"Ó, Deus, provei de tua bondade, e ela tanto me satisfez quanto me fez desejar por mais. Tenho a dolorosa consciência de minha necessidade de mais graça. Envergonho-me de minha falta de desejo. Ó, Deus, trino Deus, quero desejar-te; anseio por ansiar-te por inteiro; estou sedento de mais sede de ti. Mostra-me a tua glória, peço-te, para que eu possa te conhecer de fato. Por tua misericórdia, inicia dentro de mim uma nova obra de amor. Dize à minh'alma: "Manifesta o meu amor, amada minha, e vem comigo". Então, dá-me graça para me erguer e te seguir desde essa planície escura por onde tenho vagado há tanto tempo". A.W. TOZER, À procura de Deus, Belo Horizonte: Betânia, 1985
Você já conheceu alguém completa e desesperadamente apaixonado por Jesus? Eu já. Clara, a avó de minha esposa.
Falei durante o velório de vovó Clara, e pude dizer com toda a honestidade às pessoas ali presentes que eu nunca conhecera ninguém mais ansioso por ver Jesus. Toda manhã, Clara se ajoelhava ao lado da cama e passava horas preciosas com seu Salvador amado; no fim do dia, apenas a visão daquele canto de sua cama provocava lágrimas de alegria e uma profunda expectativa em relação à manha seguinte e à oportunidade de se ajoelhar na presença do Senhor.
A vovó Clara fazia com Deus o mesmo que fazemos com as pessoas por quem estamos loucos de amor.
Quando você está mesmo amando alguém, percorre grandes extensões para estar ao lado dessa pessoa amada. Vocês serão capazes de dirigir durante horas para estar juntos, mesmo que seja por um período de tempo muito breve. Não tem problema ficar acordado até tarde da noite, esperando para conversar. Caminhar sob a chuva é romântico, e não desagradável. Você está disposto a gastar uma pequena fortuna com a pessoa a quem ama. Quando os dois estão longe, o coração dói e até se entristece. Você só consegue pensar nela, e pula de alegria quando os dois têm uma oportunidade de ficar juntos.
No livro God is the Gospel [Deus é o evangelho], John Piper pergunta, essencialmente, se amamos Deus.
A pergunta crucial para nossa geração - e para todas as demais - é esta: se você pudesse ter o paraíso, sem doenças e com todos os amigos que já teve na terra, e todas as comidas das quais gosta, e todas as atividades de lazer que aprecia, e todas as belezas naturais que contemplou, e todos os prazeres físicos que experimentou, e nenhum conflito humano ou desastre natural, se satisfaria com tudo isso, caso Cristo não estivesse nesse paraíso? Wheaton: Crossway, 2005, p. 15.
Quantos leitores deste livro leriam essas palavras e diriam: "Sabe, eu ficaria bem em um lugar assim!"? Se você ama Deus de um modo tão profundo quanto a vovó Clara amava, sabe que jamais se satisfará com um paraíso sem Cristo.Não force a barra
Meu receio ao escrever o capítulo anterior foi que ele só despertasse em você o medo e a culpa. A experiência pessoal me ensinou que as ações movidas pelo medo e pela culpa não constituem um antídoto para a vida morna, egoísta e displicente. Em vez disso, espero que você se conscientize de que a resposta é amor.
A vovó Clara costumava dizer: "Amo o amor". Não é isso que acontece com todos nós? Não ansiámos todos por amor? E não é isso que Deus deseja de nós - que desejemos ardentemente esse relacionamento com ele e todos os relacionamentos baseados em amor genuíno? Não é isso que promove a glória do Senhor - cristãos que desejam Deus, e não meros escravos que o servem por obrigação?
Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; ao contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor. Toda a Lei se resume num só mandamento: "Ame o seu próximo como a si mesmo". Gl 5:13-14
Você entende o que essa passagem diz? Quando amamos, somos livres! Não temos de nos preocupar com uma carga penosa de mandamentos, pois, quando amamos, não podemos pecar. Você se sente livre em sua vida cristã?
No mesmo capítulo, Paulo escreve: "Porque em Cristo Jesus nem circuncisão nem incircuncisão têm efeito algum, mas sim a fé que atua pelo amor" (v. 6). Será que você vive para amar seu
Deus - e, por extensão, as pessoas? É isso que ser um cristão significa para você? Você vive como se a fé, manifestada por meio do amor, realmente fosse a única coisa que importa?
Durante muito tempo, eu não fazia isso, com certeza. E a maioria das pessoas que eu conhecia tinha o mesmo problema.
Com freqüência, há uma grande disparidade entre como nos sentimos em relação à fé e como deveríamos nos sentir. Por que tão poucas pessoas encontram alegria e prazer genuínos em seu relacionamento com Deus? Por que a maioria delas sente que precisa retribuir a Deus por todas as coisas que ele fez por amor ou, de alguma maneira, continuar compensando suas inadequações e falhas (provar que ama)? Por que as palavras do salmo 63:1-5 não são um reflexo sincero de nossa vida, de maneira geral?
Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo
o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água. Quero contemplar-te no santuário e avistar o teu poder e a tua glória. O teu amor é melhor do que a vida! Por isso os meus lábios te exaltarão. Enquanto eu viver te bendirei, e em teu nome levantarei as minhas mãos. A minha alma ficará satisfeita como quando tem rico banquete; com lábios jubilosos a minha boca te louvará.
Viver de uma maneira morna e usar o nome de Cristo ao mesmo tempo é absolutamente odioso para Deus. E se formos sinceros, devemos admitir que isso também não chega a ser muito gratificante nem motivo de alegria para nós.
Entretanto, a solução não é forçar a barra, errar e, em seguida, fazer promessas ainda maiores que serão quebradas novamente. Não faz bem algum tentar acumular amor por Deus, ou seja, se condicionar a amá-lo mais. Quando esse amor pelo Senhor se torna uma obrigação - uma das tantas coisas que temos de fazer -, acabamos nos concentrando ainda mais em nós mesmos. Não é de admirar que tão poucas pessoas queiram ouvir o que nós mesmos encaramos como uma tarefa chata, imposta pela culpa.
Como escrevi no capítulo anterior, somos chamados para render tudo a Cristo - um conceito que não empolga muito a maioria das pessoas que freqüentam a igreja. Sendo assim, o que está faltando? O que há de errado com esse quadro? Estamos tentando nos convencer de que realmente é possível amar Deus, e que isso é mais gratificante que todas as outras coisas? Não acredito nisso.
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Louco Amor
RomanceO cupido... Faz parte de qualquer relacionamento. A intensidade e a vibração dos primeiros momentos aos poucos são tomadas pela rotina e o que antes era uma feliz dependência torna-se um fardo, quando não, a cínica indiferença para com o outro. Infe...