O Melhor Da Vida... Mais Tarde

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A esta altura, você provavelmente já percebeu que tem uma escolha distinta a fazer: deixar a vida acontecer, o que corresponde a servir apenas os restos a Deus, ou seguir ativamente na direção de Jesus Cristo.
Você reconhece a tolice que há em buscar realização fora dele? Entende que é impossível agradar o Senhor de qualquer outra maneira além de uma entrega total e sincera a ele? Consegue captar a beleza e a alegria profundas de caminhar em intimidade genuína com Deus, nosso santo Pai e Amigo? O que você mais deseja: ver Deus ou ter uma garantia de segurança pessoal?
Talvez você tenha respondido "sim" a essas questões, mas ainda se pergunta o que pode ser comparado, quais são as alternativas ao conceito de seguir a correnteza ou descer com a escada rolante. Como lhe parece a idéia de seguir na direção de Cristo e perseguir
o amor do Salvador na vida cotidiana?
O melhor lugar que conheço para ver sobre essas coisas é nas Escrituras; nelas, reunimos a sabedoria e estudamos os exemplos daqueles que seguiram o Senhor com sinceridade. A melhor passagem é, provavelmente, Hebreus 11, um capítulo que costuma ser chamado de "galeria da fé". E tentador presumir que as pessoas listadas ali eram super-homens ou super-santos, e que eu e você nunca seríamos capazes de fazer as mesmas coisas que eles faziam.
Você sabia que Abraão temeu por sua segurança e, por isso, mentiu a respeito de sua esposa, Sara, dizendo que ela era irmã dele... duas vezes? Pense em Jacó, que roubou o direito de primogenitura de Esaú, enganou o pai para receber a bênção e, em seguida, fugiu com medo do irmão.
Sabia que Moisés foi um assassino e que tinha tanto medo de falar em público que Deus teve de mandar o irmão dele, Arão, para ser seu porta-voz? Também em Hebreus 11 vemos Raabe, que fazia parte dos gentios e era uma mulher (naquele tempo, uma séria desvantagem), sem falar que se tratava de uma prostituta! Em seguida, temos Sansão, que tinha tantos problemas que nem sei por onde começar. E, é claro, Davi, um "homem segundo o coração de Deus", que foi adúltero e assassino, e cujos filhos eram maus e fora de controle.
Essas pessoas estavam bem longe da perfeição, e ainda assim tiveram fé em um Deus que foi capaz de realizar sua vontade em situações aparentemente tenebrosas. Noé, por exemplo, "pela fé [...] quando avisado a respeito de coisas que ainda não se viam, movido por santo temor, construiu uma arca para salvar sua família. Por meio da fé ele condenou
o mundo e tornou-se herdeiro da justiça que é segundo a fé" (Hb 11:7).
Noé passou 120 anos construindo uma arca e alertando as outras pessoas a respeito do julgamento iminente. Suponhamos que o dilúvio jamais ocorresse — Noé teria sido o maior motivo de chacota do mundo. Ter fé geralmente significa fazer o que os outros consideram loucura. Alguma coisa está errada quando nossa vida faz sentido para aqueles que não crêem.
Então chegamos a Abraão. Hebreus 11:17-19 diz:
Pela fé Abraão, quando Deus o pôs à prova, ofereceu Isaque como sacrifício. Aquele que havia recebido as promessas estava a ponto de sacrificar o seu único filho, embora Deus lhe tivesse dito: "Por meio de Isaque a sua descendência será considerada". Abraão levou em conta que Deus pode ressuscitar os mortos e, figuradamente, recebeu Isaque de volta dentre os mortos.
A esperança de Abraão residia na capacidade que Deus tem de ressuscitar os mortos. E se Deus não tivesse impedido Abraão de sacrificar o filho? Imagine o que seria estar diante do filho depois de matá-lo? O que passaria por sua mente enquanto estivesse fazendo o sepultamento? Será que conseguiria seguir com a vida sendo chamado de "assassino insano" por todas as pessoas? Essas teriam sido as conseqüências dos atos de Abraão se Deus não tivesse realizado a vontade dele. Mas ele realizou.
Por fim, pense sobre os mártires. Hebreus 11:35-38 relata:
Uns foram torturados e recusaram ser libertados, para poderem alcançar uma ressurreição superior; outros enfrentaram zombaria e açoites; outros ainda foram acorrentados e colocados na prisão, apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio da espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos e maltratados. O mundo não era digno deles. Vagaram pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas.
Se a eternidade não chegasse e Deus não existisse, então, como Paulo diz, "se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão" (lCo 15:19). Se Deus não existisse, então Paulo e todos os mártires ao longo da História tiveram uma existência breve e cheia de sofrimento desnecessário (2Co 6:4-10).
No entanto, como Deus é uma realidade, Paulo e os mártires deveriam ser invejados mais que todas as pessoas; o sofrimento deles valeu a pena. Se nos permitirmos viver para Deus sem preocupações com as coisas deste mundo, então também veremos sua glória. Nós testemunharemos a realização do impossível.
Os cristãos de hoje em dia gostam de segurança. Só queremos nos ver em situações nas quais estejamos a salvo "mesmo que Deus não exista". Mas, se desejamos agradar o Senhor de fato, não podemos viver dessa maneira. Temos de fazer coisas difíceis durante nossa vida na terra, mas que valerão muito a pena na eternidade.
Como afirma Hebreus 11, o Deus a quem as pessoas de fé serviram é o mesmo a quem servimos. Conforme o texto de Tiago 5:17, "Elias era humano como nós". Quando você ora, suas orações são ouvidas pelo mesmo Deus que respondeu à oração de Moisés por água no deserto, o Deus que concedeu a Abraão e sua esposa infértil um filho, e o Deus que transformou o escravo José no homem mais poderoso do Egito, depois do faraó.
O exemplo definitivo de sacrifício e rendição é, naturalmente, o de Jesus Cristo. Ele tinha tudo e, ainda assim, optou por render todas as coisas por amor ao Pai. Nossa atitude deveria ser a mesma de Cristo...
... que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. Filipenses 2:6-11
João nos diz claramente que "aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou" (IJo 2:6). Você está disposto a abrir mão de tudo? Está pronto a assumir a própria natureza de servo? A ser obediente até a morte? Se sua resposta sincera a essas perguntas for "sim", de que maneira essas intenções se manifestam em sua vida?
Em Mateus 25, encontramos um quadro assustador do julgamento vindouro. Nessa passagem, Cristo condena as pessoas à punição eterna porque elas não se importaram com ele enquanto viveram na terra. "Pois eu tive fome, e vocês não me deram de comer; tive sede, e nada me deram para beber; fui estrangeiro, e vocês não me acolheram; necessitei de roupas, e vocês não me vestiram; estive enfermo e preso, e vocês não me visitaram" (v. 42-43).
A pessoa condenada protesta, dizendo que nunca viu Cristo em nenhuma dessas condições de necessidade, e ele responde: "Digo-lhes a verdade: O que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo" (v. 45).
Ai. Para mim, isso é como um tapa forte e inesperado na face. Como muitos de vocês, por inúmeras vezes ouvi essa passagem sendo ensinada. Ficava convencido, mas não a interpretava ao pé da letra. Costumamos vê-la como uma nova perspectiva a respeito da pobreza, e não como uma imagem literal do julgamento vindouro.
Como a minha vida mudaria se eu realmente pensasse em cada pessoa que vejo e conheço como Cristo? Falo do sujeito dirigindo muito devagar na minha frente, o caixa do mercado que parece mais interessado em conversar do que em fechar as minhas compras, o membro de minha família com quem não consigo conversar sem perder a paciência.
Se cremos, corno Jesus disse, que os dois maiores mandamentos são "amar o Senhor nosso Deus com todo o nosso coração, toda a nossa alma e toda a nossa mente" e "amar
o próximo como a nós mesmos", então essa passagem tem muito a nos ensinar. Ba- sicamente, Cristo está unindo o mandamento para "amar Deus" com o mandamento para "amar o próximo". Ao amar os "mais pequeninos", estamos amando o próprio Deus.
Nesse mesmo capítulo de Mateus, Jesus abençoa algumas pessoas pelo que elas fizeram. Confusas, elas perguntam: "Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te aco- lhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?" (v. 37-39).
A resposta dele é surpreendente: "O Rei responderá: 'Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram'" (v. 40). Jesus está dizendo que demonstramos um amor tangível por Deus na maneira de cuidarmos dos pobres e daqueles que estão passando por sofrimento. Ele espera que tratemos os pobres e os desesperados como se fossem o próprio Cristo.
Faça a si esta pergunta: se eu realmente visse Jesus passando fome, o que faria por ele?
Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade. Assim saberemos que somos da verdade; e tranqüilizaremos o nosso coração diante dele quando o nosso coração nos condenar. I João3:16-20
Nessa passagem, vemos que João questiona se é possível a uma pessoa ter mesmo o amor de Deus dentro dela se não tem compaixão pelos pobres. Ele usa como exemplo o amor de Cristo, que se manifesta por meio do sacrifício da própria vida.
Deus não nos deu sobras; ele ofereceu o melhor que tinha. Ele deu a si mesmo. João está dizendo que, no que se refere a nós, a coisa não é diferente: o verdadeiro amor exige sacrifício. E nosso amor é demonstrado por nossa maneira de viver: "... não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade".
Uma das maneiras mais evidentes de amar "em ação e em verdade" é doando aos outros. Com "doar", não me refiro apenas a dinheiro, embora ele também seja um elemento importante.
Outro fator de grande importância no ato da doação é o nosso tempo. A maioria das pessoas costuma viver tão ocupada que a simples idéia de acrescentar mais uni item à lista de afazeres semanais já é cansativa. Em vez de juntar mais uma tarefa à vida, talvez Deus queira que entreguemos a ele todo o nosso tempo, permitindo que ele o oriente da maneira que achar mais conveniente. Um dos versículos mais lembrados em toda a Bíblia diz: "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho
Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3:16). Nele, vemos a ligação explícita entre o amor e a doação.
Doar sem ser motivado pelo amor é perda de tempo. Paulo diz que, com esse tipo de doação, não temos ganho algum; no entanto, quando doamos por amor, o ganho é grande. Doar não gera apenas recompensas celestiais; também proporciona grande alegria em nossa vida, aqui e agora. A medida que amamos com mais sinceridade e profundidade, doar se torna uma reação óbvia e natural. Ganhar e reter para si se torna algo pouco atrativo e imprudente.
Lembra-se da história na qual Jesus alimentou milhares de pessoas apenas com o lanche de um garoto? Naquele relato, segundo Mateus, Jesus entregou os pães aos discípulos e, em seguida, eles o repassaram à multidão. Imagine se os discípulos tivessem sim- plesmente guardado para si a comida que Jesus os entregara, agradecendo o tempo todo a Deus por lhes providenciar o alimento. Teria sido uma estupidez, já que havia comida suficiente para alimentar os milhares que estavam reunidos e tinham fome.
Não obstante, é exatamente isso que fazemos quando deixamos de doar com liberalidade e alegria. Temos tantas coisas boas, mais do que poderíamos precisar, enquanto outros estão desesperados por um pãozinho. As coisas boas às quais nos apegamos não se limitam ao dinheiro; acumulamos recursos e bens, retemos nosso tempo, nossa família, nossos amigos. Quando começamos a tornar a doação um hábito, vemos que, diante da abundância do que Deus nos dá, é ridículo nos apegarmos a essas coisas e repetirmos mecanicamente a palavra "obrigado".
O apóstolo Paulo trata desse assunto da doação à luz das desigualdades entre os primeiros cristãos:
Nosso desejo não é que outros sejam aliviados enquanto vocês são sobrecarregados, mas que haja igualdade. No presente momento, a fartura de vocês suprirá a necessidade deles, para que, por sua vez, a fartura deles supra a necessidade de vocês. Então haverá igualdade, como está escrito: "Quem tinha recolhido muito não teve demais, e não faltou a quem tinha recolhido pouco". II Coríntios 8:13-15
Paulo estava pedindo aos cristãos em Corinto que fizessem doações aos santos de Jerusalém que viviam na pobreza. O objetivo era que ninguém tivesse em excesso ou passasse necessidade. Esse conceito é bem estranho à cultura moderna, na qual somos ensinados a cuidar de nossos interesses, e assim seremos recompensados.
O abismo é tão grande em nosso mundo que temos de pegar leve em passagens como Lucas 12:33: "Vendam o que têm e dêem esmolas". Como posso passar por uma cabana de sapê e entrar em minha casa de quase 200 metros quadrados sem fazer nada para mudar essa diferença? O conceito de redução de posses para que outros possam progredir é bíblico, lindo... e quase desconhecido. Se não diminuirmos esse abismo, não estaremos interpretando a Bíblia da maneira correta.
Ouse imaginar as implicações em sua vida, caso levasse as palavras de Jesus a sério. Tente pensar em seus filhos vivendo na pobreza, sem ter o que comer. Ouse crer que aqueles são mesmo seus irmãos e suas irmãs passando por necessidade.
Jesus disse: "Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (Mt 12:50). Você crê nisso? Vive de acordo com esse versículo?
Depois de ouvir a pregação sobre essa verdade, um sujeito em minha igreja doou a própria casa à congregação e mudou-se com os pais. Ele me disse que terá uma casa melhor no céu, e que não faria a menor diferença o lugar onde moraria durante a vida aqui na terra. Ele está vivendo de acordo com aquilo em que crê.
Sonhe um pouco com o que isso significa para você. Talvez até funde um movimento chamado Aspiração pela Média, segundo o qual as pessoas se comprometem a viver com a mesma média salarial dos Estados Unidos (46 mil dólares em 2006) e doar todo o restante. Não intimida pensar em doar de maneira tão radical e liberal?
Quero compartilhar uma história com você. É provável que qualquer pessoa que já tenha pensado na passagem bíblica que diz: "Ponham-me à prova [...] e vejam se não [...] derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las" (Ml 3:10) faça um relato semelhante.
Um amigo meu estava entregando fielmente 20% de sua renda a Deus. De repente, seu salário caiu drasticamente. Ele sabia que tinha de decidir se continuaria entregando o dinheiro de uma forma que comprovava sua confiança em Deus. Não seria errado baixar para 10%, mas meu amigo optou por aumentar para 30%, apesar da redução de sua renda.
Talvez você possa imaginar como termina essa história. Deus abençoou aquele homem de fé e concedeu a ele mais do que o suficiente, mais do que precisava. Meu amigo experimentou a realidade da provisão divina.
Quando a coisa está difícil e você tem alguma dúvida, entregue mais. Ou, como está escrito em Deuteronômio 15:10: "Dê-lhe generosamente, e sem relutância no coração; pois, por isso, o SENHOR, o seu Deus, o abençoará em todo o seu trabalho e em tudo o que você fizer".
Talvez você tenha feito muitos sacrifícios. Se isso aconteceu, então já viu que, em certo sentido, vai ficando cada vez mais fácil, não é? Você testemunhou os benefícios da doação e recebeu a bênção por isso. Mas também fica cada vez mais difícil. A tentação de nivelar por baixo aumenta a cada ano. O orgulho diz que você se sacrificou mais que os outros. O medo avisa que está na hora de se preocupar com o futuro. Os amigos falam que você já doou o suficiente, e que agora é a vez de outra pessoa fazer isso.
Jesus, porém, manda prosseguir, e assim você verá mais de Deus. Acreditamos mesmo que "o labor de cada dia é se preparar para o dia final"? Atribuído a Matthew Henry, clérigo inglês.
Quando Jesus enviou os doze discípulos, ele os orientou: "Não levem nada pelo caminho: nem bordão, nem saco de viagem, nem pão, nem dinheiro, nem túnica extra" (Lc 9:3). Por que você acha que ele disse isso? Por que não permitir que eles corressem em casa para buscar alguns suprimentos? Por que não deixá-los levar algum dinheiro para uma emergência?
Jesus estava obrigando seus discípulos a confiar nele. Deus teria de tomar todas as providências necessárias para o sustento deles, pois não tinham nada mais em que confiar.
Esse espaço da confiança não é dos mais confortáveis; na verdade, ele contraria tudo quanto aprendemos sobre planejamento apropriado. Gostamos mais de encontrar refúgio naquilo que já temos do que na providência de Deus. Mas, quando Cristo nos manda pagar o preço de segui-lo, isso quer dizer que devemos entregar todas as coisas. Significa estar disposto a sair por aí sem uma muda de roupa extra, sem um lugar certo para dormir à noite e, às vezes, sem saber para onde se está indo.
Deus deseja que confiemos plenamente nele. Ele quer nos mostrar como opera e cuida de nós. Ele quer ser nosso refúgio.
Caminhar em intimidade genuína e rendição total a Deus requer uma grande fé. Hebreus 11:6 afirma: "Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam".
Há muito tempo, quando eu ainda cursava o seminário, um professor perguntou à nossa turma: "O que vocês estão fazendo neste momento que exige fé?". Aquela pergunta me afetou profundamente porque, naquele momento, eu não conseguia me lembrar de nada em minha vida que exigisse fé. Era bem provável que eu vivesse de maneira não muito diferente se não acreditasse em Deus; minha vida não era orientada nem afetada por minha fé, como eu achava que era. Além disso, quando eu olhava em volta, percebia que estava cercado por pessoas que viviam do mesmo jeito.
A vida é confortável quando uma pessoa se separa das outras que são diferentes dela. Isso resume como era a minha vida: caracterizada pelo conforto.
Contudo, Deus não nos chama para viver no conforto. Ele nos convoca a confiar nele de modo tão completo que perdemos o medo de passar por situações arriscadas.
Embora o capítulo 58 de Isaías tenha sido escrito há milhares de anos, ele fala de maneira poderosa ainda hoje. Sei que é uni texto longo, mas garanto que a leitura vale a pena.
"Pois dia a dia me procuram; parecem desejosos de conhecer os meus caminhos, como se fossem uma nação que faz o que é direito e que não abandonou os mandamentos do seu Deus. Pedem-me decisões justas e parecem desejosos de que Deus se aproxime deles. 'Por que jejuamos', dizem, 'e não o viste? Por que nos humilhamos, e não reparaste?'
Contudo, no dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês, e exploram os seus empregados. Seu jejum termina em discussão c rixa, e em brigas de socos brutais. Vocês não podem jejuar como fazem hoje e esperar que a sua voz seja ouvida no alto. Será esse o jejum que escolhi, que apenas um dia o homem se humilhe, incline a cabeça como o junco e se deite sobre pano de saco e cinzas? E isso que vocês chamam jejum, um dia aceitável ao SENHOR?
O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo? Aí sim, a sua luz irromperá como a alvorada, e prontamente surgirá a sua cura; a sua retidão irá adiante de você, e a glória do SENHOR estará na sua retaguarda. Aí sim, você clamará ao SENHOR, e ele responderá; você gritará por socorro, e ele dirá: Aqui estou.
Se você eliminar do seu meio o jugo opressor, o dedo acusador e a falsidade do falar; se com renúncia própria você beneficiar os famintos e satisfizer o anseio dos aflitos, então a sua luz despontará nas trevas, e a sua noite será como o meio-dia. O SENHOR o guiará constantemente; satisfará os seus desejos numa terra ressequida pelo sol e fortalecerá os seus ossos. Você será como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas nunca faltam. Seu povo reconstruirá as velhas ruínas e restaurará os alicerces antigos; você será chamado reparador de muros, restaurador de ruas e moradias.
Se você vigiar seus pés para não profanar o sábado e para não fazer o que bem quiser em meu santo dia; se você chamar delícia o sábado e honroso o santo dia do SENHOR, e se honrá-lo, deixando de seguir seu próprio caminho, de fazer o que bem quiser e de falar futilidades, então você terá no SENHOR a sua alegria, e eu farei com que você cavalgue nos altos da terra e se banqueteie com a herança de Jacó, seu pai." E o SENHOR quem fala.
No versículo 10, a passagem que diz: "... se com renúncia própria..." chama mais a minha atenção do que as promessas impressionantes que se lê em seguida. Ela me lembra da parábola dos talentos, em Mateus 25, na qual os servos são recompensados de acordo com aquilo que fizeram com o que receberam. Não parece importar o fato de um ter recebido cinco talentos e o outro, dois. Ambos os servos se revelaram fiéis com aquilo que o amo lhes confiou, e, como resultado disso, foram recompensados de modo liberal.
Da mesma forma, cada um de nós recebe diferentes dons e talentos concedidos pelo Senhor. O que mais importa é como usamos o que recebemos, e não quanto ganhamos ou o que fazemos em comparação aos outros. O mais importante é que nos entreguemos. "Filhinhos, agora permaneçam nele para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos envergonhados diante dele na sua vinda" (IJo 2:28).

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