Capítulo 2

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"Faz de conta que tudo que ela tinha não era um faz de conta" 

 ( Clarice Lispector)

Acordo pela manhã sem nenhuma vontade de levantar da cama e ir para mas uma jornada de trabalho, tomo meu café da manhã com minha amiga Sara, que está passando uns dias comigo em meu apartamento.

Sara mora em Londres a conheço desde quando éramos adolescentes, ela veio visitar os pais, mas não gosta de ficar na casa deles por muito tempo, apesar dela ter 29 anos e morar sozinha em outro país, quando ela está aqui eles querem controla-la, não a deixam sair para barzinhos, para dançar, os pais dela são de uma religião com uma doutrina muito rígida, exigente e dominadora.

Ela fica um pouco com eles e vem pra cá, para sairmos e fazer tudo o que ela não pode fazer quando está na casa deles.

Me levanto da cama, tomo meu banho, sinto um cheiro de café delicioso que está sendo preparado por ela

Caminho até a sala, minha amiga já arrumou a mesa, ela sempre acorda cedo, vai até a padaria, compra pães e frios para nosso café. Dou de cara com ela que está sempre com um largo sorriso no rosto.

Logo que me vê me cumprimenta quase gritando e sorrindo.

─ Bom dia Júlinha... ─ Eu respondo sem nenhuma disposição.

─ Bom dia Sara.

─ Nossa amiga que cara é esta logo cedo?

─ Ah Sara... tenho vontade de sair desta empresa, não aguento mais... não tenho a mínima vontade de ir trabalhar.

─ Por que não sai amiga? Você é formada pode arrumar outro emprego em qualquer lugar... e tem uma boa experiência...

─ Ah sei lá... acho que tenho medo... Eu ganho bem lá... consigo pagar todas as minhas contas e ainda me sobra um pouco de dinheiro...

─ Mas que contas? O apartamento é dos seus pais, seu carro está quitado... pare de ser boba, se não está satisfeita tem que mudar... faça como eu fiz... voa se joga no mundo... você não é arvore para ficar plantada em um lugar só...

Eu respondo ao seu comentário meio desanimada.

─ Não sei se tenho coragem amiga.

─ Se não arriscar... não vai ter mesmo...

Terminamos nosso café, mesmo não querendo tenho que ir trabalhar, pois é de lá que tiro meu sustento, pago minhas contas, compro minhas roupas meus sapatos e ainda me sobra um dinheirinho para eu sair comprar meus livros de romances que eu adoro.

Me arrumo, passo uma maquiagem suave para o dia, um batom discreto, coloco um vestido azul com detalhes em preto, um sapato de saltos, faço um rabo de cavalo nos cabelos bem no alto da cabeça.

Desço até a garagem entro em meu carro, um HB 20 novo que comprei a pouco tempo.

Chegando em minha empresa vejo minha vaga de garagem ocupada.

Que merda, como a pessoa coloca o carro em uma vaga que está escrito, exclusiva para funcionários?

Não deve ser de nenhum funcionário daqui, porque todos usam as mesmas vagas de sempre... e eu não conheço esta porra deste carro.

Deixo meu HB 20 bem atrás do que está em minha vaga, trancado a saída do outro.

Ah... seu filho da puta folgado... quero ver você sair daí... seu palhaço idiota...

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