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 - Ele fala muito de musica com você? Ele sempre tenta me convencer as gostar das mesmas bandas que ele, e isso me deixa louco. - Michael começou a fazer uma lista de coisas que ele reclama sobre o Ashton, e está fazendo isso durante todo o tempo que estamos andando até a casa dele.

 - Ah eu gosto de algumas musicas que ele gosta. - Disse balançando os ombros.

Ele pegou uma pedra do chão e jogou do outro lado da rua, quase acertando um carro estacionado. Isso fez ele dar uma risada alta.

 - Seria mesmo um saco se eu tivesse acertado aquilo.

 - Seria. - Eu concordei, mesmo sem entender muito bem o que ele estava fazendo.

 - Quando eu tinha 12 anos eu fiz a mesma coisa, mas com um carro em movimento. A pedra atravessou a janela, passou por dentro do carro e saiu do outro lado. - Ele gargalhou, e continuou a contar - Eles chamaram a policia para mim.

 - E o que aconteceu? Te pegaram? - Eu perguntei, segurando o riso.

 - Não, eu fugi. - Ele riu ainda mais alto.

 - Michael Clifford, quebrando as leis quando era pequeno. - Eu disse brincando, enquanto fingia que lia isso num jornal.

 - Pois é, acho que fui me tornando imprudente aos poucos. - Ele disse chutando um saco de lixo que estava na calçada.

 - Você tem muita energia pra quem não gosta de fazer nada. - Comentei vendo ele chutar tudo que via pelo caminho.

 - Isso é porque antes de você eu não havia falado com ninguém por cinco meses, eu tenho muita coisa entalada. E esses remédios novos que estou tomando me deixam muito agitado, não consigo controlar.

 - Provavelmente eles estão funcionando. - Eu disse.

 - Sim, eles estão. E isso é muito chato, o Ashton está sempre me enchendo para falar com ele. E o pai dele, Jack, nunca está em casa. É como se o trabalho do Ashton fosse cuidar de mim.

 - Então você é muito sortudo por ter alguém que cuide de você. - Eu falei desejando que meus pais me dessem metade da atenção que o Ashton da para o Michael.

 - Eu preferia que não fosse o Ashton. 

 - Você não pode odiar ele pra sempre. - Disse dando uma risadinha. Me pergunto se um dia ele vai conseguir ultrapassar tudo isso.

 - Ele estava no acidente que matou a minha irma, Dani. - Ele parou de andar, virou para trás e ficou olhando para mim. Nós dois estávamos parados agora.

 - Ele está muito arrependido disso. - Eu disse quando percebi que o Michael não tinha mais nada para dizer.

 - Eu sei que ele está. E eu acho que eu perdoei ele, mas não sei. Eu só não estou pronto para que as coisas voltem ao normal ainda.

Nós andamos silenciosamente o resto do quarteirão até chegarmos na casa deles, e eu estava rezando para o Ashton estar lá. Eu não fazia ideia de outro lugar que ele possa estar, por isso estou agindo como se tivesse certeza que ele esta em casa. O caminho todo eu vim assegurando para o Michael que ele estaria aqui, e eu odiaria estar mentindo pra ele sobre isso, mesmo sem intenção.

Eu realmente não tinha com o que me preocupar, porque a primeira coisa que vimos quando entramos na sala foi o Ashton enrolado no sofá dormindo profundamente.

 - Olha só, talvez ele esteja morto. - Michael sussurrou enquanto observamos o Ashton dormindo.

 - Ele está dormindo. - Eu ri baixinho para não o acordar.

 - Ops, erro meu. - Michael balançou os ombros e saiu da sala sem me chamar para ir com ele.

Me sentei no sofá ao lado do Ashton, empurrado seus pés um pouco para que eu tivesse lugar para sentar. Ele está dormindo muito profundamente, porque o travesseiro que deveria estar de baixo da cabeça dele está no chão. Ele parece tão calmo e eu realmente não quero acordar ele, especialmente porque eu não sei a quanto tempo ele está dormindo. Mas o meu plano de me sentar silenciosamente do lado dele não deu muito certo, porque alguns segundos depois ele abriu os olhos.

 - Oi Murphy. - Ele disse calmamente enquanto se arrumava no sofá.

 - Oi. - Dei um pequeno sorriso, sem saber como eu ia explicar o que eu estava fazendo ali.

 - O que você está fazendo aqui? - Ele esticou os braços me chamando para deitar com ele. Eu fui para mais perto dele e deixei ele passar os braços em volta do meu corpo para me puxar para perto dele.

 - Eu só vim ver como você estava. - Não era mentira, eu só estava deixando de lado a parte que envolvia o Michael.

 - Eu sai para caminhar ontem a noite e peguei no sono. Cheguei em casa faz algumas horas. - Ele disse baixinho no meu ouvido com voz de sono.

 - Você dormiu enquanto caminhava?

 - Ah eu acho que eu sentei em algum ponto. - Ele disse.

 Ouvi o barulho de uma porta vindo do corredor, o que me fez olhar para cima. Vi o Michael passando pelo corredor fazendo sinal com os olhos para que eu o seguisse até a cozinha.

 - Eu vou pegar alguma coisa para beber. - Sussurrei enquanto me soltava dos braços de Ashton.

 - Hmm ok. - Ele resmungou enquanto me dava um pequeno beijo na bochecha antes de me levantar  completamente.

 Entrei na cozinha e o Michael estava encostado em um canto com o seu celular na mão. Ele virou a tela para mim, se gabando do seu novo record no Flappy Bird, um que eu ainda não consegui quebrar.

 - Eu deixo vocês dois sozinhos por dois minutos e vocês já estavam dormindo juntos? - Ele sussurrou, obviamente brincando.

 - Cala a boca. - Eu disse baixinho. Mesmo que o Ashton ainda esteja provavelmente dormindo de novo, eu não quero que ele escute eu e o Michael conversando.

 - Seja lá o que ele te disse é mentira. - O tom de voz dele ficou muito sério. - Ele foi até o tumulo da minha irmã e dormiu lá.

 - O tumulo da sua irmã? Ele nunca me falou nada sobre ir lá.

 - Não é uma coisa que você sai por ai falando pra pessoas. "Oi eu vou dormir no tumulo da minha namorada morta essa noite, você quer ir junto?" - Ele disse um pouco agressivo, acho que nunca ouvi esse tom de voz dele.

 - Shhh. Meu deus, desculpa. - Eu disse tentando fazer ele falar mais baixo.

 - Desculpa. Eu fico um pouco... na defensiva as vezes. - Ele sorriu inocente.

 - É eu percebi. 

 - De qualquer forma, era lá que ele estava. É lá que ele sempre vai quando ele sai para caminhar. Ele apenas fica lá sentado.

 - Como você sabe tudo isso?-Eu perguntei, presumindo que ele não tenha simplesmente perguntado para o Ashton para onde ele vai quando sai.

 - Eu sei de tudo. - Ele disse e um sorriso voltou para o seu rosto alguns segundos depois.

 - Eu tenho certeza que você não sabe. - Revirei os olhos. Cruzei os braços no peito e fiquei encarando o Michael, que me encarou da mesma maneira.

 - Ah mas eu sei. Eu sou os olhos dessa vizinhança, Danielle Murphy. Nenhum dos seus segredos estarão a salvo enquanto eu estiver por perto. 

7:15 - Irwin (BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora