A Orquestra da Meia-Noite.

ー Olhos de Intensidade

Era por volta de 10 da manhã e Londres já estava movimentada! Eu bati a poeira dos tecidos e preparei minha mão! Uma nova Nobre dos arredores encomendou três vestidos para suas filhas em um baile de comemoração que aconteceria depois de amanhã. A luz calma da manhã refletia em meus ondulados cabelos castanhos que escorriam com o suor daquela sala. Eu furei meu polegar uma ou duas vezes costurando os caprichados vestidos encomendados.

ー Freya! Descanse, sei que este é nosso trabalho mas já estás vermelha de ficar parada nessa janela ensolarada!
Disse vovó, ela é a bondosa senhora que me adotou quando eu era um bebê. Fala ela que uma doméstica e um guarda me trouxeram e pediram para ela cuidar e antes de qualquer resposta eles entraram em uma carruagem preta e partiram para o sul de nossa rua.
Mesmo com a surpresa inesperada, ela cuidou de mim com muito amor, como se eu fosse sua real filha ou neta. Seu filho Augustus, morreu na guerra quando um canhão acertou seu navio, ela não fala sobre isso mas fica evidentemente chocada ao ouvir sobre a guerra.

ー Vovó! Nobres são exigentes e egoístas, não importa nosso sofrimento se pra eles o que importa é a beleza e qualidade.
Resmunguei enquanto guardava a agulha na linha.

ー Não se esqueça que eu também trabalho aqui! Você já fez a base dos três vestidos, deixe os detalhes comigo! Esta velha trabalha com isto desde quando tinha sua idade.
Dei um singelo sorriso e abracei a Vovó, ela tinha um jeito fofo de me confortar as vezes.

Por falar em idade... Você fará 15 anos na sexta-feira! Dia do Baile...
Eu tenho um presente...
Ela segurou minha mão firme e me puxou para o vestiário da casa.
Trouxe uma caixa branca e abriu, havia um vestido vermelho e salmão dentro daquela caixa, era lindo. Tinha detalhes de renda em sua frente e nas bordas do vestido, algumas pérolas costuradas e um lindo detalhe de rosas no peitoral do vestido.

Este vestido foi o mais lindo vestido que produzi, não venderia ele por nada... E estou dando à você!

ー Não sei como reagir... É lindo... Obrigada Vovó.
Sorri e abracei ela.

Pouco tempo se passou e já eram mais ou menos 2 horas da tarde, sai como de costume e fui para a floresta que havia la perto.

Esta floresta era calma e pacifica, dava para ouvir o mar de longe com suas ondas indo e voltando... Era mágico! Como uma música!

Fechei meus olhos e comecei a dançar como se estivesse em uma valsa sozinha, não me dei conta e acabei caindo machucando o joelho. Ouvi uma risada gostosa vir por de trás das árvores e ao mesmo tempo provocante, eu fiquei com uma certa raiva!

ー Q-Quem está ai!?
A risada se aproximou e de trás do arbusto saiu um lindo rapaz estendendo sua mão enquanto ria.
Tinha cabelos negros e usava uma roupa preta mesmo naquele calor.

ー Ahahaha! Desculpe, mas isso foi lindo!

ー Lindo? Mas eu caí?!?
Segurei sua macia mão e levantei com ajuda do rapaz.

ー É que você dança com tanta alegria e paixão que nao pude tirar meus olhos de você.
Seus olhos... Seus olhos eram cinzas e sua pele pálida. O sol refletia perfeitamente bonito em seu olhar intenso, que mal pude parar de ver.

Você se machucou?

ー Não! Não me machuquei e s
estou totalmente bem!
Levantei limpando a poeira de meu rosado vestido.

ー Você é bem ignorante não é?
Ele falou ainda com seu sorriso aparente no rosto.
Como se chama?

ー Freya.

Ele sorriu e retrucou.

ー Me chamo Keith, prazer senhorita.
Ele beijou minha mão e por um momento senti meu corpo inteiro gelar e esquentar logo após. Eu estava corada, aquele rapaz me ganhou fácil. Nunca conseguiria desviar de seu olhar prateado.
Sai do transe ouvindo barulho de carruagem e cavalos se aproximarem.

Desculpe senhorita Freya mas, tenho que ir.

Então ele voltou pelo mesmo mato que veio e sumiu na densa floresta.

Anoiteceu e não consegui fazer nada direito graças aos olhos prateados do Keith, por sorte vovó já havia terminado os vestidos então comi um pão e fui dormir pensando se algum dia voltaria a ver Keith.