Dominic Chavier Primeiro

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Assim que o filme acaba Coraline manda mensagem, acho que para os pais, avisando que irá dormir aqui.
Subimos para o quarto passando pelo banheiro para escovar os dentes, empresto uma escova novinha para ela. Já no quarto eu vou até o armário e pego um par de pijamas para Coraline e para mim. Coraline tem mais corpo que eu então entrego-lhe minha calça moletom e uma blusa folgada que robei do Liam a um tempo. Acabo ficando com um conjuntinho de pijama amarelo que minha comprou e eu nunca usei.

- O que está fazendo? - pergunto quando a vejo pegar algumas almofadas e por no chão. - Não vou deixar que dorma no chão. Pode deitar na cama sua boba.

Ela sorrir e se senta na cama.

- Valeu. - responde.

Ponho as almofadas de volta na cama. Ela vai pro canto da cama e põem a cabeça no travesseiro eu me deito ao seu lado na ponta. Ela me encara e suspira pensativa.

- Será que ele vai aparecer amanhã? - pergunta.

- Vamos esperar que sim. - respondo.

- Ele vai ter que me dá uma bela de uma explicação. - ela boceja e fecha os olhos.

- Sim. Vai. - digo por fim também fechando os olhos.

Estou em um cemitério. Não qualquer um, mas sim onde minha vó materna está enterrada. Me encontro parada de frente a lápide da gárgula. Há algo de diferente nela. Antes seus olhos eram voltados para a lápide onde o nome do falecido está escrito, mas dessa vez ela está olhando diretamente para mim. Seu olhar parece me atravessar. Isso me causa arrepios. O vento está gélido assim como sempre foi aqui na Inglaterra, porém estou apenas de pijama, o mesmo com qual fui dormir. Estranho. Não costumo sonhar com as minhas roupas, não as que fui dormir vestindo. Olho para os lados e noto que há neve no chão e em cima das outras lápides, a única que está limpa é a da gárgula. Observo ao meu redor e não me sinto segura. Há um aperto em meu peito, o mesmo que eu sinto quando eles estão próximos. Os corvos. Eles estão vindo, não sei de onde, mas eles estão perto. Começa a nevar e desenterrado meus pés da neve vou até a Capela como proteção da neve. Ao entrar sinto o calor das velas acesas e me sinto muito melhor. Me encolho em um canto e me sento no chão.

Não sei como vim parar aqui. Só me lembro de está deitada na minha cama com Coraline adormecida ao meu lado. Então creio que isso deve ser apenas um sonho. Encosto a cabeça na parede e adormeço. Sou acordada com um bater de asas violento e bem rápido. Mas não me parece ser o mesmo que os corvos fazem. Ouço barulho dos pedregulhos do lado de fora e passos em direção a Capela onde me encontro. A porta dupla se abre e um homem apenas de calças pretas para na porta. Ele tem longos cabelos pretos, bate na sua cintura, está descalço e sem camisa. O homem é muito pálido e magro, ele carrega consigo um cordão de linha preta e um pingente com um símbolo desconhecido. Parece um símbolo demoníaco. Quando o encaro realmente limpando os olhos para vê-lo melhor noto um par de asas em suas costas. Como eu não vira isso antes? Elas são enormes e as pontas delas chegam aos seus pés. A parte de cima delas onde se prende as costas são negras porém suas pontas são brancas e pontudas. Elas não parecem feita de penas normais e sim de aço em formato de pena. Elas chegam a brilhar como metal as luzes das velas.

Eu me espremo na parede e tento me manter aquecida. Mas um vento gélido assopra e apaga as velas deixando o local frio e sinistro. O homem finalmente se move e anda calmamente pela Capela.

- Não esperava vê-la tão cedo. - ele diz e sua voz é fria e muito grossa e causa ecos na Capela. - Mas ao que devo sua ilustre visita?

Eu não respondo. Não sei o que estou fazendo aqui, não era minha intenção sonhar com esse lugar. Ele para e me encara.

Through the Crows [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora