ー Ruins revelações...

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Se eu achei que meu destino só piorava antes, imagina agora. Depois daquele acontecimento todo na Espanha, eu e a vovó Anna voltamos para Roma pois ela recebeu uma oferta de uma nobre muito rica que iria se casar novamente, e por isso pediu um grande vestido de casamento para chamar atenção de toda a Itália, também disse que pagaria nossa viagem para Londres depois de todo o feito.

Tudo estava em minha mente naquele momento, Keith e Francis serem opostos, minha posição de alta hierarquia numa família nobre, meu tio amedrontador... E por ai vai.

Quando finalmente pisamos na Itália, fomos direto para a casa dos nobres que nos recepcionaram com um pequeno quarto nos fundos da casa, talvez um pouco pior que o dos criados dali. Ajudei a vovó com as bagagens, só havia a gente agora...

Depois de passar um bom tempo nesse trabalho todo, eu decidi explorar a mansão para me informar melhor e encontrei algumas criadas molhando as rosas. A residência não me era familiar, mas eu sentia algo muito ruim em relação a essa família que a vovó me insistiu tanto em não falar o nome.

ー Boa tarde! me chamo Freya e estou como visitante aqui. Porém, não reconheço muito esse lugar. Poderiam me informar sobre essa família?

Sorri educadamente e esperei alguma resposta de uma das duas criadas.

ー Olha garota.
A criada mais alta jogou seus cabelos ruivos para trás da orelha e suspirou impaciente.

Os Marco são uma família muito exigente, e essa é sua nova mansão localizada no mais novo bairro nobre da região. E não temos tempo para conversar, a não ser que eu ou ela desejarmos perder o emprego. Então, boa sorte explorando!

As duas criadas bateram braços e sairam do local sem olhar para trás, bufei de raiva por três motivos.
Primeiro, a falta de educação das duas.
Segundo, era a família daquele Pietro  esnobe.
Terceiro, a Anna não me falou nada sabendo de tudo isso. Fiquei inconformada e decidi andar pelo jardim da mansão, então acabei por esbarrar numa senhora. Limpei meu vestido e a ajudei a se levantar, era uma criada e parecia ser chefe daquelas duas ali.

ー Mocinha tome cuidado!
você está bem?

Ela sorriu pacientemente e limpou o seu avental.

Procuro duas criadas minhas, o senhor Pietro em breve chegará do seu treino de caça. Por acaso você as viu por ai?

Ao citar o nome do Pietro, de repente me recordei de algo muito importante... Rose.

ー Sim, vi bem no início do jardim. Desculpe senhora, mas você conhece alguma Rose que trabalhe nesta casa? Ela tem uma aparência quase identica a minha, exceto que seus cabelos são cacheados e os meus ondulados... Ela trabalhou em uma mansão no centro de Roma para esta mesma família.

ー Bom, eu conheço bem essa garotinha. Ela é meio problemática e foi despedida por furtar pequenas coisas da casa, completamente dissimulada. Também, vivia no porão cantando para um espelho e achava que era algum tipo de 'princesa da nobreza' e até chegou a dizer que iria se casar com o senhor Pietro algum dia quando fosse nobre. Problemática...

Apesar de falar muitas coisas ruins sobre a Rose. Ela suspirou preocupada, parecia se importar com ela apesar dos pesares.

Ela viveu por um tempo sendo criada de outros nobres da região, mas ai, um homem nobre e magro de cabelos castanhos veio atrás dela e levou ela para longe, creio que Inglaterra. Desde então, nunca mais ouvi nada sobre ela.

Fiquei chocada com o que ela me falava, e um pouco triste também.

Eu espero que ela esteja bem...

Suspirei e então agradeci a senhora pela informação, ela se retirou em direção a entrada do jardim e eu fui na direção do pequeno quarto que estava com a vovó.

Ela já havia iniciado o vestido, estava incrivelmente detalhado e muito extravagante. Não quis atrapalhar, apenas juntei os tecidos e comecei a fazer a parte inferior do vestido. Demoraria cerca de 5 dias para finalizar ele, se a gente não enrolasse tanto...

ー Anna, você não me avisou que trabalharíamos para os Marco.
Falei em um tom ríspido.

ー Perdão querida, achei que se evitasse a gente pegaria o dinheiro e viajaria o mais rápido possível para Londres.
Ela abaixou a cabeça com uma expressão triste. Eu segurei em sua mão e sorri, ela retribuiu o sorriso e então continuamos a costura por longas horas.

Finalmente a noite caiu, estávamos exaustas e só havíamos feito muito pouco daquele vestido. Ouvi algumas batidas na porta e decidi ver quem era. Para minha surpresa, era uma jovem de cabelos negros e olhos negros, pele levemente bronzeada e um sorriso aparente. Era claramente criada, e trazia uma bandeja com comidas finas para nós.

ー A senhora mandou enviar para vocês, espero que aproveitem nossa hospitalidade.
Ela sorriu e se retirou, sumindo lentamente pela escuridão da noite.

Coloquei a bandeja numa mesinha e comecei a comer antes da vovó, que estava tomando um banho. Finalmente terminei e decidi também tomar um banho.

Durante o banho pensei sobre a situação de Rose, o quanto queria conversar com ela e esclarecer as coisas. Ela devia achar que eu quis roubar o seu amor... Queria falar toda a verdade para ela.

Antes que eu percebesse, ja havia passado bastante tempo naquele banho, então me sequei e vesti uma camisola velha.  A vovó já estava deitada e dormia em sono pesado devido ao cansaço. Peguei meu diário e escrevi um pouco antes de apagar na cama.

Mamãe, boa noite novamente. Hoje, eu cheguei na Itália! aqui continua o mesmo de sempre, estou por enquanto trabalhando para a família esnobe dos Marco com a Anna, mas eu prometo que em breve eu irei para Inglaterra, provar minha descendência e ficar ao seu lado mamãe! Só isso me importa, eu te amo. Boa noite....


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