5ºCapitulo

1.1K 102 7
                                    

Um chá não faria mal. Seria o segundo chá do dia, e o chá dá-me sorte. Talvez me faça esquecer o facto de eu ser um caso perdido em matemática. Eu apenas não consigo entender o facto de precisarmos daquilo para alguma coisa. Não faz sentido na minha pequena e ignorante cabeça.

Agarro no meu caso e meto a minha gola ao pescoço, pego na minha mala e olho para o homem atraente á espera na moldura da porta. Ele tem o casaco comprido vestido, e novamente todo ele é pernas envoltas numas calças que eu presumo serem parte do fato que eu simpaticamente arruinei hoje de manha.

Ele desvia-se para eu passar e abre a porta da entrada. Quando a fecha, vasculho na minha á procura das minhas chaves para a trancar melhor. O barulho das chaves faz-me localizas mais depressa.

Quando a porta está fechada, Mr.Styles dá-me passagem. Descemos as escadas do prédio e concluo que os sapatos dele fazem barulho, muito mais barulho do que as minhas sapatilhas. O que é engraçado tendo em conta que eu é que devia usar sapatos barulhentos.

Quando chegamos á rua dou-me ao luxo de o observar. As mechas de cabelo dele brilham sobre alguns raios de sol que decidiram espreitar, e concluo que até o cabelo dele é melhor que o meu.

Estudo o perfil dele e vejo o quão atraente é o homem. Parece algum modelo saído de uma sessão de fotografias de roupa cara. É lindo. Pontapeio-me mentalmente. Tenho de parar de reparar no quão atraente ele é.

-sabes Connie, consigo sentir os teus olhinhos de safira em mim.- ele ri. Uma gargalhada rouca que me arrepia num bom sentido.

-estava só a tentar perceber o que faz você a dar explicações.- Começo. Tenho de dar alguma explicação, por muito mentirosa que seja.

Ele fica calado durante longos e agoniantes segundos e vejo como o seu rosto se franze. Também ele parece estar a querer inventar alguma coisa e não lhe acorre nada, segundo me parece.

-não que precise do dinheiro, mas é o único meio legal. Sinceramente, gosto de ajudar os miúdos em alhadas como tu.- Ele sorri.

-bom, eu diria que á primeira vista, o senhor parece o típico professor rígido de universidade.- Eu solto um pequeno riso.

Ele para de andar e eu paro por reflexo também. Eu olho para ele, e ele tem as sobrancelhas arqueadas. A sua boca rígida e parece que qualquer vestígio de humor desapareceu dos seus lábios. A minha respiração fica presa.

-eu sou professor universitário. Estou só a dar algum tipo de ajudas a pessoas enrascadas como tu.

-oh, desculpe Mr.Styles.- fixe, digo sempre a coisa errada.

-não tem mal Connie.- ele retoma a caminhada.

Ele não diz mais nada e sinto-me estranha neste silêncio. No entanto algo nele que não me deixa sentir constrangida. É como se eu o conhecesse, mais do que aparento. É como se o episódio do chá fosse apenas mais uma página de um grande livro.

Caminhamos pela calçada e novamente os sapatos dele começam a fazer barulho. Olho para ele e parecem caros, de pele preta e brilhantes. Devem ter sido caros…como a camisa que eu sujei.

-eu devia pagar a limpeza da sua camisa.- um murmuro escapa dos meus lábios.

Ele ri-se e uma covinha aparece na sua bochecha. Não me lembro de ver aquela covinha no outro lado da sua cara.

-não é preciso, tenho uma centena e meia de camisas brancas.

Eu continuo perdida nos meus desvaneios e vou contando as árvores nos canteiros. Parece estranho, mas é estranhamente calmo quando estou nervosa. Ironicamente contar mentalmente acalma-me em situações em que estou nervosa.

Soul MatesOnde histórias criam vida. Descubra agora