Capítulo Três - Neve e atrasos

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Acabo de sair da entrada do meu edifício. Dacre me mandou uma mensagem na sexta à tarde perguntando se poderíamos nos encontrar no mesmo café, mas eu estava atolada em duas dissertações para entregar na segunda. Então marcamos para hoje, sábado, quando o tempo resolveu mudar e deixar o inverno mais frio tomar conta.

Os flocos de neve começaram a cair logo após o nascer do sol – algo próximo das oito horas – e eu finalizei meu primeiro manuscrito do trabalho de conclusão antes de Sam sair para trabalhar.

E agora eu estou saindo para almoçar com um estranho. Nós trocamos mensagens, mas mesmo assim ele parece distante, fingindo alguma coisa, dando a entender outras. Dacre parece com o cara que Sam encontrou na internet, mas ela tem suas dúvidas.

Confiro o horário do ônibus indo para o centro da cidade – tenho cinco minutos para correr até o ponto. Sem tempo para um café para acordar completamente. Chego no local com tempo apenas para subir no ônibus, pegar meu celular e mandar uma mensagem para ele dizendo que vou me atrasar.

Dacre: Sem problemas, eu estou um pouco atrasado também.

Tento ajeitar o meu cabelo e percebo que hoje ele resolveu não ter salvação. Puxo o capuz do meu casaco com pressa, como se o ônibus fosse chegar no centro em segundos. Estou repetindo o casaco vermelho porque ele é o único que consegue aguentar os flocos de neve que não param de cair.

Ontem, Dacre tinha pensado em caminharmos no parque, mas eu o alertei que se tinha uma previsão de neve, com certeza nevaria – ele me agradeceu hoje de manhã por ter avisado. Então acabamos marcando no Canada Place, um bom lugar para reencontrar um desconhecido.

Desço perto da Estação Waterfront e uso ela como atalho para sair próximo ao Canada Place. A neve parece dar uma pausa, mas já tem o suficiente acumulada na calçada para eu escorregar. Mando uma mensagem perguntando se podemos nos encontrar no Starbucks.

Dacre: Ok, te encontro lá.

Dacre: Aparentemente o trânsito se torna um inferno com toda essa neve.

Laura: Verdade HAHAHA Quer que eu compre algo para você?

Dacre: Não, obrigado.

Entro no Starbucks, peço um chá e espero por Dacre do lado de fora. O gosto do chá compensa a minha espera, mas não o valor que eu paguei – um sachê de qualquer chá e limonada teriam mais gosto de chá do que isso. Confiro meu celular, envio uma mensagem para Sam dizendo que estou bem e assisto à neve dar uma pausa.

Eu sei que marcamos de sair para almoçar e que o chá não tem o mesmo efeito que o café para me acordar, porém eu preciso distrair meu cérebro e a minha ansiedade. Em momentos assim, meu maior inimigo é o tempo, o relógio que não anda, o amontoado de segundos que passam por mim e fazem a ocasião parecer uma eternidade.

Termino meu chá, descarto o copo no lixo e penso em mandar uma mensagem para Dacre, mas alguém toca meu ombro e eu me preparo para responder algum turista quanto a uma dúvida de localização.

– Desculpe-me pelo atraso, Laura – Dacre parece diferente no casaco caramelo e óculos escuros. – Sério, o trânsito é terrível quando se começa a nevar. Ainda bem que não marcamos de ir ao parque.

– Eu te avisei – sorrio e percebo o esforço que eu faço para olhá-lo nos olhos com alguns centímetros de diferença entre nossas alturas.

– Acho que devemos começar isso direito. – Ele tira os óculos e os guarda no bolso. – Olá, meu nome é Dacre.

– Oh, olá, Dacre – brinco com o sotaque britânico. – Prazer em conhecê-lo. Eu me chamo Laura.

– Prazer em conhecê-la, Laura. – E ele me puxa para um abraço. Respiro bem fundo para guardar o aroma do perfume dele. – Então, acho que vamos caminhando até o restaurante.

– Ou a gente pode ir pegando atalhos até lá, porque eu tenho quase certeza que eu vou escorregar com essa neve. Você poderia nos dizer aonde vamos almoçar?

– Então, eu sei que marquei no centro com você, mas o nosso restaurante é em um lugar chamado Granville.

– A rua ou o mercado?

– Com certeza o mercado.

– A gente pode pegar o metrô até a Vila Olímpica e caminhar até lá, não é longe. – Ele parece gostar da ideia. – Podemos conversar no caminho.

– Nossa reserva é só pra daqui uma hora, então acho que dá tempo.

– Dá e sobra.

Dacre não tira os olhos de mim mesmo quando eu pareço olhar para todos os lugares e pessoas na rua. Sinto meu coração bater mais forte ao encarar os olhos azuis dele. Ele se aproxima de uma maneira sutil e segura a minha cintura.

– Talvez eu possa te ensinar o sotaque australiano – sugere ajeitando o capuz do meu moletom.

– Ei, eu sei me cuidar – tiro as mãos dele do capuz e o empurro gentilmente. Lembre-se, Laura, ele continua sendo um estranho. Você precisa de mais informação.

– Ok, Laura. Para onde devemos ir, guia de Vancouver?

– Apenas confie em mim.

...

Olá queridos leitores!

Espero muito que vocês estejam gostando da história. Eu pretendo terminar de escrevê-la essa semana ainda (é bem curtinha, não me matem por conta disso), então eu vou escrevendo e postando. Vou revisar assim que terminar de postar aqui para vocês, viu? (Mas tô torcendo para que não tenha muitos erros hahaha)

Bom, é isso, vejo vocês no próximo capítulo!

Isa

Doce Sotaque | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora