Capítulo 6

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O caminho era longo. Tive que ouvir as histórias de Nora. Basicamente era muito chatinha.

Ela gesticulava com as mãos e revirava os olhos, o que acabava me deixando agoniada.

-Nora, suas histórias são incríveis, mas eu sinceramente prefiro me concentrar no caminho.

-Me sinto uma inútil agora.

Olhei para ela com desdém.

-Acho que nessa festa vai ter muito pudim. Olha pelo lado bom, se não ficar bêbada com vodka ou sei lá o que, vai se empanturrar de pudim.

Ela solta uma risada engraçada.

-Certinho Grace.

O carro parou e nós saímos.

O espaço estava lotado. Pessoas bebendo e conversando. Todos de branco.

O sino tocou e eles focaram os olharem em mim e em Nora. Logo percebi que os outros já haviam chegado.

-Vocês deverão andar e conversar com todos. Ter aliados ajuda na escolha. -disse o motorista do nosso carro.

Os outros entraram. Fui logo atrás de Nora. É difícil se concentrar em onde deve andar com vários olhos me observando.

Todos ficamos lado a lado. Um homem, também de branco, com o microfone se posicionou de costas para nós.

-Meus caros, há muitos anos, a guerra acabou com tudo o que construímos. Demorou muito, mas aqui estamos. Estabelecemos um sistema justo e digno de celebração. A Colheita é uma oportunidade que damos para aqueles que não tem muito na vida. Nós lamentamos muito a perda de Lewis. Ele era um dos pilares para o funcionamento da nossa sociedade. Essa Colheita, não será apenas especial, significará o reestabelecimento da nossa sociedade.

Esse cara sabe enfatizar.

Ele se virou para nós e voltou a falar.

-Dêem o seu melhor. O sucesso está nas mãos de vocês. Resta saber quem não vai deixar ele escapar.

As outras pessoas aplaudiram ele. Assim como os outros escolhidos. Eu e Nora ficamos paradas. Apenas trocando olhares.

-Divirtam -se, porque amanhã será o início de uma nova vida para todos vocês.

Mais aplausos.

Depois desse discurso, todos foram comer e beber. Percebi que Nora atacou uma bandeija de empadas.

Eu estava bebendo um refrigerante. E conversando com Garrett Maiden.

Nomezinho estranho. Falou a garota que se chama Celinne Grace.

Estávamos no meio de uma conversa quando Benjamin surgiu atrás de Garrett.

-Com licença, será que eu poderia roubar a senhorita Grace por um instante? - perguntou Benjamin com as mãos nos ombros de Garrett.

-Claro.

Ele se retirou e Benjamin me lançou um olhar que me fez rir.

-Você não deveria ter feito isso. -falei

-Queria conversar com você e esse cara não saia. Tive que perguntar o nome dele para pedir que ele fosse embora com o máximo de educação.

Sorri.

-Então... Celinne Grace, qual seu passatempo predileto?

-Ficar observando os outros. Pelo menos aqui.

Deu pra ver que ele não estava satisfeito com essa resposta.

-Cor favorita? Comida favorita? Desenho animado favorito?

-Preto. Com certeza macarrão. Não tenho desenho favorito. Gosto de todos.

-Sério isso? Tem que ter algum favorito. Aquele que você não consegue desgrudar os olhos da TV.

-Acho que...Coragem, o cão covarde.

Ele começou a rir.

-Eu amo esse desenho. Acho que você poderia aparecer no meu apartamento para assistir comigo.

Eu olhei para ele com raiva.

-Não obrigada. Prefiro ficar no meu alojamento sem fazer nada

-Escolha sua.

-Você...

-Fala .

-Esta tentando extrair uma pedra onde só tem areia.

-Como assim?

Antes que eu pudesse responder, Garrett voltou e chamou Benjamin.

-Acho que o papo de vocês já durou tempo demais.

Benjamin revirou os olhos, o que instantaneamente me fez rir.

-Até depois senhorita Grace. -ele se despediu

-Espero que não.

Ele saiu aos risos. Vi que foi conversar com Nora.

-Estavam falando sobre o que? -Garrett estava tentando puxar assunto.

-Nada demais. E você?

-Acho que se a gente for por aí, nossa conversa vai ser a coisa mais chata do mundo.

Depois de muita conversa, um sino começou a tocar. Harry estava com o microfone desta vez. Todos se posicionaram para ouvir suas palavras.

-Quero agradecer a presença de todos vocês. Principalmente dos escolhidos. Continuem desfrutando da comida e da bebida.

Achei que seria uma coisa mais importante.

Escutei gritos. Todos escutaram.






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