ー Quase no fim

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Vovó e Athena foram visitar um médico da cidade, e como Lathea era muito inquieta jurei que iríamos sair já que demorariam.

Vovó nos deu algum dinheiro, e nos vestimos com roupas parecidas, vestidos de cor rosa pálidos e detalhes brancos, estávamos como irmãs de sangue. Não demorou muito para que a mesma me cutucasse e começasse a correr pelas ruas de Verona, e como uma boa responsável de quinze anos que não gostaria de levar bronca, a segui e consegui conter um pouco a mesma.

Pude ouvir uma bela melodia vir de perto então decidi seguir. Havia uma placa metálica e algumas palavras escritas em Italiano e sua tradução em Inglês logo abaixo.

Arena di Verona

ー O quê é isto Freya?
Perguntou Galathea, curiosa como sempre.

ー Eu sei! Esse lugar é a Arena de Verona. É similiar ao Coliseu como você pode ver mas não é a mesma coisa. É o maior anfiteatro que recebe óperas no mundo, vamos ver? Aposto que você gostaria!

ー Hum... Tá bom, mas se for chato eu não ficarei, tudo bem?

Ok, sua chatinha.
Afaguei sua cabeça e pude ver seu sorrisinho brotar mostrando a falta dos dentes da frente que havia arrancado a pouco tempo.

Nossos dois ingressos custaram quase nosso dinheiro inteiro, apenas sobrando moedas que serveriam para um lanche barato.

Não demorou para a apresentação começar, uma linda mulher de cabelos cacheados, longos, trançados e floridos cantava de tom baixo que intensificava aos poucos. Sua voz era tão bela quanto ela, vestia uma roupa típica romana mas com tom vermelho para combinar com as rosas em seu cabelo. Lendo o papel que recebíamos com tradução em Inglês, ela cantava que era o amor e estava ali para levar um rapaz que interpretava logo atrás dela.

Uma moça de vestido verde e cabelos loiros e cacheados aparecia logo após cantando em tom alto e sincronizando com a outra mulher. Em pouco tempo as duas dialogavam em canto, a de antes demonstrando desespero e a outra raiva.

Aquela era a Inveja, ela era impura e desejava roubar a convicção do Amor pelo rapaz, que encenava se perder em meio aquela briga.

No meio daquilo o rapaz se suicida em sua encenação e uma outra mulher de voz pacifica e roupas pretas aparece, era a Morte. Cabelos tão loiros que chegavam a ser brancos, sua voz era mais intensa que a das outras. O amor chorava enquanto a morte levava o seu "amor" para todo o sempre.

Então a peça se encerra com uma música triste da Inveja e o Amor juntas, e logo grandes aplausos tomam conta daquele grande espetáculo.

Foi significativo, Galathea observou tudo quieta.

Saímos de lá e compramos um pequeno pão para ambas, dividindo ele ao meio e comendo rapidamente.

ー Aquela peça foi legal, me equivoquei.
Galathea falou em tom baixo.
ー Sim!

ー Vamos em outros lugares! Ainda está cedo!

Segurei sua mão e pegamos um bonde, nosso destino seria a Basílica de Santa Anastácia. Não demorou tanto para chegar lá, era bonita.

ー Que Igreja linda Lathea...

ー Essa daqui é a...

ー Maior Igreja de Verona! Um exemplo da arquitetura gótica, eu estudei antes de vir para cá ahaha.
Pisquei com o olho esquerdo e mostrei a língua e ri. Galathea me deu um pequeno soco no braço e riu também. Exploramos aquela Igreja, e fizemos uma pequena oração. Pedi proteção para todos, principalmente para minha mãe.

ー Acho que devemos ir... Vovó já deve ter chegado e feito uma deliciosa comida.

Concordei e fomos pegar o bonde novamente. Passamos pela famosa Ponte Pietra e ficamos por lá para observar o sol se pôr.

Ei... Essa vista é linda!

ー Você não me pega!

Galathea se equilibrava na borda da ponte. Então quando foi descer acabou virando e caiu no rio, no desespero pulei junto e fiquei a procura dela. Por sorte a correnteza não estava forte mas havia muitas pedras e ela poderia ter se machucado.

ー LATHEA!  ONDE ESTÁ VOCÊ?

ー Bu!
Ela subiu para superfície me assustando mais ainda. Ria incontrolavelmente e foi nadando até a borda onde havia uma escada para a calçada la acima.

ー Não faz isso, nunca mais! Me preocupei.

Já na calçada abracei forte a mesma e suspirei aliviada. Fazendo carícias na sua cabeça e seus cabelos ruivos.

ー Freya... Eu..
Ela começou a chorar um pouco, mas seu rosto nao demonstrava sequer uma reação apenas lágrimas caíam.

Eu nunca me senti amada como uma irmã...
Desde que Athena cresceu, eu fico totalmente sozinha e nunca tenho ninguém para brincar ou irritar.

Ela me abraçou forte.

Você é especial! Acredito que pra Athena também e sabe... Você já já será tia e quando a criança crescer você nunca se sentirá sozinha. Ela irá brincar com você!

Concordou com a cabeça e sorriu. Secamos brevemente nossas roupas e fomos pegar novamente o bonde. Fediamos e teríamos que tomar uma ducha assim que chegássemos em casa, Galathea sorria como nunca! Eu estava feliz... Será que eu tenho irmãos como a Galathea? Espero que sim!

Exploramos o que podíamos de Verona, em breve partiriamos para Veneza. Eu deveria visitar a casa de Julieta para buscar minha carta... Enquanto isso, me diverti o que pude ao lado de Galathea, Athena e a Vovó Anna.

Estávamos prontas para dormir, vovó escovava meu cabelo e o prendeu. Decidi mais uma vez escrever em meu diário:

Olá diário. Hoje fiz muitas coisas!

Vi uma linda ópera na Arena de Verona, orei pela mamãe e meus parentes na Basílica de Santa Anastácia, cai no rio da Ponte Pietra. Eu estou muito satisfeita pelo dia de hoje!

Eu gostaria de saber qual será a reação de mamãe quando ler tudo que já escrevi... Partirei para Veneza em breve, possivelmente só ficarei até amanhã em Verona pois vovó já contatou alguns nobres de Veneza, bom para nós. Antes de sair costurei os últimos vestidos de Verona com bastante carinho como sempre. Bom, irei dormir, até breve meu querido diário.

Essas palavras foram as últimas que passaram em mente naquele dia pois cai morta em minha cama e dormi sentindo a leve brisa de Verona, uma das últimas brisas daquele local.

A Orquestra da Meia-Noite.Onde histórias criam vida. Descubra agora