Você poderia morrer antes de terminar de ler este capítulo. Eu mesmo poderia morrer durante sua leitura. Ainda hoje. A qualquer momento.
É fácil pensar no dia de hoje como um dia qualquer; um dia comum, no qual você passa pela vida se preocupando apenas com sua lista de afazeres, ocupando-se com os compromissos agendados, concentrando-se apenas na família e pensando em seus desejos e suas necessidades.
Em um dia comum, vivemos em função de nós mesmos. Em um dia comum, não damos tanta atenção a Deus. Em um dia comum, esquecemos que a nossa vida é, na verdade, como um vapor.
Contudo, não há nada de normal no dia de hoje. Comece pensando em todas as coisas que precisam funcionar direitinho apenas para a sua sobrevivência. Por exemplo, seus rins. As únicas pessoas que realmente pensam a respeito dos rins são aquelas que enfrentam problemas renais. A maioria de nós não se preocupa muito com os rins, com o fígado, com os pulmões e outros órgãos internos dos quais dependemos para continuar a viver.
E que tal dirigir pela estrada a oitenta quilômetros por hora, passando a poucos metros ou centímetros de distância dos carros que trafegam em direção oposta e na mesma velocidade? Bastaria apenas um movimento errado de braço de um desses motoristas para matar você. Não acho que esse seja um pensamento mórbido, mas uma realidade.
E uma loucura pensar que o dia de hoje é um dia normal, no qual podemos fazer o que bem entendermos. Tiago escreve:
Ouçam agora, vocês que dizem: "Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro". Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Tiago 4:13-14
Quando pensamos a respeito disso, ficamos meio constrangidos. No entanto, mesmo depois da leitura desses versos, você acredita mesmo que sua vida pode se dissipar a qualquer momento? Que pode morrer ainda hoje? Ou será que, em vez disso, você se sente uma pessoa invencível?
Frederick Buechner escreveu: Intelectualmente, todos nós sabemos que vamos morrer, mas não temos, de fato, essa noção no sentido de que esse conhecimento se torne parte de nosso ser; não temos essa noção no sentido de viver como se a morte fosse uma realidade. Pelo contrário, nossa tendência é viver como se nossa vida fosse durar para sempre. The Hungering Dark, Nova York: HarperOne, 1985, p. 72.Estresse justificado?
Nunca tive nenhum problema de coração até dois anos atrás, quando comecei a sentir algumas palpitações. Com o tempo, elas se tornaram mais freqüentes, e isso me preocupava.
Por fim, contei à minha esposa.
No caso de alguma coisa acontecer comigo, não queria que fosse um choque total. Ela sugeriu que eu procurasse o médico, mas resisti porque sou teimoso e costumo agir assim.
Sabe, quando fui honesto comigo mesmo, descobri qual era meu problema: eu estava abalado por um forte estresse. Era época de Natal, e eu tinha de cuidar de um monte de coisas e me preocupar com elas.
Na véspera de Natal, o problema se intensificou de tal maneira que avisei à minha mulher que procuraria o pronto-socorro logo depois do culto. No entanto, durante o culto, coloquei todas as minhas preocupações e meu estresse diante de Deus. Os sintomas foram desaparecendo pouco a pouco, e nunca fui ao médico.
Eu costumava acreditar que, neste mundo, há dois tipos de pessoas: aquelas que, por natureza, se preocupam com tudo e aquelas que levam a vida na maior naturalidade e alegria.
Eu não podia evitar: fazia parte do primeiro grupo. Sou aquele tipo de pessoa que resolve problemas, por isso tenho de me concentrar nas coisas que precisam de conserto. Deus sabe que essa minha intensidade e a ansiedade estão diretamente relacionadas com o trabalho ministerial. Eu me preocupo porque levo esse trabalho a sério.
Certo?
No entanto, é nesse momento que surge aquela ordem desconcertante: "Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se!" (Fp 4:4). Você vai perceber que ele não termina com: "... a não ser que estejam fazendo alguma coisa muito importante". Não. Trata-se de uma ordem para todos nós, e é seguida da orientação: "Não andem ansiosos por coisa alguma" (v. 6).
Aquilo me surgiu como uma revelação extraordinária, mas o que entendi depois foi ainda mais fantástico.
Quando me sinto consumido por meus problemas — estressado por causa de minha vida, de minha família e de meu trabalho —, na verdade estou carregando a crença de que as circunstâncias são mais importantes que a ordem de Deus de me alegrar sempre. Em outras palavras, passo a acreditar que tenho certo direito de desobedecer a Deus por causa da dimensão de minhas responsabilidades.
A preocupação significa que não confiamos tanto assim que Deus seja suficientemente grande, poderoso ou amoroso para cuidar do que está acontecendo em nossa vida.
O estresse denuncia que as coisas nas quais estamos envolvidos são tão importantes a ponto de merecer nossa impaciência, nossa falta de delicadeza em relação aos outros ou nossa incapacidade de manter o controle.
Basicamente, esses dois comportamentos demonstram que consideramos natural o pecado e a falta de confiança em Deus porque as coisas da vida são, de alguma forma, excepcionais. Tanto a preocupação quanto o estresse cheiram a arrogância. Eles denunciam nossa tendência de esquecer que fomos perdoados, que nossa vida aqui é muito breve, que estamos a caminho de um lugar onde nunca mais nos sentiremos a sós, temerosos ou magoados, e que, no contexto da força de Deus, nossos problemas são pequenos, de fato.
Por que temos tanta facilidade para nos esquecer de Deus? Quem pensamos que somos?
