Capítulo quatro

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Helena

-Não! –disse puxando a Lara pra dentro da igreja.

Ela correu para salinha das crianças e eu me sentei em um banco qualquer da igreja, eu não podia conversar com ele sabia do quanto eu estava machucada e não queria perder a razão caso eu lhe desse alguns socos e tapas ao invés de conversarmos. Fiquei ali pensando ou tentando não pensar em nada que envolvesse o Gustavo enquanto a Lara ensaiava.

-Vamos? –Minha irmã perguntou sorridente.

-Que cara é essa? –Thamy perguntou e provavelmente não sabia que o primo dela estava do lado de fora da igreja querendo conversar comigo depois de quatro anos.

-O Guga tá lá fora. –A Lara falou antes que eu pudesse responder.

-Vamos Lara! –disse me levantando e saindo e as duas vieram atrás de mim.
Ele ainda estava lá apoiado a um carro com os braços cruzados sobre o peito.

-Nena! –ouvi-lo chamar meu apelido foi como apertar o botão das lembranças.

Respirei fundo e decidi que era melhor enfrentar aquela conversa o quanto antes.

-Vamos na sorveteria. –Thamy puxou a Lara para sorveteria que tinha em frente a igreja.

-O que foi? –disse seca.

-Desculpa, desculpa por tudo. –falou fitando o chão.

Aquele pedido de desculpa quatro anos depois fez todo meu corpo inflamar de raiva, ele me machucou, me abandonou e agora com um pedido de desculpa achava que tudo iria ficar bem?

-È tudo que você tem a me dizer? –perguntei irônica –Passar bem! –Falei virando as costas voltando para o carro.

-Ei! –falou segurando meu braço fazendo meu coração acelerar ainda mais. –Eu amo você.

-Ama? Ama mesmo? –perguntei irônica.

-Você não acredita em mim? –perguntou.

-Não seja ridículo Gustavo você some por quatro anos, QUATRO ANOS! –disse gritando. –E agora quer que eu acredite que me ama? Você nem se importou de me dar um tchau.

-Eu não podia! –disse e nunca vi seus olhos tão triste como naquele momento em que me encarava.

-Eu era sua namorada eu merecia uma explicação! –falei e entrei no carro .
Parei o carro na frente da sorveteria Lara e Thamy entraram eu não iria conseguir dizer nada antes que lágrimas escorressem em meu rosto e acho que perceberam isso e nem perguntaram nada sobre a conversa.

Cheguei em casa fui para o quarto e me joguei na cama deixei todas as lágrimas retidas naquele dia cair naquele momento, meu coração estava apertado e uma dor insuportável me apertava. Eu orei tanto para que Deus me fizesse esquecer o Gustavo, pedi tanto para que ele deixasse aquela ferida cicatrizar, mas no momento em que vi o Gustavo pela primeira vez eu soube que aquela ferida nunca esteve sarada e ter fingido que ela tinha sido curada talvez tenha feito ela inflamar e doía tanto ou mais que antes.

***

-Chamei a Rafa para ir no cinema.

-Que ótimo! Até que fim tomou atitude de homem!

-Eu estava esperando a oportunidade certa para isso. –falou e pela voz soube que estava sorrindo.

-pelo amor de Deus deixa ela escolher o filme porque ninguém merecer assistir um filme de terror num encontro. –falei tentando parecer animada.

-Não é um encontro digamos que seja um passeio. –falou rindo.

-tá bom e só pra lembrar não tente beijar ela vocês dois são crentes e isso não seria certo. –falei e dessa vez meu riso foi sincero.

O que sobrou de mim? Onde histórias criam vida. Descubra agora