A água morna batia nas minhas costas e na minha cabeça. Eu precisava de acordar e estar o mais atenta possível dentro de uma hora. Depois de 15 minutos debaixo do chuveiro, decidi que estava na hora de sair. Tinha ainda que dar uma arrumadela ao meu quarto, apesar de tudo sou uma rapariga e parece extremamente mal apresentar un quarto onde uma pequena pilha de roupa está acumulada na cadeira e livros e papéis espalhados pela secretária.
Enrolei uma toalha à volta do meu corpo e outra no meu cabelo. Sai da casa de banho em bicos de pés, só para tentar com que o frio não se espalhasse pelo resto do meu corpo. Caminhei o mais rapido que pude para o meu quarto. Assim que entrei, fechei a porta e olhei para a desarrumação. Tinha meia hora para estar vestida e para ter tudo o mais arrumado possível.
Enquanto caminhava para a minha mesinha de cabeceira, tropecei numa das minhas sapatilhas e dei com o dedo mindinho do pé na esquina da cama. Uma dor aguda preencheu todo o meu pé e rapidamente a minha perna. Um gemido sai dos meus lábios e mal consegui aguentar-me em não chorar. Odeio quando isto me acontece.
Após uns minutos a massajar o dedo, passo ao passo seguinte, vestir-me. Peguei numas calças de ganga skinny, numa camisola azul justa e apenas coloquei os meus chinelos. Afinal de conta estava em casa e podia andar confortável. Penteei e sequei o meu cabelo dourado. Olhei-me ao espelho e vi a minha pele demasiado pálida. Não interessa, não estou aqui para agradar ninguém e muito menos para agradar os meus livros de matemática. Tudo o que eu mais queria era que eles tivessem tanto medo de mim quanto eu tenho deles.
Arrumei o meu quarto todo. Estava agora tudo exatamente apresentável e com um ar fresquinho. Pousei o meu caderno e os meus livros de matematica em cima da minha secretária. Olhei para o relógio e ainda faltavam cinco minutos.
Desci as escadas e fui buscar uma maçã. Estava a começar a ficar com fome e tinha que nutrir o meu cérebro para que este não se desligasse.
Sentei-me no sofá da sala enquanto fazia zapping, apenas para ver se o tempo passava mais depressa. Antes de conseguir acabar de comer a minha maçã, ouvi um toque na campainha
Era agora.
Entrei em pânico e não sabia se me havia de esconder ou abrir a porta enquanto acabava de comer a minha deliciosa maçã.
Talvez se me escondesse não teria que aturar ninguém. Mas instantaneamente, a imagem da minha mãe a mandar-me para casa dos meus tios invadiu o meu pequeno cérebro. Um arrepio atravessou o meu corpo e sabia que não tinha outra hipótese. Suspirei e levantei-me preguiçosamente do sofá enquanto caminhava pelo corredor. Contei até 3 antes de abrir a porta e olhar para a pessoa que se encontrava à minha frente.
O meu coração parou, a minha respiração prendeu e o meu cérebro avariou. Um rubor escarlate invadiu rapidamente as minhas bochechas. Eu preferia o velho que dava bolachas sempre que acertava em algo do que este homem que se encontrava diante mim.
O sucedido de hoje invadiu os meus pensamentos e o chá derrubado naquele homem alto fez com que ficasse ainda mais acanhada. Eu tinha que reagir ou algo de muito mau ia acontecer.
- Estava mesmo destinado ha? - Ouvi novamente a sua voz rouca misturada com um certo tom de gozo.
Baixei o meu olhar, estava furiosa pelo facto que ainda estar a gozar com a minha cara. Afastei-me da sua frente dandi permissão para entrar. Ele entrou e olhou para todos os cantos do hall de entrada. O meu olhar ainda estava prendido no chão de madeira e não sabia se havia de fugir ou guia-lo para o neu quarto. Talvez devesse dar uma oportunidade.
As minhas pernas finalmente tomaram o seu próprio controlo e movimentei-me até ao meu quarto. Ouvia passis pesados atrás de mim, por isso tinha a certeza que ele me seguia. Abri a porta e entrei junto dele. Ele pareceu olhar para todos os cantos do mesmo. Hm... Observador. Ainda bem que o limpei mesmo à pouco.
- Então, Connie, certo?
