Três semanas depois.
Castiel olhou para fora pela janela de seu escritório e viu um céu de outono dolorosamente claro. A luz do sol era tão brilhante e o ar tão seco que as duras bordas dos arranha-céus pareciam facas afiadas e os edifícios feriam sua vista, causando-lhe dor de cabeça. Caramba, como ele estava cansado.
– Que diabos você está fazendo?
Virou-se de costas para a vista e olhou do outro lado de seu escritório.
– Ah, Mike. É você...
Mike Rhodes, um ex-caso, companheiro de trabalho, um homem ótimo em todos os sentidos, ocupava todo o espaço do batente da porta.
– Está saindo? – quando Castiel simplesmente assentiu, ele sacudiu a cabeça. – Você não vai sair. Não pode sair. Que diabos está...?
– Perdi o ânimo, Mike.
– Desde quando? No final de agosto você estava devorando o advogado da parte contrária responsável pela fusão da Technitron!
– Não estou mais com fome. – o que era verdade, tanto figurativa quanto literalmente. Na última semana, Castiel tinha perdido o apetite por completo.
Mike afrouxou a gravata vermelha com um puxão e fechou a porta atrás de si.
– Então, tire férias. Tire um mês. Mas não atire toda sua carreira no lixo por causa de um simples caso de momentânea falta de motivação. Está certo, o caso da Technitron não correu bem. Mas logo haverá outros acordos.
Distraído, Castiel ouviu o telefone tocar na mesa de Charlie, que ficava do outro lado da porta. Ele ouviu também a conversa de outros advogados que passavam apressados na frente de seu escritório. E o som de uma impressora que mais parecia um pica-pau.
– Sempre gostei de seu nome. – Cas disse em voz baixa. – Alguma vez já lhe disse isso?
Os olhos de Mike encararam-no como se pensasse que ele estava louco. Bem, isso era natural. Ele mesmo tinha pensado que estava louco desde o fim de semana do Dia do Trabalho quando, em vez de trabalhar, tinha dormido durante três dias seguidos.
A verdade era que Castiel temia ter sido o culpado pelo fracasso da negociação com a Technitron. Desde aquele fim de semana perdido, sentia-se confuso, débil, inquieto e distraído.
– Castiel, talvez você devesse falar com...
Ele negou com a cabeça.
– Mas por que você usa 'Mike'? Nunca o conheci por outro nome que não fosse Mike. – deu uma pausa – Sendo sincero, Dean seria um nome tão... bonito, combinaria com você, bom, talvez.
– Hum, sim. Escute, eu realmente acho que você deveria falar com alguém.
Ele provavelmente tinha razão. Durante à noite, Cas não conseguia dormir porque seus sonhos o atormentavam e, durante o dia, era tomado por uma depressão sem fundamento. Certo, a negociação com a Technitron tinha fracassado e, talvez, Castiel tivesse parte da culpa, mas esse fato sozinho não podia ser a causa daquela letargia que lhe dominava ou tampouco da dor que sentia no peito.
Charlie bateu na porta e colocou a cabeça pela fresta que entreabrira.
– Desculpe, sua médica está na linha dois. Achei que gostaria de saber que a senhorita Mary Winchester morreu. O mordomo dela deixou um recado na terça-feira, mas a mensagem se perdeu no sistema. Só consegui ouvi-la agora.
A senhorita Mary.
Castiel levou a mão à cabeça quando uma onda de ódio incompreensível tomou-lhe conta e pulsou-lhe nas têmporas.
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Heart of Blood [Destiel]
VampireA princípio, o competente jovem advogado, Castiel Novak, deveria ser apenas mais uma vítima de um plano que sempre fora seguido sem falhas, seu sangue serviria de alimento por longos três dias para uma figura sobrenatural que jamais havia visto ante...