*Alice*
Encontrava-me de novo na prisão para uma nova audiência com o rapaz do qual tinha de provar a inocência. Passei a segurança da entrada e abriram a porta ferrugenta, para entrar no estabelecimento prisional. Dirigi-me até à sala do dia anterior, acompanhada por guardas.
Atrás de mim, abriu-se uma porta e ouvi:
- Não vou! Não vou! Ela quer matar-me! Recuso-me! Recuso-me! – rapidamente, dois guardas arrastaram-no até junto de mim. Senti pena dele. Mas, ele não estava a colaborar e eu só queria ajudá-lo!
- Estou a ver que não mudou de ideias... - suspirei, encarando o rapaz que era sentado à força.
Ele estava irritado e descontrolado. Para o pararem, meteram-lhe um colete-de-forças. Ele aproximou a cara de mim e falou com um olhar louco, na tentativa de me fragilizar:
- Não me matará, antes que eu a mate!
- Tenha calma... - tentei manter a minha postura - eu não quero matá-lo. Eu quero ajudá-lo.
- Eu não lhe vou dizer o nome dele, por mais que tente sabê-lo! Pode torturar-me que, mesmo assim, não vou dizer! - gritava furioso.
- Pedro, por favor, tenha calma...
- Eu já disse o que faria! Não me vai matar! – a maneira com que ele montava as palavras, deixava-me desconfortável. Eu não desejava a morte de ninguém.
- Pedro, eu preciso desse nome, para o tirar daqui! - tentei dizer, mas ele continuava a gritar que não me iria dizer o nome de ninguém.
Frustrada, peguei nas minhas coisas e saí da sala. Atirei a pasta para o chão e fechei os olhos, tentando recompor-me. Inspirei fundo, e assim que voltei a abrir os olhos, ouviu-se uma sirene a tocar.
De repente, começo a ouvir o barulho das celas a abrirem e gritos por toda a parte. Tinha começado um motim! E eu estava ali sozinha! Tinha de me esconder!
Alguém me agarrara com força - um recluso qualquer e gritava "refém". Eles iam usar-me como moeda de troca com os seguranças. Não! Com tantos encontrões e pontapés, o homem largou-me e caí no chão, batendo com a cabeça na quina de uma das portas das celas. Levei a mão à testa, estava a sangrar!
Alguém correu para mim e segredou-me algo ao ouvido. Com a visão meio turva, reparei que se tratava do Pedro, que saíra a correr. Os prisioneiros andavam de um lado para o outro, sem querer pisando-me e pontapeando-me.
Eu não me conseguia levantar e a minha cabeça andava à roda. A pancada ainda tinha sido forte. Tentei agarrar-me a porta da cela, para me erguer mas era difícil, enquanto era empurrada contra a mesma.
- Que merda se passa agora!? - ouvi uma voz rouca ali perto - Mais um motim! Que festival! Saiam da frente, caralho!
Senti o meu corpo desfalecer e cai em cima de alguém.
Fechei os olhos com força. Pensei que fosse atirada para o chão mas, assim que dei conta, estava a ser segurada por dois braços fortes.
- Olá? Estás bem? – ouvi.
Com a visão desfocada, dei de caras com um olhar escuro familiar. Tentei falar e notei que o rapaz que me segurava observava o meu ferimento na cabeça.
- Ajuda-me... por favor.. - pedi com a voz enrolada.
- Consegues andar?
- Nã-não sei... - respondi num suspiro. Ele meteu um dos meus braços à volta do pescoço dele e segurou a minha cintura, para que eu conseguisse andar.
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Never Say Never •• A.S. André Silva ••
Fanfiction"You can never say never While we don't know when But time and time again Younger now than we were before" Ele vivia com a culpa de um passado, arrependido, de orgulho ferido, por ser fraco... Mas ela apareceu... Como um rasto de esperança no neg...