Capítulo 18

242 27 0
                                    

Era de madrugada quando Guilherme e Victoria embarcaram no voo ao Brasil. Tem alguns meses que ele não faz visitas aos seus pais e se sente até um pouco culpado por isso, realmente esteve ocupado com a troca de clube e envolvido com os detalhes da nova vida em Manchester, que seus pais compreendiam perfeitamente o seu sumiço. Já Victoria, havia ido ao Brasil apenas uma vez, nas quais visitou as cidades do Rio Janeiro e Salvador, ela fez um rápido tour no país, pois passou a maior tempo na Argentina. Ela também está animadíssima em conhecer a família do namorado, no entanto, não tão animada por ter que dividir seus preciosos dias de descanso com a Ju. Ela não tinha um conceito exato sobre o que "enteada" pensa sobre o relacionamento dela com o pai, mas ela parece ser bem praga. No mesmo instante em que colocou os olhos na garota soube que algo bom, ela não seria para o seu namoro. A sua sorte é que ela vem à Inglaterra apenas duas vezes no mês, procuraria evitar ao máximo seu contato enquanto ela estivesse lá, ou talvez não... afinal, era só uma garota de 9 anos, o que ela poderia fazer?

— Gui, chuchu... — ela pega na mão do namorado. — Você acha que os seus pais vão gostar de mim...?

— Claro que sim... por que eles não iriam gostar de ti?

— Ah, sei lá. Já que faz tanto tempo que você não namora e de repente traz uma estrangeira pra casa da sua família — ela diz.

— Vic, tu fala como se eu fosse um adolescente pedindo permissão para namorar — Guilherme sorri. — Eu tenho 24 anos, não sou criança... além disso, tu não tem o que temer. Não se preocupe.

Ele beija sua mão e lhe dá um sorriso reconfortante.

Exceto o medo da própria Victoria que pairava no ar, nada mais aconteceu de incomodo. Assim que desembarcam em Porto Alegre e pegam suas malas, Gui chama um táxi e dá o endereço até a casa dos seus pais. Quando ele começa a percorrer as ruas, é aí que começa a sentir saudade do seu verdadeiro estado, sente saudade da época em que era um garoto, que sonhava com o estrelato do futebol, de quando não tinha grandes responsabilidades e aproveitava a vida de adolescente. É como se essa cidade lhe trouxesse lembranças que jamais serão esquecidas. Voltar para casa é sempre nostálgico, de uma maneira boa, claro.

Marinês recebe o filho com a comida caseira que ele mais ama, a feijoada com o arroz à grega. Desde quando Guilherme se mudou para a Europa, ele raramente come feijoada ou qualquer comida típica brasileira, pois é muito difícil encontrar restaurantes que sirvam essa linha gastronômica, por isso, todas às vezes em que ele regressa para casa, Mari faz todos os seus agrados, afinal, é o seu filho único que ainda foi brilhar na Europa, ele merece todos os mimos do mundo.

Só de estacionar o carro em frente à casa dos Müllers, Victoria franzo o cenho. A casa é um pouco menor do que ela imaginava, é mais simples, com janelas medianas, porém muito bem cuidada. Ela amou o jardim e a piscina, com certeza seria o seu lugar favorito.

Osmar, o pai de Guilherme, rapidamente retira do bolso o controle do portão elétrico assim que os vê. Ele abraça o filho que há tempos não via (exceto pela tv), em seguida é apresentado a nova nora. Victoria de cara já simpatiza com ele, elogiando o jardim e que ele é bonito como filho, já com a sogra, não pareceu tão amigável. Quando Mari tem o primeiro vislumbre da sua nora, ela se questiona onde o seu filho foi arrumar uma cria daquela. Uma loura bem plastificada, de grandes atributos e ainda vestida de rosa! Como a personificação da própria Barbie. Quer dizer... ela está apresentável, mas ela não se engana que Victoria só estaria assim só porque está em uma casa de família, ele definitivamente não gostou da primeira impressão.

Na zona nobre da capital, não muito longe dali, Ju tem o pequeno caderno e um lápis na mão, sorrindo pelas suas anotações.

— Pelas minhas contas, meu pai e a Barbie do mal desembarcaram na cidade há exatamente vinte e cindo minutos — ela olha para o relógio de pulso. — Nath, tem mais alguma coisa que a gente pode acrescentar na lista?

Duplamente Inesperado 1Onde histórias criam vida. Descubra agora