Café com Poesia

A ironia do viver

Do exato momento em que me vem
A vontade de morrer, lembro
De todas as outras e como resisti
Afinal, como qualquer noite de novembro

A vontade passa, é só esperar
Esperar os gritos, os gemidos de seis meses
Até que as lágrimas secam e a alma cansa
Pode durar menos às vezes...

Mas não se preocupe, eu estou bem
Minha mente é saudável, não vou fazer nada
Mesmo que eu não veja sentido nenhum em estar viva
Nessa floresta infernal amada

E esse beco um dia,
Vai se estender é claro
Vai abrir caminho para uma vida
Em que sofrer não é necessário

Então tudo serão flores
Alegria e amor, sem medo
Li tudo isso num livro,
Enquanto morria nesse mesmo beco

Mas não pense que na vida não há esperança
Não pense que digo a verdade
Pense que vai dar tudo certo
Afinal, para escolher, todos temos liberdade

Escolher qual caminho seguir
Qual caminho planejar
Qual cominho tentar
Qual caminho continuar

E mesmo dando errado, ter fé
Pensar que a noite vai amanhecer
E mesmo perdido, ter esperança
E ainda assim sufocado morrer

Pois não é essa a beleza da vida?
Todos sabermos como vamos acabar
E mesmo assim jurar que vai ser diferente
Mesmo quando estivermos caindo
Vamos todos para a escuridão sorrindo