Capítulo 10

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Não consegui dormir, então resolvi descer para a arena de treinamento.

   A arena estava escura e vazia. Comecei a socar o saco de pancadas. Eu estava mandando bem até um barulho me distrair.

  Resolvi continuar e ignorar o barulho. Mas isso foi impossível. A cada soco que eu dava, o som ficava mais alto. Quando me virei, vi Garrett batendo um ferro no ringue.

  -Que susto Garrett! O que faz aqui?

  -Eu sou o treinador de amanhã. Estava só conhecendo o local. Pelo visto você quer matar alguém.

  Sorri.

 -Estou bem.

 -Vi as anotações. Seu desempenho físico não é dos bons. Mas sua nota em economia está muito boa, enquanto a de sua amiga apenas cai.

  Uma preocupação tomou conta do meu coração. Preciso ajudar Nora.

  -Estatísticas confundem ela.

  Ele sorriu

  -Vamos lutar?

  -Não obrigada. Você é muito mais forte que eu. Já fui derrubada uma vez. Não foi muito legal.

 -Não vou te derrubar. Você tenta me dar socos, e eu desvio. É um treinamento bem mais produtivo. E o saco de pancadas não sofre tanto.

 -Não.
 
 -Tudo bem. Você soube da mudança de horário?

  Olhei para ele confusa.

  -O que?

  -Eu mudei os horários. Acrescentei coisas também. Para andar mais rápido com o primeiro estágio.

 -Quero que os testes físicos acabem logo.

  -Se você não gosta do físico, com certeza vai odiar o mental.

  -Como assim?

  Ele caminhou em minha direção até o saco de pancadas ficar entre nós.

   Garrett tinha olhos negros. Cabelos escuros. Braços fortes. Aposto que consegue acabar com alguém com apenas um soco.

  -O teste físico é mais intenso. Ele brinca com sua capacidade mental. Eu lembro dos testes da Colheita passada.

  -Como foram? Difíceis?

  -Praticamente impossíveis. Eles tinham que adivinhar ilusões.

  -O que?

  -Tudo começa com vocês fechados em uma área coberta. Eles lançam um gás que confunde sua mente. Te faz ver coisas. O real acaba se tornando distante.

  -Eles viam pessoas tentando matá-los?

  -Mais ou menos. Eles enxergam uma ameaça. E o que fazemos quando nos sentimos ameaçados?

   Engoli em seco.

  -Matamos?

 -Exatamente. Benjamin matou todos porque só conseguia enxergar o pai.

  Achei melhor não perguntar. Apenas continuei dando socos no saco de pancadas.

   Dei um soco. E esqueci totalmente que Garrett estava no caminho.

  -Au!

  Eu comecei a rir.

  -Me desculpa Garrett. Esqueci que você estava aí.

  O nariz dele estava sangrando.

  Ele sentou no banco e começou a colocar o dedo na esperança de limpar o sangue.

   -Podemos dizer que você conseguiu tirar meu sangue.

  Eu sorri.

  -Me desculpe. -disse, sentando ao seu lado.

  -Não foi sua intenção.

   Seus olhos encontraram os meus.

   Ele deu um leve sorriso e se levantou do banco.

  -Você não treinou muito. Precisa melhorar.

  -Calado. Ou seu nariz vai ganhar mais pancada.

  -Você me pegou desprevenido. Da próxima,  vou estar super alerta.

   Eu comecei a rir.

  -Cuidado.

  Ele acenou e foi embora. Assim que ele deixou a arena, Nora saiu de dentro do armário de equipamentos.

   Levei um susto.

  -Nora! Estava espionando?

  -Na verdade, estava cuidando de você. Garrett me parece legal, mas o Benjamin com certeza ganha.

  -Se você não parar,  não vou fazer seu nariz sangrar, vou arrancar ele.

  Nora fez cara de tédio.

  -Aliás, eu comi o restante da lasanha.

 

 

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