Feridas abertas

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                    Tomás

   Sinto um cheiro estranho invadir minhas narinas um cheiro forte de hospital, tento abrir meus olhos mais até este simples movimento me dói. Ouço um bipe bipe e tenho certeza estou em um hospital, busco respirar com força mais isso também dói, desisto, e deixo a escuridão me envolver.......

   -Tomás, Tomás pode me ouvir? Se puder tente mexer a mão.

   Assim que ouvi aquela voz mexi minha mão embora sentindo muita dor, o mínimo esforço para mim era como se tivesse montado em dez touros bravos, então volto a dormir.......

   Foi assim por vários dias eu estava consciente mas não conseguia abrir os olhos e nem dizer uma palavra, ouvia vozes mas não conseguia distinguir de quem eram, eu tentava mas tudo era demais, tudo doía, não sabia se era dia ou noite e nem o motivo de eu estar assim.

   -Tomás, Tomás pode me ouvir?     -   essa voz de novo, é sempre essa voz que me chama, mas hoje me parece mais clara e nítida, tento abrir o olhos e diferente das outras vezes não me dói tanto e consigo, e sai um resmungo.

   -Água  -   estou com a boca muito seca.

   Vejo uma moça linda vestida toda de branco e olhos negros como a noite me encarar assustada, para logo em seguida me lançar um belo sorriso.

   -Que bom que você acordou está conseguindo me entender?

   Tento lançar um sorriso mas sinto uma forte dor em minha cabeça e ele morre instantaneamente e tudo que consigo dizer é um sim embolado. Novamente ela me sorri e sai dizendo que vai chamar o médico.

   Nos minutos seguintes foi um verdadeiro caos era um médico atrás do outro, me examinavam e saíam dizendo ser um verdadeiro milagre eu ter acordado e eu ali sem entender nada e sem ter como perguntar o que havia acontecido.

   Depois me levaram a uma sala onde fui submetido a vários exames, quando voltei para o quarto Valter estava me esperando, senti um grande alívio em ver um rosto conhecido e enfim poderia saber o quê estava acontecendo.

   -Eu sabia que você era teimoso demais pra nos deixar chefinho, que bom que você acordou meu amigo   -   vi os olhos de Valter se encherem de lágrimas e soube naquele instante que seja o que for que tenha acontecido foi algo bem grave.

    -Posso saber o que aconteceu comigo   -  falei com muita dificuldade lutando contra a dor mas quando olhei para o rosto de Valter vi que ele ficou confuso com minha pergunta.

   -Como assim o que aconteceu, você não se lembra de nada? Você levou um tiro e nos deu um baita susto   -   tentou sorrir mas o seu sorriso não chegou aos olhos    -    não consegue se lembrar?

   -Eu não sei, tudo parece confuso, minha cabeça dói quando me esforço para lembrar, está uma bagunça na minha mente, me conte como vim parar aqui e quem fez isso comigo.

   -Eu não sei se posso lhe contar já que você não se lembra vou perguntar ao médico afinal de contas você está em coma já faz um mês.

   Levei um choque ao saber que estou assim a tanto tempo e nesse momento fleches de uma noite horrenda começou a vir em minha mente me deixando tonto.

   -Eu me lembro de algumas coisas mas não de tudo, eu lutei com alguém para salvar uma mulher ela estava em perigo e eu fui salvá-la    -    nessa hora o médico entrou novamente na sala interrompendo meus pensamentos conturbados.

   -Doutor, meu amigo aqui está um pouco confuso e não se lembra do que aconteceu, isso é normal?   -   notei que Valter estava tenso e eu também fiquei afinal de contas minha cabeça parece que deu um nó, o médico disse que era normal e que eu não me preocupasse pois logo logo eu voltaria ao normal pediu apenas que eu tivesse paciência e saiu nos deixando sozinhos.

Marcados Pelo PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora