A vila

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Quando Lysander despertou do longo descanso que tivera, o jovem arqueiro se deparou com a clareira em que dormiu a noite. Todos os seus instrumentos estavam no lugar em que havia colocado, mas ele percebeu que não fora ele quem fizera aquilo, pois ele não teve tempo de fazer aquilo quando chegou na clareira. Ao tentar levantar-se, foi impossibilitado por uma tala que cobria seu peito e prendia seu braço esquerdo, assim ele relembrou que quebrara uma costela durante a perseguição noturna.

A única coisa em que podia fazer sem provocar dor intensa era levantar sua cabeça e olhar para os lados. Esses movimentos deram ao jovem a visão de seus companheiros conversando perto do rio e a jovem domadora de panteras recostada em uma árvore entediada. Seus movimentos chamaram a atenção do Ädmir que, gentilmente, foi ajudar o jovem de colete de couro a voltar a posição para seu pescoço não ser muito exigido.

O tom vermelho do pequeno pedaço visível do céu fez o rapaz perceber o tempo em que passou dormindo. Esse mesmo tom fez o ladino afastar-se do rio para preparar a fogueira a fim de evitar a escuridão da noite que chagava. Já Tordek estava mais calado que o normal e continuava a olhar o fluxo do rio em que estava a sua frente, como se sua mente não estivesse presente em seu forte corpo.

A temperatura da clareira estava esfriando muito com o abandono do Sol, então Astrid preferiu deitar ao lado da fogueira do que ficar sentada longe dela. Com isso, a jovem foi obrigada a arrastar-se um pouco para que ela e seu saco de dormir chegassem ao quente espaço que a fogueira branda criara. Lysander estranhou o movimento que a garota fez, pois ela estava saudável no dia anterior, bem como suas pernas, e a viu com as pernas enfaixadas.

Diferente da noite anterior, fora montado uma escala de vigília para o caso de os sequestradores tentarem pegar a elfa novamente, no ponto de vista do Igor. Desse modo, Igor e Ädmir voluntariaram para fazer isso e deixaram os outros membros recuperarem suas energias para a viagem do dia seguinte. Com a definição de três horas de observação para cada, Igor iniciou sua vigília e deixou os outros irem dormir.

O início da noite foi extremamente entediante, mas conseguiu pensar em coisas boas: sua cidade natal, sua casa, seu irmão. Ele também queria saber como seu mano estava com a sua falta, pois era muito dependente dele e não sabia se as pessoas da vila o ajudariam e seus irmãos do orfanato. Sua preocupação o impediu de dormir bem aquela noite, assim Igor preferiu não acordar o Ädmir e permanecer desperto durante a longa noite em que vigiava.

Com o início do dia, o jovem ladrão acordou seus amigos para iniciar uma nova jornada ao destino deles. Como viu os raios de Sol, Ädmir preocupou-se por conta da noite em que Igor não dormiu e culpou-se por não acordar para ajudar o garoto.

Depois de uma longa explicação e uma carne esquentada para o café da manhã com pães e sementes comestíveis, o clérigo preferiu parar sua penitência e focar-se na recuperação dos amigos para a viagem que os aguardava. Assim, ele recolocou a atadura nas pernas da Astrid que já estava bem melhor e no peito do adolescente arqueiro, infelizmente não houve melhora significativa.

Eles foram obrigados a colocar Lysander e Astrid em seus cavalos, mesmo machucados, para terminar a viagem que havia começado. Assim, Tordek e Ädmir foram na frente, Lysander e Astrid no meio e Igor no fundo, essa formação foi a que eles entraram em consenso, pois haviam membros do grupo que não estavam em sua saúde perfeita.

Voltando a estrada, os garotos tiveram algumas conversas sobre as coisas que aconteceram até aquele momento e um planejamento de formações de combate para o campeonato que se aproximava. Sorrisos surgiram no rosto da Astrid que, mesmo sentindo uma imensa dor, evitava transparecer aquilo a seus colegas.

A viagem foi sem muitos problemas, eles encontraram uma outra clareira antes do anoitecer. Era uma pequena e não havia fonte de água para reabastecer seus cantis, mas eles preferiram ela do que ter que continuar no escuro por um local com água corrente.

A enganação brutalOnde histórias criam vida. Descubra agora