A Pilha

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Escuridão, frio, murmúrios. Os sentidos do Igor estavam todos voltados para a nova e estranha situação que passava. O chão de grama dera lugar a um de ferro misturado com algum tipo de lama que o garoto não conhecia. Seus amigos continuavam a seu lado, mas quietos em relação aos concorrentes que estavam junto ao grupo do Ädmir.

Uma crise de ansiedade tomou conta da Astrid, fazendo-a tremer insanamente. Para acalma-la, o clérigo tornou a abraçar a garota pelas costas e pronunciar frases de conforto à elfa.

Mesmo com a escuridão presente, era possível ver o vulto do garoto que estava a envolver a domadora, pois objetos fluorescentes denunciavam os limites do local em que estavam e liberavam uma luz suficiente para todos enxergarem seus rostos. Um ar raivoso saiu do ladino que pretendia levantar-se a fim de separar os dois a socos e pontapés, contudo, foi impedido por um teto extremamente baixo, que fez sua cabeça colidir com o ferro.

Perplexo, Lysander iniciou uma risada nervosa ao ver a situação de Tordek, mas a continuação do riso preocupou o anão, pois nunca vira o arqueiro daquela forma. Ao perceber a estranheza nos olhos do guerreiro do seu grupo, Lysander parou sua risada e voltou a ter seu olhar sereno e com uma leve alteração por conta da incomum sala que estava sentado.

Como era incapaz de realizar qualquer movimento elaborado na baixa sala, o Tordek teve um surto de audácia e procurou informações de seus concorrentes. A única coisa que percebera nitidamente foi a grande amplitude de idade dos jovens e garotos, pois havia crianças de aparente oito anos e quase adultos naquele recinto.

Todos presentes na baixa e larga sala pararam de falar para prestar atenção à abafada e intensa voz que surgiu sobre suas cabeças. Percebendo que tratava de um senhor imponente e sádico, os garotos trataram a sacar espadas e arcos, mesmo sem entender direito o que era falado. A maioria das garotas tiveram uma reação mais agressiva, pois algumas perceberam uma possível utilidade do teto por ser pouco resistente, uma saída em potencial.

Com toda a energia da garota de maior percepção e reação de todas, uma halfling de oitenta centímetros que segurava uma adaga, apenas piorou a relação dos candidatos com o cativeiro, pois uma descarga elétrica percorrera de todos ao teto quando a garota, enquanto segurava, fincou a arma no teto.

Além de um descomunal choque que Igor sentira, o aroma de carne queimada e uma figura incandescente a três metros dele o apavorou. Com uma vontade de vomitar, o ladino se arrastou na terra um pouco úmida afastando-se do corpo carbonizado, como quase todos ali presentes. Contudo, o mesmo ato que tornou morte para a jovem, tornou-se esperança a cada grupo e os fizeram parar. A sádica voz do Locutor era audível e limpa os garotos.

"Você quer jogar um jogo?

Os candidatos estão dentro da Casa Pilha e o primeiro movimento deles foi belamente executado pela brava Losetudo que rompeu a proteção orgânica e recebeu uma incrível carga equivalente a um raio.

O local onde esses jovens estão recebera tal nome para homenagear as pessoas que, dentro dela, formarão uma pilha de corpos para os outros poderem continuar com o evento principal.

A Casa Pilha foi desenvolvida para que as pessoas dentro dela só consigam sair se transferirem uma carga, equivalente a dez raios, do teto ao chão. O brilhante teto é composto por uma camada de ferro neutra próxima às crianças, uma de plástico isolante elétrica e a última de cobre eletrizada com a carga que os bravos candidatos terão de transferir. As paredes são feitas de borracha resistente para aguentar o peso e a energia elétrica do teto, mas frágil o suficiente para que possa corta-la. O chão que os garotos estão é lamacento para a tarefa de transmitir a energia seja mais eficiente e rápida. Tudo isso é envolto por uma grande caixa de mármore para que ninguém consiga sair cortando as paredes. Quando a tarefa for cumprida, todos serão aptos a participar do evento principal, bem como as regras dele.

A enganação brutalOnde histórias criam vida. Descubra agora