Então Pronto!

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...Vitória POV...

Dois dias se passaram desde a confusão com Ana, hoje a gente iria se encontrar com uns amigos, já tava marcado há tempo e a gente não ia desmarcar com o pessoal por conta de uma coisa muito pessoal nossa. Tava marcado pra que a gente se encontrasse numa praça aqui em Araguaína as 17hrs, vesti um short jeans e umas camiseta preta, e nos pés fui com uma sandalhinha preta, Saí de casa exatas 16:45, e fui andando, porque a praça era na esquina da rua da minha casa, quando cheguei o único que tinha chegado foi Pedro, sentei ao lado dele no banquinho da praça e ficamos mexendo no celular e jogando uns papinhos fora enquanto o pessoal não chegava, depois de uns dez minutos Vi Ana se aproximando trazendo um violão pendurado nas costas.

—Oi Vi...— Ana falou baixinho e eu desviei o olho do celular e dei uma leve olhadinha pra ela sussurrando um "oi".

Depois ela falou com Pedro, e logo depois sentou na Graminha atrás da gente e começou a afinar o Violão, enquanto ela afinava mais gente ia chegando, até que todos chegaram, fizemos uma rodinha na grama, e iniciamos conversando um pouquinho, o pessoal perguntava muito sobre como tava sendo pra a gente viver da música, e as respostas sempre eram muito calmas, acho que o pessoal notou nossa falta de empolgação e diminuíram os níveis das perguntas, A roda formada e pela primeira vez na vida, Ana estava na minha frente e não do meu lado, tava tudo incompleto!
Começamos a cantar, Ana tocava acompanhada por alguns meninos que faziam uns batuques com outros instrumentos. Pediram pra que eu e Ana contássemos uma música nossa e cantamos singular, mas faltou a magia de sempre, faltou o nosso toque, faltou nossa troca, eu olhava pra grama, Ana olhava pro violão, o pessoal nos olhava confusos.
Cada um lembrava de uma música, os meninos acompanhavam fazendo o som, e assim ía, um momento muito nosso, e em meio a toda turbulência, consegui me passar um pouco de calma.
Ana disse que lembrava de uma música, e começou a tocar, logo depois iniciando a música com aquela voz doce

Eu to na preguiça que sempre te dá
Quando olho no relógio já passou das 6
Eu tô na play list do teu celular
Escondido na história da música 3

To no teu reflexo no espelho
No teu travesseiro, sonho e pesadelo
E quando acordar, eu tô aí
Mesmo sem estar

Ana cantava com os olhos fechados, aquele momento parecia só dela, e pelo que vi não foi só eu que percebi isso, as outras pessoas não acompanharam cantando com ela, ela cantava sozinha, e todos estavam fixos nela

Tô naquela fome louca de manhã
Na vontade de comer besteira no café
Tô naquela blusa que eu sei que é azul
Só pra me irritar insisti em dizer que não é
Tô na solidão do elevador
Do teu cobertor, no filme de amor
Seja onde for, eu tô aí
Mesmo sem estar

Meu olhos começaram a marejar, e Ana iniciou o refrão da música, ainda com os olhos fechados, e uma lágrima desceu pelo seu rosto, a lágrima parecia tímida, parecia querer se esconder, descia sem marcar muita presença

Que tal apostar
A gente não se fala mais por um mês
Você vai ver
Que o tempo não muda nada, nada
Nada, nada
Eu tô aí, mesmo sem estar

Uma lágrima desceu do meu rosto embora eu lutasse pra que não descesse, eu passava a mão no rosto enxugando-as pra disfarçar mas enquanto enxugava uma, outra caia no outro lado do meu rosto, desisti e deixei que elas descessem, Ana continuava cantando a música, o rosto direcionado ao céu, os olhos fechados, as lágrimas descendo.

Eu tô aí, mesmo sem estar...

A música foi chegando ao fim, a aos poucos as lágrimas de Ana iam parando, e as minhas estavam sendo contidas pelas minha mãos, o pessoal olhava pra Ana, e pra mim, pra Ana, e pra mim, em busca de explicações para oque tinha acabado de acontecer, mas não tiveram nenhuma resposta.
Tudo ficou silêncio, e eu dei batidinhas com a mão algumas vezes na minha coxa, enquanto usava a outra mão pra enxugar meu rosto e fui logo mudando o rumo que o grupo ía

Será que um diaWhere stories live. Discover now