Entrei sorrateiramente em casa e ouvi Catalina na cozinha. Tentei ir para o meu antigo quarto sem que ela me visse, mas foi só eu me aproximar do corredor que ela pigarreou.
- Onde pensa que vai, mocinho? – ela disse com seu forte sotaque espanhol e fui até ela – Achou que ia se livrar do meu bom dia?
- Só um pouquinho. – cocei a nuca e a abracei forte – Meus pais estão?
- Sua mãe saiu agora de pouco para tomar café com algumas amigas e seu pai está se trocando. – ela mexeu na panela sem tirar os olhos de mim – Vai para o seu quarto descansar que daqui a pouco levo o seu café. – ela acariciou meu rosto.
- Não fala para ele que eu estou aqui.
- Tudo bem, Chiquito. – ela beijou minha bochecha.
Fui para o meu quarto e pude sentir o cheiro do meu perfume logo que abri a porta. As coisas estavam todas no mesmo lugar desde a última vez que estive ali no mês passado e apesar de fazer vários dias, não tinha um grão sequer de sujeira em qualquer lugar. Tanto Catalina quanto minha mãe eram obcecadas por limpeza e tudo o que fosse de "inútil" as duas guardavam para que não juntasse pó ou ocupasse espaço desnecessário.
Deitei-me na cama enorme de casal e senti meu corpo relaxar no colchão macio. Afundei a cabeça no travesseiro de penas e respirei fundo algumas vezes até que Catalina entrou com uma bandeja. Olhei para o prato que tinha um rosto feito com ovos, bacon, salsicha e torradas, exatamente do mesmo jeito que ela fazia para eu comer quando criança.
Tomei um gole do suco de laranja e comecei a comer feito um louco enquanto ela me encarava.
- O que? – perguntei com a boca cheia e ela abriu um sorriso triste.
- Sua mãe vai perguntar de você. – ela acariciou meu joelho – Ela sempre pergunta.
- Eu estou bem. – encolhi os ombros.
- E onde você estava que acordou cedinho e veio aqui?
- Em casa. – coloquei um pedaço de salsicha na boca.
- Não estava em nenhuma festa por aí? – ela me olhou desconfiada e neguei com a cabeça.
Já fazia três dias desde a festa de Carrie e eu fiquei em casa nos três dias jogando videogame e comendo toda a comida que eu tinha.
- Ela se preocupa com você e eu também me preocupo.
- Mas não tem o porquê se preocupar comigo. – suspirei.
- Só que ela é sua mãe e eu tenho você como se fosse mí hijo.
Continuei comendo meu café da manhã infantil enquanto ela me observava e pude ouvir passos pesados no corredor. Imaginei que fosse meu pai saindo para o trabalho, mas a porta logo se abriu e ele colocou metade do corpo para dentro. O terno muito bem passado e os cabelos como sempre muito bem arrumados, o oposto de mim que usava roupas furadas e o cabelo despenteado.
- Johnny. – ele me cumprimentou pelo meu apelido de criança.
- John. – cumprimentei-o.
- Sua mãe perguntou de você antes de sair. Você a avisou que vinha?
- Não.
- Vai ficar para o almoço? Eu ligo para ela dizendo que você está aqui...
- Não.
- Mas ela quer te ver, John...
- Eu já estou de saída. – coloquei o prato na bandeja e me levantei.
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The Getaway
RomansaEle com uma vida regada a álcool, drogas e curtição. Ela focada nos estudos e no futuro. Uma amizade totalmente improvável, mas que foi inevitável o surgimento de uma grande paixão. Será mesmo que os opostos se atraem?