Eu me vejo reaprendendo essa lição o tempo todo. Embora tenha um vislumbre da santidade de Deus, ainda sou tolo o suficiente para esquecer que a vida tem tudo que ver com Deus, e não comigo, de jeito nenhum.
Funciona mais ou menos assim...
Suponhamos que você seja figurante de um filme que está em fase de produção. E provável que fique procurando aquela cena única, na qual centenas de pessoas estão circulando como baratas tontas à espera da fração de segundo em que conseguem distin- guir sua nuca. Talvez sua mãe e seus melhores amigos fiquem entusiasmados com aquela aparição tão rápida... talvez. No entanto, ninguém mais perceberá que é você quem está ali. Mesmo que fiquem sabendo, não se importarão com isso.
Vamos dar um passo adiante. E se você alugasse o cinema na noite de estréia e convidasse todos os seus amigos e sua família para ver o novo filme, dizendo que é sobre sua vida? As pessoas diriam: "Deixe de ser idiota! Por que você acha que esse filme é sobre sua vida?".
Muitos cristãos são ainda mais iludidos que a pessoa a quem acabo de descrever. Muitos de nós pensamos e vivemos como se fôssemos o tema do filme da vida.
Agora, pare e pense sobre o filme da vida...
Deus cria o mundo. (Você estava vivo na época? Será que Deus estava falando com você quando proclamou: "É bom!" diante das coisas que havia acabado de criar?)
Em seguida, as pessoas se rebelam contra Deus (o qual, se é que você ainda não se deu conta disso, é a personagem central do filme), e Deus inunda a terra para acabar com a bagunça que as pessoas promoveram no mundo.
Muitas gerações depois, Deus seleciona um homem de 99 anos de idade chamado Abrão e faz dele o pai de uma nação (você teve alguma coisa a ver com isso?).
Mais tarde, chegam José, Moisés e muitas outras pessoas comuns e inadequadas, sobre as quais o filme também não é. Deus é quem os escolhe e orienta, operando milagres por intermédio daquela gente.
Na cena seguinte, Deus envia juizes e profetas a sua nação porque as pessoas parecem incapazes de oferecer ao Senhor a única coisa que ele lhes pede (obediência).
Então, chega a hora do clímax: o Filho de Deus nasce entre o povo que Deus ainda ama. Durante sua passagem por este mundo, o Filho ensina a seus discípulos como deve ser o verdadeiro amor. Em seguida, o Filho de Deus morre, ressuscita e volta à presença de Deus.
Embora o filme ainda não tenha terminado, sabemos como será a última cena. É aquela que já descrevi no capítulo 1: a sala do trono de Deus. Nela, todos os seres adoram Deus, que está sentado no trono, pois só ele é digno de ser louvado.
Do início ao fim, o filme é obviamente a respeito de Deus. Ele é a principal personagem. Como é possível que vivamos como se o enredo fosse a respeito de nossa vida? Nossa cena no filme, nossa vida tão breve, está em algum lugar entre o momento em que Jesus ascende aos céus (livro de Atos) e a parte na qual todas as pessoas adorarão a Deus em seu trono celestial (Apocalipse).
Temos apenas nossa aparição em uma cena de uma fração de segundo para viver. Não sei o que você pensa sobre isso, mas pretendo que a minha fração de segundo tenha a ver com meu esforço para glorificar o nome de Deus. Em ICoríntios 10:31, lemos: "Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus". Nossa participação de uma fração de segundo no filme da vida tem tudo a ver com isso.
E então, o que isso significa para você?
Francamente, você precisa deixar de pensar só em si. Pode parecer um pouco duro, mas é justamente o que isso significa.
Talvez a vida seja muito boa para você neste momento. Deus lhe deu tantas coisas legais, de modo que você pode mostrar ao mundo como vive uma pessoa que aproveita as bênçãos que recebeu, mas que continua totalmente louca por Deus.
Ou, então, é possível que a vida esteja muito difícil neste momento, e parece que tudo é uma grande luta. O Senhor permitiu que coisas complicadas acontecessem em sua vida para lhe dar a oportunidade de mostrar ao mundo que o seu Deus é grande, e que conhecê-lo proporciona paz e alegria, mesmo quando a vida é difícil. Como o salmista, que escreveu: "... vi a prosperidade desses ímpios [...] Certamente foi-me inútil manter puro o coração [...] Quando tentei entender tudo isso, achei muito difícil para mim, até que entrei no santuário de Deus.." (SI 73:3,13,16-17, grifos do autor). É fácil se tornar uma pessoa desiludida diante das circunstâncias da vida, quando comparadas com as de outras pessoas. Na presença de Deus, porém, ele nos proporciona uma paz mais profunda e uma alegria mais intensa, que transcende todas essas coisas.
Para ser absolutamente sincero, não importa muito em que lugar você se encontra neste momento. Seu papel é o de glorificar o Senhor — seja comendo um sanduíche durante um intervalo no trabalho, tomando café ao meio-dia para não dormir durante os estudos ou assistindo ao cochilo de seu filho de quatro meses de idade.
O objetivo de sua vida é apontar para Deus. Seja qual for a sua atividade, Deus deseja ser glorificado nela, pois ele é o motivo de tudo isso. O filme é sobre ele, o mundo que ele criou, o dom que ele concedeu.
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Louco Amor
Roman d'amourO cupido... Faz parte de qualquer relacionamento. A intensidade e a vibração dos primeiros momentos aos poucos são tomadas pela rotina e o que antes era uma feliz dependência torna-se um fardo, quando não, a cínica indiferença para com o outro. Infe...