Misturas de Raças

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Acordo toda ensopada de suor. Levanto e me sento na cama. Não é primeira vez que tenho esse sonho. Mas fazia um bom tempo que não sonhava com ele, na verdade fazia um tempo que eu nem sonhava com nada. Não sei o que mudou que fez com que os sonhos voltasse. Mas espero que não volte a sonhar.

Preciso comunicar Toller que voltei a ter esses sonhos horríveis. Mas farei isso apenas na segunda quando a ver na escola. Sempre que pode ela tira um tempo para conversar comigo. Adoro essa professora. Me ajuda no que pode e até quando não pode.

Olho pela clarabóia e vejo que ainda está escuro. Vejo a hora no celular e são 3:00 a.m. Devo ter dormido durante o filme. Estava vendo Sexta-feira 13. Não é um filme que me faria sonhor com corvos. Muito menos porque não é um sonho novo. Antigamente chegava a ser rotineiro. Sonhava todos os dias com os corvos. Eles sempre me deram medo. E os sonhos sempre são parecidos, eu correndo com medo de olhar e vê-los, caindo e eles vindo para cima de mim.

Levanto e saio do quarto vou ao banheiro lavar o rosto que está todo suado. Depois desço. Quando vou entrar na cozinha ouço uma voz e me detenho. Fico encostada na parede e ouço a conversa.

- Não posso simplesmente tira-la da cidade Jess. - meu pai diz ao telefone. Ele fica em silêncio antes de voltar a falar. - Só que antes ela era uma criança. A mente era muito mais fácil de ser manipulada. Lanore está com 17 anos agora. - ele bufa e bate no balcão. - A Lúcia é uma simples mundana meu caro, é mais fácil de distorcer a mente do que a mente de uma híbrida.

Ele fica um bom tempo em silêncio.

- Não saberia dizer. - volta a falar. - Porque não convivo com ela o tempo todo, tenho mais o que fazer. Ela não me contaria se tivesse tento também. - a pausa é grande dessa vez. A pessoa do outro lado da linha deve está aborrecida pois a voz do meu amansa. - Tudo bem. Vou ver o que consigo fazer. O mantenho informado.

- Quando eu puder mando notícias. Até. - diz por fim.

Ouço os passos do meu pai pela cozinha. Ele abre a geladeira e a fecha, ouço o barulho do líquido sendo derramado no copo. E depois a geladeira abrindo e fechando novamente. A luz da cozinha e desligada. Corro e entro na dispensa. Com minha ótima audição consigo ouvi-lo abrir e fechar a porta do escritório.

Respiro aliviada e saio da dispensa. Vou até a cozinha sem fazer barulho e encho um copo de água da bica mesmo tomo e subo até meu quarto o mais silencioso que consigo.

Que história toda foi aquela ao telefone? Manipular mentes? Ele disse que minha mãe foi fácil de manipular porque é mundana. Mundano é o termo usado para descrever humanos comuns. Disso eu sei, e sei que híbrido é ao contrário de mundano, seria a mistura de duas espécies ou mais, ou até mesmo uma outra raça ou espécie. Porém não entendi onde tudo isso se encaixa. Se minha mãe é uma mundana.

Espera! Ele estava falando de mim. Não tem outra conclusão a chegar. Eu sou a híbrida.

SOU UMA HÍBRIDA.

A senhora Toller estava certa. Devia ter acreditado nela. Ao em vez disso a chamei de velha maluca, mesmo a considerando louca continuei a ouvindo. Por algum motivo desconhecido eu não consigo ignorar o que ela me diz.

Agora faz sentindo algumas coisas que acontecem comigo. A audição apurada, mira, minha cicatrização rápida e entre outras habilidades. Minha vó assim como Toller, me dizia que eu era especial, pensei que soubesse o porquê quando descobri minhas habilidades, mas tudo isso faz mais sentido e é possível porque sou uma híbrida.

Mas se sou uma híbrida. Sou uma mistura de que? Humana e que outra raça?

Fico quase duas horas pensando a respeito do que ouvi. Não sei o que fazer. Se devo enfrentar meu pai e exigir que me conte toda a verdade ou simplesmente ignorar o que eu descobri. Tudo que eu sempre quis foi ser normal e descobrir que sou uma híbrida não ajudou em nada nesse momento.

Through the Crows [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora