O sonho

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Um tênue feixe de luz atingiu o rosto de Igor que, ao perceber que o dia havia chegado, apenas despertou e não conseguiu sair de seu aconchegante saco de dormir. A manhã estava fria e com um denso nevoeiro, típico de lugares com muita vegetação, extremamente úmidos e com temperaturas baixas.

A quietude da área em que estava fez uma grande diferença da vila em que o jovem Igor vivia, por conta o costume de ouvir pássaros logo pelo amanhecer era uma maneira de criar um ânimo do início do dia para ele. Como garoto furtador era sempre o primeiro a levantar no orfanato, viu-se obrigado a repetir o mesmo ato com os outros para que conseguisse manter-se ligado as lembranças de seus irmãos de coração e sangue.

Igor tratou de abrir seu saco de dormir pela costura existente em sua frente e, usando o braço direito como apoio em frente ao seu tórax, levantou seu tronco silenciosamente a fim de não acordar seus recentes companheiros de viagem. Ao virar para sua direita, conseguiu visualizar outro feixe de luz sobre sua mochila que estava parcialmente aberta, isso o fez estranhar um pouco, pois havia deixado todos os seus pertences arrumados antes de se recolher, contudo preferiu não pensar em muita coisa e arrumou novamente sua mochila. Como nada havia sido retirado dela, Igor acabou por esquecer o fato dela estar aberta.

Ao retirar as pernas do saco de dormir, o rapaz sentiu seus pelos eriçarem e, para evitar que o frio estragasse sua vontade de levantar, tratou de agitar seu corpo com um rápido levantar e pequenos pulos. Após isso, pegou a roupa que havia utilizando no dia anterior para vesti-la novamente. Com o uniforme pronto para a cavalgada, pegou o saco de dormir, o pôs na mochila e foi em direção aos amigos a fim de acorda-los. Ele repetiu o processo de despertar em Tordek e Ädmir, porém ao tentar fazer em Lysander, recebeu um leve olhar hostil que rapidamente se transformou em uma timidez que forçou Igor a se afastar do rapaz, pois entendeu que o desperto apenas estava preocupado com sua zona mental de segurança e que fora invadida pelo ladino.

Igor não se preocupou em acordar Astrid, pois ela já não estava em seu saco, mas, ao olhar atentamente, percebeu que ela não estava por perto e que suas roupas comuns estavam no mesmo lugar de que fora deixada na última vez. A preocupação dele aumentou ao modo em que ele juntava o fato de sua mochila ter sido revirada e que uma garota saíra de roupas de dormir sozinha e sem avisar a qualquer um presente.

A preocupação do Igor não o permitiu terminar de arrumar suas coisas no cavalo, então resolveu compartilha-la com os outros presentes. As palavras pronunciadas pelo hábil ladino soaram como um insulto aos ensinamentos de Tordek, pois deixara um companheiro de missão só naquela região. Já Ädmir recebeu a notícia junto a uma imensa preocupação, pois acreditava que a responsabilidade da proteção de todos deveria estar sobre ele, mas se preocupou ao ver o jovem de colete de couro sentado em seu saco de dormir pondo as mãos sobre a cabeça, pois pensou que o jovem temia algo acontecendo sobre si.

Percebendo o estado de todos ao redor, Igor procurou acalmar-se e pensar em um modo de encontrar a garota. Vasculhando seu saco de dormir, mochila, roupas, mas não encontrou algo de relevante para ajudá-la. Assim, iniciou a procura de vestígios de Astrid na clareira em que estavam, com isso, encontrou algumas pegadas que levavam ao calmíssimo rio que havia ali. Das cristalinas águas foi possível claramente ver um colar no final da trilha de passos que se iniciava no último lugar em que todos a viu.

Ao perceber que duas pegadas direitas estavam de tamanhos diferentes e lado a lado, Igor subitamente correu em direção a sua mochila. Ele percebera que Astrid não fora só, mas sim com seus sequestradores. Sua voz fanhou ao tentar avisar a todos o que descobriu, contudo, todos entenderam sua mensagem e trataram de arrumar as mochilas e se vestir para seguir o curso do rio o mais rápido possível. Pondo a mochila nas costas e subindo no cavalo que estava apenas a 3 metros da apagada fogueira. Um leve desequilíbrio ocorreu ao furtador, mas nada para que pudesse o derrubar, tudo culpa da pressa que tinha.

A enganação brutalOnde histórias criam vida. Descubra agora