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Olhei no relógio da parede da recepção pela milésima vez no dia. Uma hora e quarenta e sete minutos atrasado. Meu pai já deveria ter chegado fazia tempo, ele ligou avisando que estava vindo e arrumei minhas coisas com pressa e fui direto para a recepção esperar ele.

A recepcionista sorriu triste para mim e abaixei a cabeça. Eu não queria que ficassem me olhando daquele jeito, eu queria era ir embora.

Meu pai cumpriu pelos sessenta e um dias o acordo de não ligar ou vir visitar, mas chegou um momento em que eu precisava conversar com alguém que não estivesse na mesma porcaria de situação que eu, então liguei para Thea que passou o telefone para Carrie. Nós conversamos por uns vinte minutos, mas tudo o que eu queria era ouvir a voz de Thea.

Dei um pulo do sofá quando vi meu pai entrando pela porta da recepção e corri até ele, abraçando-o com força.

- Você está bem? – ele segurou meu rosto e eu assenti – Desculpe o atraso, aconteceu um imprevisto na empresa e eles não poderiam resolver sem mim.

- Sem problemas, pai. – menti – Vamos embora, por favor.

- O que foi? As enfermeiras não eram tão bonitas igual você achou? – ele disse rindo.

- Não. – neguei com a cabeça – Elas eram lindas, só tem outra pessoa que eu quero ver.

Durante o caminho até em casa ele me fez contar sobre os dois meses em que fiquei internado e o que fiquei fazendo de bom, que na maior parte do tempo foi frequentar os grupos de apoio e permanecer trancado no quarto assistindo série.

Ajudei-o a descer com as minhas coisas e dei uma bela olhada na casa antes de ir até a porta. Eu não conseguia acreditar que depois de três anos eu estava realmente voltando para um lugar que fui feliz pouquíssimas vezes.

No momento em que abri a porta ouvi um barulho de estouro e vários confetes no ar. A casa estava cheia de balões no teto e no chão e fiquei olhando para todos os lados tentando entender o que era aquilo tudo. Olhei para a cozinha e vi Catalina em pé com os olhos marejados e Thea em pé ao lado de Carrie.

Fiquei parado no mesmo lugar olhando fixamente nos olhos verdes de Thea que começou a ficar com as bochechas rosadas. Andei até ela e a abracei com força sem acreditar que aquilo era real, que eu finalmente estava vendo-a de novo. Respirei fundo algumas vezes sentindo o cheiro dos seus cabelos misturado com seu perfume e ela apertou seus braços em volta da minha cintura.

- Puta merda, como eu senti sua falta. – sussurrei contra seu cabelo.

- Eu também senti sua falta. – ela soluçou e segurei seu rosto. Enxuguei sua bochecha e beijei a ponta do seu nariz.

- Não precisa chorar, eu estou aqui. – sorri de lado e ela fungou.

- Depois vocês fazem isso. – Carrie se enfiou no meio de nós dois – Agora eu quero um abraço também. – ela disse rindo e a abracei com força.

Virei o rosto para Catalina que estava chorando baixinho e a abracei levantando-a e girando-a no ar.

- Sentiu minha falta?

- Claro que sim. – ela choramingou – Está com fome? Nós fizemos várias coisas para você.

- Eu fiz um bolo. – Carrie disse orgulhosa e olhei para ela desconfiado – Eu coloquei a cobertura no bolo. – ela revirou os olhos – Não vem me desmerecer, pelo menos eu ajudei.

- E você, Thea Howlett, o que você fez? – passei uma mão pela sua cintura e acariciei sua bochecha.

- Eu arrumei seu quarto e joguei todas as tranqueiras que tinha nele. – ela fez uma careta – E fiz palitos de morango com chocolate porque descobri que é seu doce favorito. – as bochechas dela coraram.

The GetawayOnde histórias criam vida. Descubra agora