O Consultório

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Sentado, eu espero uma consulta
Não encaro as pessoas
Pois seria uma má-conduta

Olho apenas para frente
Até que uma ideia acaricia-me a mente
Meu caderno resplandece
Abro as páginas
Mas criatividade apodrece

"Não!" Urro eu
"O que houve, espelho meu?
Avidamente prolixo és
Porém, ao focar-me, causas revestres"

"Vá pra puta que a pariu!
Demônia! Mente vil!
Em meio ao sofrimento não desligas!
E durante não acabam-lhe as pilhas!"

Olho então para moça ao lado
A de cabelos encaracolados
À mente: ideias mil
Um pensamento sugestivo
Quem sabe até vil

Imagino-me tocando-lhe o corpo
Beijando-lhe o pescoço
Conter-me quero
"Seria má-conduta!"
Eu digo
E me desespero

Ela me toca, eu me surpreendo
Percebo aquele rosto rosado
Realmente me querendo

Aquela jovem comedida
Encarando-me a alma, insandecida
Mordendo seus lábios prestes
E já levantando suas vestes

Beijamos-nos bem ali, os paspalhos
Tornando-nos um, caímos no assoalho
Mordendo-lhe o pescoço, gargalho:
"Saiam daqui! Deêm-nos espaço!"

Do consultório: saíram todos
E, juntos, achamos o torpor
Em nossos olhos arde o fogo
Aquele lá, chamado amor.

Histórias Fantásticas De Um Jovem DepravadoOnde histórias criam vida. Descubra agora