1
Tem um rapaz na minha rua, tão jovem quanto eu e Taehyung, que me olha curioso sempre que me vê. Loiro e mais baixo do que nós, ele me lembra uma tartaruguinha, os olhos pequenos em um rosto redondinho e fofo.
Sentando no jardim do meu vizinho, lendo enquanto ele pinta, questiono-o sobre o dito cujo assim que ele termina de esboçar um novo desenho e vem para perto de mim.
"Uma tartaruga?!", exclama já dando gargalhadas. Sua voz é grossa e a risada soa confortável, como chá e geleia de morango caseira em uma tarde fria.
"É, e daí? Eu acho!", respondo rindo de volta.
"Falando nele, olha ali!"
Limpando uma lágrima, meu companheiro de toalha aponta em direção ao homem que passa pela rua e nos olha com estranheza. Taehyung acena, ao passo em que o desconhecido, após revirar os olhos, levanta a mão e cumprimenta-o brevemente.
Minha presença parece ser ignorada, mas então percebo seu olhar sobre mim e, desconfortável, aceno com a cabeça. Ele acena de volta antes de ir embora.
"Aquele é o Yoongi. Ele consegue ser chato que nem um velho, mas não se deixe enganar pelo jeito ranzinza: ele gosta de gatinhos e, acredite, é uma pessoa muito carinhosa."
"Ele me olha bastante", comento. "Parece curioso."
"Ah, nem liga. Ele é estranho."
Embora ache engraçado logo Taehyung dizer isso, dou de ombros e me deito de barriga para cima, ignorando o presságio.
No céu, lua e sol compartilham do mesmo espaço enquanto anoitece; o rapaz se deita ao meu lado, também descansando.
2
Corro até a porta quando a campainha é tocada três vezes, ininterrupta.
"Pra que isso?!", exclamo agoniado, procurando o outro pé do chinelo, que havia sido jogado em algum lugar em um momento de frustração. "Que inferno!"
Para meu desespero, a campainha toca novamente. Opto por ir somente de meias e finalmente atendo ao chamado, encontrando um Taehyung sorridente e descabelado com uma muda de flores pequenas em mãos.
"Oi, Hoseok!", ele canta. "Posso entrar?"
Estou cozinhando meu almoço. A panela dá um estalo ao longe, e, enquanto vou conferir estado da comida, meu vizinho entra, coloca a mudinha sobre a mesa da sala e se senta no sofá, esperando.
"Nossa, que chinelo grande!", ouço-o dizer.
Quando o encaro, ele está analisando a peça. A comida está bem, mas não posso dizer o mesmo de mim; sinto minha face esquentar imediatamente e vou até ele, pegando o pé perdido de volta e jogando-o no outro lado do cômodo, ao passo em que ele parece inconformado.
"Por que você fez isso?!", pergunta inocente, quase como uma criança.
"Porque sim. Agora diz, qual o motivo da visita?"
"Ah! É verdade, né. Eu queria saber se você..."
"Calma", interrompo-o, "eu vou ficar chocado? Vou querer desistir da vida, vai ser assustador ou tem a ver com sangue?"
"Eu não sei? Não tem sangue, mas não sei se vai te chocar."
"Então fica pra almoçar e me conta depois. A comida tá quase pronta."
Ele sorri matreiro, levando as mãos à barriga e acariciando-a. Dou risada e ele ri de volta.
"Eu só estava esperando você me convidar."
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Vermelho da Cor do Céu
Fanfic| VHope | "Tae, como eu posso tornar isso melhor? Eu não sei... Eu realmente não sei..." E ele me olha com aqueles olhos puros, os mais bonitos que eu já vi. Seu sorriso, sua voz, sua personalidade; ele é perfeito. Eu soube que o amaria assim que no...