Mais cinco minutos

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Tinha ciúme do meu irmão caçula: todo o carinho, atenção e cuidados eram só para ele. Aquilo era insuportável - uma inexistência completa, passando em branco para os que me deveriam notar.

Foi tempestuoso o meu rompimento: deixar para trás aquele mundo tão concreto e firme fez a garotinha gritar de pânico, embora o cordão umbilical cortado fosse como um dose cavalar de Diazepam.

Dormir para acordar na Yellow Brick Road.

Dia claro e ensolarado. Preguiça de acordar. Espaço sobrando na cama e telefone fora do gancho... cinco minutos  no botão de soneca.

Nadine bocejou, olhou as horas e se levantou naqueles melhores minutos da manhã sem muita vontade naquela rotina vamos-cumprir-o-programa-de-mais-um-dia-sem-novidades.

Queria trabalhar em algo diferente, como sua amiga Leila, que era cantora lírica e vivia do que gostava - parecia tão mais interessante...

E ela, Nadine, ficava ali, sonhando entre ser escritora, psicóloga, atriz/modelo/manequim/cantora/apresentadora, mas na verdade vivendo uma vida chinfrim, sendo paga apenas se trabalhasse.

Pela janela via que a senhora que criava uns dez cachorros, na casa em frente ao seu prédio, limpava o jardim cantarolando enquanto os poodles dormiam ao lado da porta. Que tipo de vida era aquela?

Sem nenhuma novidade. Exatamente como a dela.

Aprendendo a voarWhere stories live. Discover now