Capítulo Um

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"Bem-vinda a Pegasus, alteza"

    Ao ouvir uma dama da corte comentar com um dos empregados que o príncipe queria chá, me preparei para levá-lo. Arrumei os fios dourados que caiam em meu rosto e coloquei o necessário na bandeja para levar à Biblioteca Real. Atravessei a cozinha com dificuldade, pois havia grande quantidade de cozinheiras atarefadas, todavia consegui chegar ao corredor principal. Dois guardas estavam na porta intervindo as pessoas que entravam no cômodo seguinte do castelo, que se encontrava a realeza de Pegasus. Respirei fundo e ajeitei minha postura ao me aproximar dos homens fardados, com grandes lanças e armaduras, as quais tinham o símbolo do reino cravados no peitoral. Um pégaso, um cavalo alado branco reluzia no metal.

  — Bom dia, Alteza! O príncipe já está a espera do seu chá. — o homem do lado esquerdo faz uma reverência e fala gentilmente, mas sem deixar transparecer qualquer expressão. Seu rosto era marcado pelo tempo e algumas cicatrizes eram notáveis perto de suas rugas dos olhos, queixo e nariz. Marcas que mostravam as batalhas que ele já enfrentara. Seus olhos negros e sem brilho eram a prova viva da minha análise.

  — Obrigada, caro senhor. — retribuo a gentileza dele, sorrindo agradecida — A madame Anastásia mandou avisar que o almoço estará pronto em breve.

    Ele assente e logo abre a porta para que eu possa entrar. Ao entrar no cômodo com várias estantes de livros, com ramais que pareciam um labirinto, tento ver vossa alteza em meio as brechas que as grandes estantes de madeira ficavam. Logo vejo o príncipe sentado lendo um livro. Concentrado, com expressão de indignação por algo que parecia estar acontecendo em seu conto. Os meus batimentos martelavam em meus ouvidos, fazendo os sons ao redor não parecerem existir, apenas o barulho do meu coração e minha respiração irregular. Começo a andar devagar, com medo da minhas pernas me traírem, ando por alguns segundos, até que ele nota minha presença, levanta seu rosto e fixa o seu olhar em mim, fechando o seu livro e depositando o mesmo na mesa, logo em seguida. O príncipe me encara até eu chegar perto dele. Ele fica me seguindo com o olhar, enquanto deposito a bandeja em cima da mesa, faço uma breve reverência e começo a servi-lo. Quando termino, ele me encara com seus olhos cálidos, como se eu houvesse feito algo errado.

  — Eu ainda não entendi o porquê de você está me servindo. — seu olhar fica severo. Um silêncio se estabelece pelos corredores das grandes estantes cheias de livros, enquanto o olho fixamente, sem saber direito o que falar. Apenas processando as palavras que saíram de sua boca.

  — Eu gosto de ajudar as damas em suas tarefas, vossa Alteza. — respiro fundo e falo, já me sentando na cadeira que estava de frente para ele, seus olhos esverdeados observam atentamente todos os meus movimentos, sem deixar escapar nenhum despercebido — E também, não se tem muito o que fazer neste grande palácio. Cansei de ficar sem fazer nada.

  — Acredito que tenham centenas de coisas para fazer, ao invés de ficar me servindo chá, Aurora.

  — Kirdec, você sabe que isso não é um problema. — suspiro e o encaro, fazendo com que nossos olhares se encontrem e logo em seguida, ele desvie para a xícara de chá que está em sua mão — Estou apenas tentando me distrair e principalmente buscando algo que distancie os meus pensamentos de Celestia.

    Ele então, deposita a xícara na mesa, fica de pé e caminha com veemência em minha direção. Para ao meu lado e estende sua mão, para que eu a aceite de bom grado. Fico em pé de frente para ele. Kirdec sorri gentilmente, antes de pôr uma de suas mãos em minha bochecha. Seus dedos eram macios e estava fazendo movimentos circulares no meu rosto. Por instinto, foco minha atenção nos detalhes da blusa do príncipe. As costuras pareciam diminuir meu nervosismo, principalmente porque se eu olhasse para cima, iria me perder na imensidão verde dos olhos do príncipe Kirdec Osbourne. Ele por sua vez, se adianta e coloca seu dedo indicador em baixo do meu queixo, forçando-me a olhar para cima. Seu sorriso torto era tão bonito quanto as ruguinhas que se formaram quando ele sorriu, seu cabelo estava tão bem penteado que nenhum fio parecia ousar sair do lugar.

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