POV Harry
Quando eu ia finalmente unir os nossos lábios, ouço um som interromper-nos. Ela pareceu acordar do seu transe e rapidamente afastou-se de mim, levantando-se abruptamente do sofá. O seu olhar parecia confuso, demasiado confuso.
O som permanecia a chatear o ambiente e vou até ao bolso das minhas calças e retiro o aparelho telefónico. Merda Olivia, porque tinhas que ligar agora?
- Estou.
- Olá amor. Como estás? - Perguntou e eu quase imaginei o seu sorriso.
- Bem. Não devias estar a trabalhar?
- Devia, mas estava com saudades da tua voz. - Declarou.
- Oh.
- Que estás a fazer?
- Nada de especial.
- Tenho uma surpresa para ti! - Ouvi a sua voz estridente.
- O quê?
- Adivinha.
- Vamos passar férias às caraíbas no inverno?
- O quê? Não! Tenta outra vez.
- Não sei, amor.
- Ok, eu digo. Eu este fim de semana venho mais cedo para casa! - Exclamou e riu-se.
- Ah, quando?
- Hoje à noite. Gostei muito desta nossa pequena conversa, mas tenho que voltar ao trabalho. Beijo, amo-te.
- Também te amo.
Quando ela finalmente desligou, soltei um suspiro. A Olivia é um bocado chata, está sempre em cima de mim e a ligar-me. Eu gosto imenso dela, mas a partir do momento em que começamos a partilhar a mesma casa, parece que o nosso relacionamento se tornou mais chato. É por isso que se calhar eu ofereci os brincos à Connie. Talvez porque eu preciso de um pouco de diversão. Uma diversão perigosa, que envolve a traição.
Merda, sou um ser humano horrível. Não posso trair a Olivia, ela não o teria coragem de o fazer a mim também. Olho para cima e posso reparar que a miúda loira, de olhos verdes ainda está na mesma posição, com a mesma expressão.
Eu não a posso ter aqui, eu sei que não vou resistir e vou acabar por fazer algo que me vá a arrepender no futuro. Merda, eu já me sinto arrependido por ter roçado os meus lábios nos dela. Ela vai pensar que eu tenho algum tipo de sentimentos por ela.
Fodasse, fodasse, fodasse.
- Hm, Connie... - Falei um pouco mais duro, enquanto me levantava do sofá. - Podes levar as minhas roupas, enquanto as tuas não secarem. Eu vou mete-las dentro de uma mala.
Ela assentiu e cruzou os seus braços enquanto esperava que eu arrumasse as suas roupas. Assim que acabei de o fazer, entreguei-lhe o saco e olhei para os seus olhos.
- Se precisares de ajuda, liga-me. - Murmurei um bocado rude demais.
Nenhuma palavra saia dos seus lábios e seguiu-me até à porta da entrada. Eu tecnicamente expulsei-a de minha casa. Jesus! Eu não ando mesmo bem. Quando ela caminhou para o lado de fora da porta, dei-lhe um último olhar e fechei a porta sussurrando um simples adeus.
Voltei para dentro e caminhei até á varanda. Carreguei no interruptor e os estores começaram a subir. Vejo o corpo pequeno dela a correr pela chuva, e sinto como um murro no meu estomago. Como pude ser tão insensível? Merda que divertir-me, que mesmo divertir-me, mas não posso, então mando a miúda para a casa á chuva? Fodace.