Hellcife

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Pettróts sempre passou grande parte de sua vida liso, com isso quero dizer que nunca teve dinheiro suficiente para os afazeres da vida. Ele sempre saiu de situações difíceis na base do diálogo e nunca ia para algum lugar que gastasse mais do que 11 reais. Afinal ele era Pettróts Sabugueiro, um Super Cineasta.

Estranhamente ele sempre acabava com aquela quantia, caso não gastasse, nunca ganhava mais, caso o fizesse, a exata quantia que perdeu lhe voltava. Nunca 10, não 9, não 6. Apenas 11 reais; e certamente nunca mais.

Ele até morava de favor na casa de Criolis BomNasPartes, seu miguxo. Criolis era enfermeiro, trabalhador respeitável. De vez em sempre era um trabalho meio maçante: limpar merda de velho nunca foi muito legal, e Criolis nunca falava muito do trabalho, o que era maravilhoso. Eram uma dupla engraçada, eles dois. Um reservado, quieto -- Criolis -- e o outro -- Obviamente Pettróts -- um niilista pobretão.

Pettróts era alto, 1.87m, cabelos longos cacheados. Castanho muito claro, beirando ao louro. Eles eram livres e soltos, dividindo-se na metade e caindo até seus ombros. Barba sempre feita. Usava roupas largadonas, moletons e camisas sem marca. Era branco, e seus olhos espelhavam as cores dos cabelos. Cineasta padrão.

Criolis em outra mão, era o que todo homem gostaria de ser: alto, moreno, também com 1.87m -- coincidência ligeiramente fenomenal -- e tinha cabelos negros, por exceção de muitos fios brancos em sua curta cabeleira. Não me entenda errado, supostamente o cabelo é preto, mas possui tantos fios brancos que não me surpreenderia alguém dizer branco com fios negros. Ele era estiloso como só ele poderia, as roupas sempre emanavam um senso cordial e sociável. Enfim, um homão da porra.

Pettróts Sabugueiro, como todo bom cineasta, sempre estava a aventurar-se nas ruas da sua cidade, nesse caso o Recife. Todas as suas expedições eram mais magníficas que as anteriores, e Sabugueiro adorava conhecer figuras escrotas. E era justamente uma das coisas mais fáceis de se achar na vida.

Dessa vez era diferente, ele tentava produzir um novo projeto, e para isso precisaria angariar pessoas para o tal. Então Pettróts arrastou Criolis para um bar, para falar com Jonguévski.

Até que o bar estava movimentado. Algumas mulheres, uns homens; tudo supimpa. Alguns cansados, outros com cara feia por terem namoradas ou namorados feios. Criolis, sendo o BomNasPartes que ele era, rapidamente conquistou o coração de todas as mulheres, -- e alguns homens. Simultaneamente a essa atração que todos sentiram por Criolis, Pettróts resmungou algo pra si, provavelmente falando como a vida era triste e todos deveriamos morrer.

Ao usar a sua magia, a sala ficou completamente silenciosa, com exceção de um único som, um sonoro tapa. Um estalo gigante. Podia-se ver a vítima do tapa com o rosto parcialmente vermelho, e a moça que o transferira babando e fitando Criolis.

Esse homenzinho era Jonguévski.

Jonguévski Deprêssilvo: tinha uma cara de adolescente fracassado, beirando ao estagiário mal-pago. Nariz ligeiramente pontudo, 1.76m cabelos muito curtos e castanhos, e um sorriso malicioso de malandrão. Uma coisa engraçada sobre Jonguévski era que ele não tinha pelos sem ser na nuca -- cabelo --, de resto ele era liso, nada nas axilas, nada nas pernas e braços. O filho da puta mal tinha sobrancelhas. Nunca me aventurei por além-do-visível por enquando que ele estava com short, mas imagino que a regra se aplica em absoluto.

Jonguévski encarava Criolis com desdém.

-- Dale bando de puto! - disse Jonguévski.

Histórias Fantásticas De Um Jovem DepravadoOnde histórias criam vida. Descubra agora