A Orquestra da Meia-Noite.

ー Tudo pronto!

Já havia se passado algumas semanas desde que chegamos em Roma, e partiriamos nesta mesma noite. Por sorte, não tive que ver a cara do Pietro pois o mesmo se encontrava em um treino intenso na Alemanha.

O vestido que a Anna preparou junto a mim ficou impecável! Era tão detalhado, e muito chamativo apesar de ser branco. Não preciso falar que a madame Marco adorou, ela nos entregou uma gorda quantia de dinheiro e nossas passagens de barco para Londres, era um navio de classe média ainda assim longe da nobreza, mas pelo menos eu não ficaria enjoada pelo balanço.

Assim que a noite caiu, eu e a Anna fomos para o porto levando todos os nossos pertences, entregamos nossa passagem e nos confortamos no navio. Era razoávelmente espaçoso, ainda assim, meio sombrio devido a pouca iluminação. Fiquei observando a lua que estava cheia completamente sozinha, Anna havia decidido dormir cedo pois suas mãos doiam devido ao tempo que passou costurando. Bom, eu poderia entender pois as minhas doiam tanto quanto as dela.

Uma brisa fria bateu de repente, e o cachecol que eu usava acabou voando. Agachei-me e o peguei, mas antes que pudesse levantar e olhar para cima lá estava uma silhueta alta, era forte e eu podia ver um sorriso malicioso na sua boca.

Um tripulante bêbado me olhava com malícia e se aproximava cada vez mais de mim, fui me afastando e pronunciando perguntas curtas como:

－ Quem é você? e o que quer comigo?

Para minha minha surpresa, só que não, o homem apenas respondeu:

－ Não se assuste! vamos se divertir um pouco nessa noite tão linda.

Pude sentir as lágrimas descerem do meu rosto, e logo em seguida sua mão áspera encostar em meu braço o puxando com força. Fui jogada contra seu peitoral que fedia a suor e álcool enquanto suas mãos rudes tentavam invadir meu vestido. Me debatia, mas ele era forte demais. Fechei meus olhos e só esperei por um milagre.

Quando de repente, ele me larga e cai no chão desmaiado. Acabo caindo no chão com o susto quando noto outra silhueta atrás dele, era um rapaz sério. Vestia um terno preto e tinha cabelos loiros e olhos negros como a escuridão do céu. Era um pouco forte mas ainda assim era bem magro.

Limpou suas mãos num pano, e as estendeu para mim. Segurei em sua mão e me levanta com bastante cuidado.

－ Moça não me leve a mal, mas você não deveria estar num lugar deste essa hora.

Ele se abaixou e beijou minha mão, tinha lábios macios. Fiquei em silêncio ainda processando o que havia acontecido, eu estava tão assustada.

Bom, meu nome é Luca Wojchen, sou filho do barão de Wojchen e estou indo para Londres pois estou em treino para administrar a polícia local. Qual o seu nome senhorita?

Apesar da feição séria constante, ele esboçou um sorriso de canto para mim.

－ Freya, eu estou indo para Londres achar minha mãe.

Ele sorriu, mas não ousou falar nada.  Apenas se virou e falou em um tom claro:

－ Freya... você vai me encontrar de novo algum outro dia.

E sumiu na escuridão em direção aos corredores do navio.

Depois desse grande susto, decidi seguir seu conselho e ir me deitar. Tranquei todo o quarto e chorei bastante antes de dormir, eu estava tão angustiada que não pude sequer agradecer ao Luca por me salvar. Caí no sono nas minhas próprias lágrimas.