Não consegui dormir, então resolvi descer para a arena de treinamento.
A arena estava escura e vazia. Comecei a socar o saco de pancadas. Eu estava mandando bem até um barulho me distrair.
Resolvi continuar e ignorar o barulho. Mas isso foi impossível. A cada soco que eu dava, o som ficava mais alto. Quando me virei, vi Garrett batendo um ferro no ringue.
-Que susto Garrett! O que faz aqui?
-Eu sou o treinador de amanhã. Estava só conhecendo o local. Pelo visto você quer matar alguém.
Sorri.
-Estou bem.
-Vi as anotações. Seu desempenho físico não é dos bons. Mas sua nota em economia está muito boa, enquanto a de sua amiga apenas cai.
Uma preocupação tomou conta do meu coração. Preciso ajudar Nora.
-Estatísticas confundem ela.
Ele sorriu
-Vamos lutar?
-Não obrigada. Você é muito mais forte que eu. Já fui derrubada uma vez. Não foi muito legal.
-Não vou te derrubar. Você tenta me dar socos, e eu desvio. É um treinamento bem mais produtivo. E o saco de pancadas não sofre tanto.
-Não.
-Tudo bem. Você soube da mudança de horário?Olhei para ele confusa.
-O que?
-Eu mudei os horários. Acrescentei coisas também. Para andar mais rápido com o primeiro estágio.
-Quero que os testes físicos acabem logo.
-Se você não gosta do físico, com certeza vai odiar o mental.
-Como assim?
Ele caminhou em minha direção até o saco de pancadas ficar entre nós.
Garrett tinha olhos negros. Cabelos escuros. Braços fortes. Aposto que consegue acabar com alguém com apenas um soco.
-O teste físico é mais intenso. Ele brinca com sua capacidade mental. Eu lembro dos testes da Colheita passada.
-Como foram? Difíceis?
-Praticamente impossíveis. Eles tinham que adivinhar ilusões.
-O que?
-Tudo começa com vocês fechados em uma área coberta. Eles lançam um gás que confunde sua mente. Te faz ver coisas. O real acaba se tornando distante.
-Eles viam pessoas tentando matá-los?
-Mais ou menos. Eles enxergam uma ameaça. E o que fazemos quando nos sentimos ameaçados?
Engoli em seco.
-Matamos?
-Exatamente. Benjamin matou todos porque só conseguia enxergar o pai.
Achei melhor não perguntar. Apenas continuei dando socos no saco de pancadas.
Dei um soco. E esqueci totalmente que Garrett estava no caminho.
-Au!
Eu comecei a rir.
-Me desculpa Garrett. Esqueci que você estava aí.
O nariz dele estava sangrando.
Ele sentou no banco e começou a colocar o dedo na esperança de limpar o sangue.
-Podemos dizer que você conseguiu tirar meu sangue.
Eu sorri.
-Me desculpe. -disse, sentando ao seu lado.
-Não foi sua intenção.
Seus olhos encontraram os meus.
Ele deu um leve sorriso e se levantou do banco.
-Você não treinou muito. Precisa melhorar.
-Calado. Ou seu nariz vai ganhar mais pancada.
-Você me pegou desprevenido. Da próxima, vou estar super alerta.
Eu comecei a rir.
-Cuidado.
Ele acenou e foi embora. Assim que ele deixou a arena, Nora saiu de dentro do armário de equipamentos.
Levei um susto.
-Nora! Estava espionando?
-Na verdade, estava cuidando de você. Garrett me parece legal, mas o Benjamin com certeza ganha.
-Se você não parar, não vou fazer seu nariz sangrar, vou arrancar ele.
Nora fez cara de tédio.
-Aliás, eu comi o restante da lasanha.
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Soberania de Ferro
RandomHá muitos anos após a guerra,o governo dos Estados Unidos decidiram criar uma divisão social. De um lado, os pobres que vivem em péssimas condições e do outro a elite que vive na conforto. Sabendo que a população mais pobre poderia se rebelar e c...