Dacre voltou com o chocolate quente mais rápido do que eu imaginava – a barista o reconheceu e adiantou nossas bebidas, caprichando no chantilly e na temperatura. Ele se sentou ao meu lado no sofá novamente, eu joguei minhas pernas sobre as suas e me aconcheguei no abraço dele, segurando meu chocolate quente com as duas mãos. E, bom, eu não quero sair daqui tão cedo.
– Você escreve? – Dacre me pergunta, tirando-me do meu estado imaginário.
– Hã?
– Livros, contos, histórias que guarda em uma pasta no seu notebook para ninguém achar, você escreve?
– Às vezes, nada sério. E nada que eu ache que vale a pena ser compartilhado.
– Sério? No que você estava trabalhando quando nos conhecemos?
– E-mails, nada demais. – Reviro os olhos.
– Está se sentindo melhor?
– Aham – tomo um gole do meu chocolate que está quase acabando.
– Você consegue patinar? Porque se aquele pouco de gelo te derrubou, fico imaginando como você se sai numa pista.
– Eu patino muito bem, Dacre. A melhor patinadora de todas.
– Não acredito em você. – Nossos rostos estão próximos agora.
– Tem uma pista de patinação bem perto daqui, podemos ir lá e tirar a prova.
– Nós vamos fazer uma aposta?
– Se você gostar de apostar para perder, podemos fazer uma.
– Se você for uma péssima patinadora, você vai ter que me mostrar as coisas que escreve quando não está fazendo trabalhos da faculdade.
– Você vai se decepcionar tanto. – Termino minha bebida e deixo o copo vazio na mesa. – O que eu ganho se eu mostrar que sou uma ótima patinadora?
– Um encontro comigo.
– Mas só um encontro?
– O melhor encontro da sua vida, garota tola.
– O que nós ainda estamos fazendo aqui, então, perdedor?
Dacre joga a minha perna para longe dele, pega seu celular e óculos em cima da mesa, deixa seu copo sobre a mesa e sai correndo. Todo mundo no estabelecimento olha para ele como se ele fosse um louco, então eles olham para mim. Eu dou de ombros, pego o meu casaco, visto-o e vejo Dacre do lado de fora, apertando os braços contra seu corpo.
Balanço o casaco dele e saio calmamente, como se deixá-lo passando frio não partisse o meu coração.
– Seu casaco, perdedor – entrego-o e ele o veste o mais rápido que consegue.
– Não está mais nevando.
– Que bom para nós – deixo-o para trás com passos cautelosos.
– Ei, aonde você está indo? – ele me alcança e passa seu braço pela minha cintura. Institivamente, eu tiro a mão dele de lá, mas ele torna a colocá-la ali. – Eu não vou te derrubar, prometo.
– Pista de patinação, lembra?
– Achei que você não estivesse falando sério.
– Eu nunca falei tão sério na minha vida, Dacre. Nunca duvide de mim, ainda mais apostando o melhor encontro da minha vida.
– Ei, não se esqueça que você vai ter que mostrar seus textos se isso for mentira. – Ele brinca com o meu cabelo e eu dou um tapa em sua mão.
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Doce Sotaque | ✓
Короткий рассказDois estranhos em uma cafeteria. Ela parecia habitar ali, com seu café e notebook. Ele destoava, era um completo estranho. Ele tinha um sotaque facilmente reconhecível, ela fingia todos os sotaques do mundo para tentar se esconder. O jeito de pronun...