Sonhos ou Realidade

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O vejo parado em frente a vitrine de troféus da escola encostado na parede.

- O que houve? - pergunta me aproximando.

- Lugares com aglomeração não é minha praia. - responde sem me olhar.

- Uma pena. Os almoços são muito mais cheios, pior do que acabou de presenciar lá dentro.

Encosto meu ombro ao seu e vejo esboçar um sorriso por um milésimo de segundo.

- Pensei que tivesse sido a má educação dos meus amigos que o espantou. - falo para descontrair.

- Não exatamente. - essa é a resposta dele.

Finalmente me olha e o sorriso volta aos seus lábios, mas não em seus olhos. Então meus amigos não haviam feito boa impressão. Como sempre. Por que eles tem que ser assim?

- De você eu gosto e Tayler até que é legal. Mas os outros não. - ele continua. - Nada contra, não me leve a mal, mas nem todos ali são boas pessoas.

- O que você quer dizer?

- Nada. Não quis dizer nada. - resmunga se afastando de mim. - Eu só falo demais. É apenas minha opinião.

- Você mal os conhece. Como pode saber disso?

- Eu não preciso os conhecer para saber. - ele zomba. - Você acima se todo mundo devia saber disso.

- Como é?

- Nada. - ele revira os olhos e vira pro outro lado.

Eu rio com desdém.

- Do que está rindo? - ele fica de frente para mim.

- Você fala que nem o - me interrompo.

- O? - ele me encara intensamente agora a espera de uma resposta.

- É só que você me lembra a uma pessoa. - respondo perdida em pensamentos.

- Lembro? - ele arregala os olhos. - Quem?

- Não importa.

Caian suspira. Ele agora me encara de uma forma diferente, mas não diz nada. Um silêncio se estala entre nós. Tento pensar em algo para quebrar o gelo. O trabalho.

- O trabalho é sobre o que? - ele é mais rápido que eu e pergunta.

- É sobre uma redação. Temos que fazer uma contando a vida de nossos parceiros, ou seja, contar sua história completa até aqui. - respondo rapidamente. - Desde que era criança até os dias de hoje. Conhecer nossa dupla como ela é de verdade por trás da máscara.

O corredor está silencioso e sem vida alguma, apenas sussurros vindo do refeitório podem ser ouvidos a longe. Nada além disso.

- Esse é o trabalho? - ele não parece ter gostado de saber. - Não posso fazer.

- Como é que é? Posso saber por que?

- Porque não quero. - responde de forma ríspida.

- Não quer fazer o trabalho comigo é isso?

- Não foi isso que eu disse. - ele se move abruptamente se afastando mais de mim.

Ele está me escondendo algo. Consigo sentir em sua energia. E sua maneira de se afastar de mim do nada.

- Só não dar. Não vou fazer esse trabalho.

- Eu prefiro respostas mais diretas. - resmungo revirando os olhos. - E a verdade também.

- Não gosto de compartilha da minha vida com desconhecidos. Muito menos quem não confio. - sua voz fica ainda mais ríspida. - Depois falo com a professora se posso fazer um trabalho sozinho.

Through the Crows [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora