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  Tomei um longo suspiro e me dirigi até a cozinha, preparada para ter outra briga com minha mãe. 

 Ela estava sentada na mesa do café da manhã, seus longos cabelos loiros estavam soltos cobrindo suas costas. Eu e minha mãe somos muito parecidas, estava acostumada a ouvir isso. De acordo com os amigos dela da faculdade, eu sou uma cópia dela quando ela era mais nova.Ela deve pensar o mesmo, já que está sempre querendo que eu fique como ela, seja bem sucedida como ela. 

  - Mãe - comecei a falar e limpei minha garganta. Ela lançou os olhos sobre mim, e olhou novamente para seu café da manhã - Mãe - repeti 

 - O que foi Danielle? - Ela finalmente tirou os olhos do celular em suas mãos e me olhou nos olhos.

 -Eu posso por favor ter minhas chaves de volta? - Pedi calmamente. Dessa vez eu não me importei por ela ter me chamado desse nome. Estava tentando alcançar seu lado bom.

  - Somente quando suas notas subirem e você parar se sair escondida para ir nessas festas ridículas - Minha mãe piscou e voltou os olhos para o que estava na mesa 

- Isso não é justo!Como você espera que eu simplesmente pegue o ônibus? Eu nunca andei de ônibus em toda a minha vida! - Reclamei. Isso era verdade, por todo esse tempo em que frequento a escola nunca precisei pegar um ônibus e não estava preparada para começar agora.

 - Se acostume. Quando eu ver que posso confiar em você novamente, então você terá as chaves do seu carro de volta - Ela nem olhou para mim enquanto falava, seus olhos nunca deixaram o celular.

- Isso é ridículo - Bufei com raiva, cruzando os braços sobre meu peito.  

- Esteja no ponto de ônibus as 7:15.

- E se eu decidir pegar carona com a Brooke? Ou com o namorado dela, o Luke? - Eu perguntei, me referindo aos meus melhores amigos. Os dois haviam se oferecido para me levar a escola todos os dias, assim que descobriram que as chaves do meu carro haviam sido confiscadas, mas eu duvido que minha mãe permita isso.  

 - Irei apenas manter as chaves longe de você por mais tempo - Respondeu. Ela se levantou de seu lugar na mesa e se dirigiu a pia colocando sua tigela (onde antes havia sucrilhos) dentro 

- Quando todos começarem a rir de mim por eu ser a única do ensino médio que pega o ônibus, eu vou culpar você! - Falei com raiva e de costas enquanto saia da cozinha.

- Seu pai vai vir para o jantar esta noite, não se atrase! - Foi a unica resposta que consegui da minha mãe.

 Peguei meu casaco e mochila em cima do sofá da sala de estar enquanto saia de casa, não me preocupando em me despedir.

 Bati a porta por trás de mim, olhando cautelosamente para os lados para ter certeza que ninguém me viu indo para o ponto de ônibus. Meu maior medo no momento é o que as pessoas vão falar quando descobrirem que eu estou pegando ônibus todas as manhãs para ir a escola até minha mãe voltar a ter senso.

 Cheguei no ponto e me encostei na placa que havia ali, arrumando a bainha do meu vestido florido. Olhei no celular, eram 7:12.

 Assim como suspeitei não havia ninguém além de mim. É claro que todos estão pegando carona com os pais ou com amigos, ou até mesmo dirigindo até o colégio. Fiquei imaginando que teria que pegar o ônibus todas as manhãs sozinha até eu arranjar um jeito de pega-las eu mesma de volta. Vai ser eu sozinha pelas próximas semanas. Pelo ninguém ninguém vai me ver.

 Escutei uma tossida próxima a mim, o que me fez dar um pulo devido a presença repentina de outra pessoa aqui. Eu olhei estranhamente para o lado, apenas para encontrar um garoto encostado na outra placa. Eu nem ouvi ele andando até ali, é como se ele tivesse brotado do chão.

