ー Aquela música...

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Dias haviam se passado, e chegou a noite do baile.

O foco da escura cidade de Londres estava na casa da Nobre Leopoldina, que era a dona daquele gigantesco baile. Minha avó era bem amiga dela e por sorte consegui um convite para aquele baile, embora eu não quisesse ir.

Escovei meus castanhos e longos cabelos e por fim estava pronta, um metro e sessenta de altura em um vestido enorme e quente. Apaguei as luzes da casa da minha avó e tranquei as portas. Ir à pé era o único jeito para aquele baile, apenas segui.

O caminho não era longo e também solitário, eu era iluminada pelos postes de cor quente daquela cidade  que iluminava intensamente diferente de qualquer outro dia, talvez desse para avistar Londres de longe aos mares.

Finalmente cheguei na mansão, porém tudo lá se desencaixava comigo. Todos eram nobres e exalavam comportamento aceitável e eu era apenas uma pirralha que não se encaixava naquele padrão. Não tive coragem de abrir a porta principal, então corri para o jardim e comecei a chorar.

Nobre tsctsc... Eu não sei porquê dou ouvidos para a Anna. Este lugar não é de minha imagem...
Resmunguei enquanto soluçava.
Ouvi então um silêncio das vozes e risadas daquela festa enorme, e então uma delicada música em ritmo de valsa começou a tocar.
Novamente senti aquela sensação e comecei a dançar fora de mim.
Ouvi passos lentos então abri os olhos e me escondi em uma roseira próxima.

ー Não tenha medo, não sou um guarda.
Era uma voz suave e calma, de um rapaz.

  Não gosta da agitação das festas? eu também não...
Tomei coragem e fui olhar... Era o Keith!
Vestia um terno todo branco e impecável, a luz da lua até dava um efeito naquela pele pálida juntamente ao seu terno.

ー K-..
Mal pude falar e ele se aproximou e  me questionou.

ー Poderia dançar comigo, senhorita?
Silenciosamente eu aceitei, segurei em sua mão e encostei a outra em seu ombro, sua outra mão estava pousada em minha cintura. Apenas dançamos aquela Valsa que me trazia memórias incriveis.

Alguém já te disse que você dança com alegria? Muito bom.

ー Eu... Obrigada.
Abaixei o rosto não conseguia reagir, ele me encarava sorrindo e adorava dançar pelo visto. Mas eu... me sentia estranha, não conseguia encarar o Keith. Dançamos longas e quase intermináveis valsas naquele velho jardim.

Você lembra de mim?
Keith reagiu estranho e confuso.
ー Nós... Nos conheciamos antes?
Ele era Nobre Freya sua burra... Óbvio que ele não lembraria, minha feição desapontada era quase impossível de esconder.
Me desculpe aconteceu algo?

ー Não, que isso ahahaha, devo ter me enganado...
Disfarcei com um sorriso amarelo mas ainda sim estava desapontada.
Me dei conta que já era meia noite pois o relógio de Londres tocava alto e dava para ouvir mesmo de tão longe.

Ah... Tenho que ir... Tchau.

Ele não conseguiu se despedir mas notei ele acenar sem reação e logo dar um singelo sorriso.

Cheguei em casa sem fôlego tentando processar tudo que ocorria, vesti minha camisola e fui para a sala. Acendi uma vela e escrevi em meu diário.

Querida mamãe, como está ai no céu? Hoje eu fiz 15 anos mamãe! e também fui ao primeiro baile da minha vida...
Mãe, hoje dancei valsa com o rapaz que eu gosto, ele vestia um traje branco e seus olhos prateados eram mais impecáveis no escuro daquela noite. Não consigo parar de pensar nos avermelhados lábios dele... Keith...Keith...Ah...O Keith...

Não lembro bem depois disto mas sei que adormeci leve como uma pluma. Desejo ver o Keith novamente... Mas ele parecia... Indiferente.

A Orquestra da Meia-Noite.Onde histórias criam vida. Descubra agora