_11_

136 18 5
                                    

*Alice*

Saí do carro com um ar cansado. A Margarida pegou na minha mala e ajudou-me a subir até ao elevador. Ainda me sentia um bocado zonza e precisava de descansar.

Saí do elevador e dirigi-me à porta de casa. A Margarida entregou-me as chaves e destranquei a porta.

Rodei a maçaneta, pronta para me ir deitar no sofá da sala. No entanto, não esperava que o sofá já estivesse ocupado, sobretudo ocupado por aquele moreno de olhos negros.

- André!? - balbulciei, encarando o rapaz, refastelado no sofá. Como é que ele tinha entrado!?

- Hm... Alice, estás bem? - ele sorriu levantando-se.

- Sim, estou... Mas, o que é que fazes aqui? Como é que sabias que eu ia chegar e como entraste?

- Já te disse que sei tudo - ele riu, agarrando-me a mão, com delicadeza.

- Ahm bem... Eu era para ficar a tomar conta de ti, mas até logo! - a Margarida exclamou, pegando na mala - André, toma bem conta dela! -a minha irmã sorriu, fechando a porta.

Assim que ela fechou a porta, um beijo quente tomou por assalto os meus lábios. Tinha tantas saudades daquele toque.

O moreno abraçou o meu corpo com alguma cautela e beijou-me com calma, apesar da intensidade do gesto. Subi as mãos para os seus cabelos, só me afastando por falta de ar, momentos depois.

- Senti a tua falta... - sussurrei, abraçando-me ao rapaz, deitando a minha cabeça no seu peito.

O André retribuiu o abraço e sentámo-nos no sofá. Deitei-me sobre o seu ombro, agarrada ao seu braço.

- Então, tiveste saudades? - ele perguntou, rindo.

- Sim, tive - disse sincera - E, tu?

- Achas?! - perguntou, irónico, afastando-se, um pouco - Só muitas! -agarrou o meu rosto e beijou-me. Eu ri e retribui o beijo.

Afaguei o seu rosto, observando aquele sorrisinho atrevido. Era tão bom tê-lo do meu lado. Até que me lembrei, de repente.

- Espera... - afastei-me bruscamente - André, o que fazes em minha casa!? Tu... saíste da prisão!?

- Ninguém sabe! Tem calma!

- Não! Não, André! Podem aumentar-te a pena! Tu és doido!? - levantei-me, indignada - És um inconsciente! Não quero que te deixem lá dentro, mais tempo!

Ele puxou-me para cima dele, deitou-me no sofá e começou a beijar-me, tentando desviar a conversa, dizendo que não tinha de me preocupar com nada.

- André... - tentei pará-lo - André, não! André! - empurrei-o - Para, não podes estar aqui! Se te apanham... ficas mais tempo na prisão. Achas que dezesseis anos já é pouco!?

- Alice... eu... - o moreno gaguejou, tentando beijar-me. No entanto, eu desviei a cara e sentei-me no sofá.

- O que fizeste para estares preso? - perguntei séria, encarando os seus olhos negros - André, sê sincero...

- Tu sabes...

- Não, não sei... - peguei no seu rosto com as duas mãos - A história do assalto é mentira...

- Não, não é...

- André... por favor, sê sincero. Não te vou julgar - pedi, beijando a sua testa, depois de me colocar à sua frente

- Ainda não estás pronta... - referiu  - Mas, tenho uma coisa para te pedir -ele pegou as minhas mãos.

- Eu estou pronta. Só quero saber a verdade... - sussurrei, beijando os seus lábios - Sinto que me escondes tanta coisa... - baixei o olhar, mas rapidamente o voltei a olhar - Que coisa é essa que me vais pedir?

Never Say Never •• A.S. André Silva ••Onde histórias criam vida. Descubra agora