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                     ...Vitória POV...

Depois da madrugada de hoje acordei muito confusa, pensei que tinha sido delírio, afinal, eu estava bêbada, mas esse pensamento foi embora quando acordei e vi Ana do meu lado sem uma peça de roupa qualquer, Ana dormia e preferi não acorda-la, levantei devagar, vesti uma roupa e fui tomar um café, e resolver algumas coisas no banco.
No caminho minha mente não parava de me alertar de que o que a gente fez foi errado, Ana tem namorada, a culpa não é só dela, eu não deveria ter dado cabimento pra que acontecesse, mas não entendi o motivo dela ter dormido comigo, mesmo sabendo que poderia magoar a Lê, eu não tinha mais noção de nada, eu tava com medo, a gente precisava conversar mas eu não conseguia criar coragem... o som do carro tava ligado, e uma música começou a tocar, eu logo a reconheci, "Só vim me desculpar
Eu não vou demorar
Não vou tentar ser sua amiga
Pois sei que não dá"
Pedi pra o motorista aumentar o volume do som, e fiquei ali encontrada na janela do carro escutando a música.

"Você vai me odiar
Mas eu vim te contar
Que faz um tempo
Eu me meti no meio do seu lar"

Minhas lágrimas começaram a descer, e meu peito doía, não gostaria de magoar ninguém, mas eu também não queria me.magoar... Eu tava confusa demais pra dar conta de tudo o que tava acontecendo!

"E o preço que eu pago
É nunca ser amada de verdade
Ninguém me respeita nessa cidade
Amante não tem lar
Amante nunca vai casar

E o preço que eu pago
É nunca ser amada de verdade
Ninguém me respeita nessa cidade
Amante não vai ser fiel
Amante não usa aliança e véu"

Enquanto eu escutava, eu tomei uma decisão, eu precisava conversar com Ana, adiar os eventos da vida não da em nada, nós temos vidas, nós temos responsabilidades, nós temos que ser maduras pra encarar as consequências dos nossos atos, pensei.
Abri a porta do nosso apartamento e logo vi Ninha na varanda com uma xícara de café, parecia estar em outro mundo, entrei tirei as sapatilhas que calçava, e coloquei minha bolsa no sofá.

—Ninha...

Ana ficou imóvel, eu me aproximei tocando seu pescoço.

—Ei Ana...

—Oi Vi, foi mal...

—sem problemas!

Ana tava com uma expressão pesada, parecia ter chorado, e com certeza a minha situação era a mesma, meu tom braquinho criava pintas vermelhas quando chorava...
A gente ficou se olhando, e nos envolvemos num abraço cheio de dor, cheio de escuridão, nosso abraço que era um abraço cheio de paz, se tornou um abraço doloroso, a aproximidade doía.

—A gente precisa conversar né? Eu sei...

Ana disse nun tom sugestivo.
Eu apenas assenti com a cabeça e sinalizei pra que nós fôssemos pro sofá.

—Ana, desculpa, desculpa por ter causado tudo isso na tua vida, desculpa por ter deixado que acontecesse, desculpa ninha, desculpa...

—Eii vi... A culpa não foi só tua, escuta, olha pra mim, a gente se deixou sentir, a gente se desejou, ta a gente errou eu sei, e tu também sabe, mas agora a gente tem que sair disso sem ficar se culpando.

—Ana um turbilhão de coisas ta se formando aqui, não quero estragar teu relacionamento, não quero fazer ninguém sofrer, não quero sofrer, quero algo por inteiro, Ana não quero ser amante, Ana EU NÃO QUERO SER A OUTRA!

—Vi, calma, tu sabe da tua importância pra mim, e tu sabe que eu não te quero como opção, tu não ta estragando relacionamento nenhum, eu e lê já nun tamo bem faz tempo.

—Ana tu ama Letícia, eu vejo o jeito que tu olha pra ela e tu não pode estragar isso por uma aventura.

—Vitoria eu não amo mais Letícia, a gente confundiu as coisas, a gente só dá certo tendo uma amizade, somos muito diferentes, a gente não se encaixa mais, e Vi, tu não é uma aventura, parece que não me conhece, eu nunca dormiria contigo por aventura, quer a verdade?! eu te amo Vitória, e eu sou tão leza que eu tive que me entregar pra tu pra perceber isso, não quero forçar nada, sei que tu tava bêbada e a gente fez besteira, mas desculpa por toda essa turbulência.

—Naclara, bêbada? Ta eu tava bêbada, mas eu transei contigo porque eu quis, isso não justifica, aconteceu porque eu te amo, eu te desejo, eu te quero, mas a gente não devia e tu sabe!
Se tu não ama mais Letícia, porque tu ainda ta com ela?

—Ví, eu tenho medo de magoa-la...

—E tu nun acha que ela vai se magoar mais quando descobrir isso não?

Ana respondeu apenas olhando pra mim com um olhar de dúvida.

—Tu vai contar... Nun vai?

Eu perguntei.

—Claro Vi...

—Quando então?

—Quando eu criar coragem...

—Trata de criar isso logo, se for pra ficar com ela, ou pra deixar ela, mas não faz a menina de besta...

—Eu sei vi... Já fiz besteira demais...

—Bom que tu tem consciência disso.

—Acho que vou ligar pra ela...

—Naclara essas coisas não se resolvem por telefone.

—Não tenho coragem de olhar na cara dela pra falar disso tudo...

—Mas tem que ter Ana, as coisas não são assim, tu fez agora vai concertar.

—Eu sei... Agora me diz, comé que vai ser enquanto eu não falar com ela? Te ver todo dia na minha frente e não poder te sentir?

—Ana, tu ta confusa, eu te conheço e sei que isso é tudo passageiro, depois que a poeira baixar tu vai voltar correndo pra Letícia e ela vai te receber com todo amor do mundo, como sempre é... Eu vou tentar ser neutra a partir de hoje, Ana eu não quero que tua vida vire do avesso, e também na quero que aconteça isso com a minha...

Ana chorava sentada, com os cotovelos apoiados nos joelhos, e as duas mão no rosto.

—Ana, a gente precisa por limites, tava dando certo até um dia desses... se eu te amo? Eu te amo, mas Ninha tu tem medo de magoar as pessoas e acaba criando sentimentos na tua mente pra de certa forma alimentar a outra pessoa, não quero ser o motivo do fim do teu namoro, Ana não quero que tu viva uma ilusão, quer um conselho? Fala com lê, tenta concertar isso, eu vou me afastar juro que vou, vou me refazer, vou me reaprender, eu quero a calmaria de antes...

—Vitória para com isso! Eu não quero que tu se afaste, eu quero tua aqui comigo, eu tenho medo de magoar as pessoas, e eu sei disso, mas contigo ê diferente vi, não é medo, é amor vitória, tu é minha pessoa, tu é meu lar, não quero voltar com lê e ficar triste sem poder te ter, vou esclarecer pra ela, vou me desculpar mas é tu que eu quero Vitória.

Fiquei imóvel, meu corpo pedia que ficasse, minha mente dizia que eu fosse,  mas eu não queria magoar Ana, eu sabia que se ela desse um basta em Letícia, mais pra frente essa loucura de que me ama ia embora e ela ia sofrer, eu precisava me afastar, eu precisava evitar.

—Não Ana não é isso!

Falei soluçando, com a voz embargada, e fui me afastando em direção ao meu quarto.

—Vi, volta aqui por favor...

Ana falou levantando do sofá ainda em prantos, eu apenas segui, era tarde demais pra voltar...

Será que um diaWhere stories live. Discover now