O Mestre do Oceano

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O velho monge sorriu para mim, enquanto eu o olhava boquiaberta. Felizmente o Sr. Kadam veio em meu socorro e, com delicadeza, me guiou até uma das mesas.

Kishan já estava comendo, sem se incomodar se eu tinha passado vergonha. Era de se esperar. Os tigres só pensam em duas coisas: comida e garotas.

Em geral nessa ordem.

O Sr. Kadam pousou minha tigela sobre a mesa e puxou uma cadeira para mim. Sentei-me e mexi meu iogurte, enquanto observava disfarçadamente o velho enrugado. Ele cantarolava baixinho, continuando a encher o prato item a item. Quando terminou, sentou-se à minha frente, sorriu e se pôs a comer ovos mexidos.

O Sr. Kadam comeu em silêncio. Kishan voltou ao bufê e tornou a encher o prato. Mantive-me em silêncio e tomei meu suco.

Estava nervosa demais para comer e não sabia se era adequado falar ou fazer perguntas, então apenas imitei o Sr. Kadam.

Muito tempo depois de nós três terminarmos o café da manhã, ainda observávamos o Mestre do Oceano comer, levando à boca lentamente uma pequena porção de cada vez e mastigando de forma metódica. Quando por fim terminou, limpou a boca e disse:

— Sabem, minhas lembranças prediletas de minha mãe são de vê-la enrolando os fios para tecer, de ajudá-la a cuidar das ovelhas e a mexer o mingau do café da manhã. Sempre me lembro dela quando faço essa refeição.

O Sr. Kadam assentiu, prudentemente. O Mestre do Oceano olhou para mim e sorriu.

Torcendo para que não houvesse problema em falar, perguntei:

— Então o senhor cresceu numa fazenda? Pensei que os Lamas nascessem para ser Lamas.

Ele voltou a cabeça em minha direção e respondeu alegremente:

— Sim é a resposta a ambas as perguntas. Meus pais eram fazendeiros pobres que cultivavam alimentos para o próprio sustento e vendiam o pouco que sobrava no mercado. Minha mãe era uma tecelã que fazia lindos tecidos. Meus pais me deram o nome de Jigme Karpo. Na época não sabiam quem eu era. Tive que ser encontrado.

— Encontrado por quem?

— O regente está sempre procurando reencarnações de Lamas. Normalmente ele tem uma visão que lhe mostra onde encontrar a nova encarnação de certa pessoa e manda um grupo de busca. No meu caso, sabiam que deviam procurar um sítio localizado numa colina com uma roseira alta crescendo ao lado do poço. Depois de perguntar nos arredores, encontraram minha casa e souberam que

aquele era o lugar certo. Itens de Lamas anteriores foram trazidos e apresentados a mim. Peguei um livro que pertenceu ao Mestre do Oceano anterior, O grupo de busca sentiu-se confiante, então, de que eu era a reencarnação daquele Lama. Eu tinha 2 anos.

— E o que aconteceu com o senhor depois?

O Sr. Kadam interrompeu e deu um tapinha na minha mão.

— Estou curioso também, Srta. Kelsey, mas talvez ele tenha pouco tempo para nós e devamos nos concentrar em outros assuntos.

— Ah, desculpe. Eu me deixei levar pela curiosidade.

O Mestre do Oceano se inclinou para a frente e agradeceu aos monges que limpavam a mesa.

— Tenho alguns minutos para responder à sua pergunta, minha jovem. Resumindo, fui levado da minha família e teve início minha formação com um velho e gentil monge. Minha mãe teceu o material para a minha primeira veste marrom. Então comecei a formação como um monge noviço e rasparam minha cabeça. Mudaram meu nome e recebi uma educação maravilhosa em todas as áreas, incluindo arte, medicina, cultura e filosofia. Todas essas experiências me transformaram no homem sentado à sua frente. Isso responde à sua pergunta ou minha explicação gerou várias outras perguntas?

O Resgate do TigreWhere stories live. Discover now