Apenas assenti, ainda estava demasiado atormentada para falar.
- Tens dúvidas em quê? - Perguntou enquanto se dirigia à minha secretária e remexia nos livros de matemática.
- Tudo. - Murmurei.
Ele olhou para mim e riu-se.
- Quase a fim do ano é que decides correr atrás de toda a matéria? - Argumentou.
- Não tenho outra escolha.
- Hm, ok. Quando vais ter teste?
- Daqui a duas semanas? - Mordi o interior da minha bochecha. - Ou três? - A incerteza pairava no meu cérebro.
- Tu não sabes quando vais ter teste? O que andas a fazer na escola?
- Podemos avançar por favor? - Bufei.
- Sim, claro. Daqui a 2 horas tenho outros compromissos por isso é melhor despachar já isto tudo.
Ambos nos sentamos em frente à secretária. À medida que ele ia explicando as coisas, apenas algumas delas entravam na minha cabeça. Trigonometria para aqui, teoremas para ali. Já estava a baralhar tudo.
- Sabes qual é a hipotenusa?
- É aquela ceninha do teorema de pilates. - Respondi sem interesse.
- Teorema de pilates? Mas tu por acaso ouviste alguma coisa do que eu te disse? - Interrogou zangado.
- Ouvi! - Menti.
- Ah sim? Então faz a tangente deste triângulo. - Desafiou-me enquanto me entregava o lapis.
Primeiro olhei atentamente para o triângulo rectângulo que estava na folha. Os triangulos são compostos por três lados, certo? E têm angulos, que podem ser agudos, graves ou... exdrúxulos? Espera, isso não é em português? Mas o que é que os ângulos têm a ver com a tangente? O que é mesmo uma tangente? Comecei a rabiscar para ali à sorte, eu não sabia, nem fazia a menor das ideias como ia resolver aquilo.
Pousei o lapis em cima do papel e ele começou a ver o que eu fiz. As minhas bochechas começaram a aquecer novamente e sabia que tinha aquilo tudo errado apenas por olhar para a expressão da sua cara. Assim que acabou de ver, os seus olhos encontraram-se com os meus. Eram verdes profundos, mas estavam demasiados chateados comigo. Ele tinha sem dúvida os olhos mais lindos que já vi e aparentava ser uma pessoa nova.
- Sabes o que escreveste aqui? - Murmurou com uma voz extremamente profunda.
- S-sei...
- Queres que leia em voz alta? - Vi um pequeno brilho de gozo a bailar em toda a sua face e não precisava que me envergonhasse ainda mais.
- Não! - Exclamei.
- "Tangente é um ângulo exdrúxulo de um triângulo. Serve para verificar o teorema de pilates e para ver quanto mede a hipomedusa." - Repetiu.
Tapei a minha cara com as mãos e pousei a cabeça em cima da secretária. Eu ia chumbar e ia para a quinta dos meus tios em Ohio. Sou mesmo infeliz, nem um simples exercício consigo explicar. Senti os meus olhos a criar água e tinha que parar ou ia chorar à frente dele. Um pequeno soluço escapou-se dos meus lábios e senti uma mão nas minhas costas.
- E-estás a chorar? - Perguntou nervoso. - Desculpa, não queria fazer-te sentir mal.
Levantei a minha cabeça e limpei uma lágrima que tinha fugido. Pousei as mãos no meu colo e fintei-as com os olhos.
- Tudo bem. - Pronunciei com uma voz fraca.
- Eu acho que tens que estudar mais. Tenho a certeza que consegues a positiva a matemática, Connie.
- Se eu não conseguir, a minha mãe manda-me para os EUA.
Ele olhou para mim com certa pena e esfregou o meu braço numa tentativa de me acalmar. Vi que ele pegou no seu telemóvel e verificou as horas.
- Bem... Ainda falta meia hora e sei que hoje não vais conseguir captar mais nada. E que tal irmos beber chá? Tu entornaste-o em cima de mim e nem chegaste a bebe-lo todo.
Olhei para ele. Mais meia hora à sua beira, deveria ir? Eu não tinha nada para fazer em casa, estava completamente sozinha. Talvez um chá não faça mal a ninguém.
Quando escrevi este capitulo tava com pouca inspiração, mas espero que tenham gostado :oo
E publiquei mais cedo para compensar-vos do atraso do ultimo capitulo :33