 Ele tinha cabelos loiros escuros enrolados e meio bagunçados. Seus olhos, que eu presumi eram claros, estavam escondidos pelos óculos escuros. Era alto, mas não a pessoa mais alta que eu já vi, pois Luke, o namorado da Brooke, era ainda mais alto que ele. Nem me lembro de ver ele por aqui antes, e por um momento imaginei se íamos para a mesma escola.

 Novamente olhei meu celular e eram exatamente 7:15 e o ônibus ainda não havia passado. Ser impaciente foi sempre um péssimo hábito que eu tinha e não conseguia controlar.

 - Danielle Murphy, mas que merda você está fazendo no ponto de ônibus?

 -É Dani, Dani Murphy - Respondi. Ele deu um passo em minha direção e soprou a fumaça do cigarro em meu rosto, o que me fez tossir um pouco.

 - Então, o que está fazendo aqui? Você não tem um carro grande e caro que seu papai comprou pra você dirigir até a escola?

 - Quem é você? - Perguntei 

 - É claro que você não me conhece - Ele falou e deu um trago no cigarro.

 - Isso vai te matar - Falei me dirigindo ao cigarro pendurado no meio de seus dentes.

 - Porque você acha que eu estou fumando? - Ele falou com um tom sarcástico e soprou mais fumaça em meu rosto.

 - Quem é você? - Perguntei novamente.

 - Você não precisa saber.

 - Como você sabe quem eu sou? - Perguntei, pensando que talvez essa pergunta ele responderia.

 - Quem não sabe quem você é?-Ele riu. Apesar de ter uma atitude rude, seu sorriso era lindo - Você é Danielle Murphy.

 Não gosto de ser chamada de Danielle.

 - Desculpa, "Dani" Murphy - Ele se corrigiu - Sua mãe é uma grande empresária de sucesso, e seu pai é dono de uma grande firma de advocacia, estou certo? Você mora naquela casa grande no final da rua e você tem tudo o que quer entregue em uma bandeja de prata.

 - Isso não é verdade - Balancei a cabeça, embora sabia que era. Parecia que todos nessa cidade sabiam quem eu era devido aos meus pai e aos seus sucessos, não por minha causa. Eu era Danielle Murphy, a filha de Charles e Samantha Murphy, o casal mais rico da cidade.

 - Você está pegando o ônibus porque sua mãe pegou você e um garoto voltando de uma festa e ela pegou as chaves do seu carro - Ele continuou, e eu comecei a ficar assustada com o quanto ele sabia da minha vida, sendo que essa é a primeira vez que o vejo.

 - Como sabe tudo isso? - Perguntei. Ninguém além da Brooke e do Luke sabiam exatamente o motivo de eu ter que pegar ônibus, eles era também as únicas pessoas que sabiam que eu tinha que andar de ônibus agora. Eu sabia que eu era popular, e que tinha muitas pessoas que se metiam na minha vida, mas tive o cuidado de manter essa parte em segredo.

 - Eu sei mais do que você pensa - Ele falou jogando o cigarro no chão e pisando em cima.

 Dois minutos depois o ônibus chegou e abriu as portas para que eu e o garoto misterioso pudéssemos entrar.

-

Entããão, tinha uma menina que traduzia essa fic e eu estava acompanhando, mas vi que ela parou de publicar em 2014 e não estava nem na metade.

Ai a lindinha aqui teve a ideia de traduzir!!! Prometo não abandonar ok?

Eu tinha ficado muuuuito tempo sem entrar no wattpad e esses dias achei minha conta e fiquei mega surpreendida com os meus seguidores e quantas pessoas leram a outra fic que traduzi, 8 tracks.

Nunca imaginei que isso fosse acontecer, traduzi ela pelo mesmo motivo que estou traduzindo essa aqui: porque eu gosto!

E espero que vocês gostem também.

~Paulinha

Autora: 


  

7:15 - Irwin (BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora