho posso observá-lo.

Ele está com uma camisa branca com as mangas dobradas até o punho, um jeans escuro, sapatos tipo uma bota pretos, os cabelos como sempre um tanto bagunçados.

Hum... que saudade deste corpão...

Saio do elevador no térreo, ele fica, vai para garagem do condomínio.

Quando estou caminhando, vejo um Hyundai Azera branco com os vidros filmados passar por mim.

Duas semanas depois

Todos os dias a mesma coisa, saímos no mesmo horário, ou melhor, eu saio no horário dele, nos cumprimentamos, entramos no elevador e nem uma palavra a mais além de bom dia, acho que esqueceu o que aconteceu mesmo.

Nossa... acho que ele levou a sério o que eu falei... Idiota!

Nem parece o mesmo que esteve comigo... Mal olha na minha cara...

Dia seguinte

Hoje vou provocar mesmo... quero ver se vai olhar para mim ou não...

Eu não quero nada nem com ele nem com ninguém... mas ele faz sexo bem... Acho que só ficou com raiva porque eu o mandei embora...

Coloco um short um pouco mais curto, o top sem a camiseta por cima, faço um rabo bem no alto da cabeça, passo uma maquiagem suave, espero meu horário. Ou melhor, o horário dele e saio. É mês de fevereiro e está muito calor.

Quando ele me vê fala com entusiasmo.

─ Bom dia vizinha... que calor!

Hã? Ele me deu bom dia sorrindo?E que sorriso...

Eu respondo muito séria, como se não quisesse nada com ele, afinal ele não precisa saber que eu quero.

─ Bom dia... está calor mesmo.

Mais nenhuma palavra, ele se encosta no fundo do elevador e eu fico a sua frente.

Minhas chaves caem no chão, me abaixo para pegar e subo lentamente empinando o quadril em sua direção. Discretamente é claro, ele não precisa saber minha intenção!

Olho pelo espelho lateral, percebo que ele fixa o olhar em minha bunda...

Me viro rapidamente para ele que leva um susto e disfarça. Olho para seu rosto, desço o olhar até sua calça que está... com um certo volume... Eu faço a ofendida. ─ Sou meio doida mesmo.

─ Você não tem vergonha? Seu tarado... ─ Saio do elevador que chega ao térreo, ele vem atrás de mim.

─ Me desculpe... eu não queria...

─ Você não queria o que? Ficar de pau duro por mim? Como já ficou outras vezes?

─ É isso mesmo... Desculpe... você não merece isso.

Agora me ofendi de verdade.

─ O que? Eu não mereço que você fique excitado olhando minha bunda?

─ Não... eu não quis dizer isso... ─ Olho para ele e cruzo meus braços.

─ Eu não estou te entendendo... Eu mereço ou não que você fique assim? ─ Digo isso apontando para seu pênis.

Ele me olha com cara de quem não sabe o que responder e prendendo o riso entre os lábios. Eu estou com cara de brava e realmente ofendida.

─ Eu não sei o que responder, é que me lembrei das vezes em que ficamos... mas por favor me desculpe... Ou o que posso fazer para você me desculpar ?

─ Não aconteceu nada em dia nenhum...

─ É eu sei... foram apenas sonhos que eu tive.

─ Mas hoje não foi... você está bem acordado, então pense em alguma coisa que me convença a te perdoar por ter ficado assim.

Saio andando e deixo ele falando sozinho. Começo a rir andando pela rua.

Era isto que eu queria mesmo... mexer com ele

Alguns minutos depois vejo o tal Hyundai azera branco que passa por mim todos os dias.

O carro para do outro lado da rua, quando baixa o vidro, é ele novamente.

Ah... então é o carro dele... ─ Ele me chama.

─ Ei... Ei... aceita uma carona?

Atravesso a rua, me declino, com os braços sobre o vidro do carro. Ele baixa o olhar em meus seios.

─ Ei... seu tarado... quando se fala com uma mulher, olha-se em seus olhos e não em seus seios...

Ele fecha os olhos, leva as mãos ao rosto, inspira, expira, passa a mão pela barba em movimentos de vai e vem disfarçando o riso, olha para mim.

Meu Deus... ele deve pensar que sou uma maluca... Por que estou fazendo isto?

─ Me desculpe novamente.

Faço a ofendida mais uma vez, apesar dele já ter me visto nua estou fazendo de conta que esqueci está parte. Me levanto e cruzo os braços.

─ Eu vou avisar o condomínio que temos um tarado no prédio.

─ Não... eu não sou tarado... me desculpe prometo que não faço mais isto.

─ Vou pensar porque foram duas infrações gravíssimas. ─ Viro de costas, atravesso a rua, ele me chama novamente.

─ Ei... Aceita a carona pelo menos. ─ Volto até o carro.

─ Você é doido? Não está vendo que estou fazendo uma caminhada?

─ Ah... me desculpe mais uma vez. ─ Ele da um sorriso, eu fecho a cara e gesticulo com uma mão, fazendo a indignada agora.

─ Como mais uma vez... eu não te desculpei nenhuma ─ Começo a rir e saio andando sem olhar para trás