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*Alice*

Ajeitei o casaco que trazia no braço, enquanto caminhava acompanhada até à sala de visitas na prisão, há hora combinada com o André. Mesa do canto, relembrei por momentos o que o moreno me tinha dito ao telefone.

Fiz o mesmo percurso dos últimos dias até chegar à sala de visitas. Os guardas abriram-me a porta e entrei na sala. De manhã, àquela hora algumas pessoas deslocavam-se à prissão para visitar familiares, então a sala não estava completamente vazia. Dirigi-me à mesa do canto, como combinado é sentei-me à espera do moreno.

Batia freneticamente com as pontas das unhas na mesa. Estava nervosa. Era a primeira vez em muitos anos que me sentia assim, atrevo-me a dizer que até senti borboletas.

A porta dos reclusos abriu-se, nesse momento. Olhei para a porta e vi sair, acompanhado de quatro guardas o rapaz, que ontem à noite, me tinha ligado. Ele olhou em volta, observou o espaço, depois dirigiu o olhar para a mesa, onde eu estava sentada.

Os nossos olhares cruzaram-se e novamente tivemos uma troca de olhares intensa, que deixava o meu corpo completamente arrepiado. O moreno desviou o olhar para os guardas. Falava com eles como se fossem amigos, companheiros. No fim, cumprimentou-os, com um aperto de mão e seguiu até à mesa.

Não consegui desviar o olhar dele, durante o pequeno percurso que o rapaz fez até à mesa. Puxou a cadeira para trás e sentou-se à minha frente.

- Bom dia! - desejou, agarrando-me na mão e beijando-a. Revirei os olhos, apesar de ter gostado do simples gesto de cavalheirismo. Interiormente, senti um arrepio assim que senti a sua mão pegar a minha. Eu estava um pouco desconfortável, então rapidamente desviei o olhar, envergonhada.

- Olá... Bo-bom dia... - murmurei com algum nervosismo na voz.

Ele deu uma leve risada por eu estar nervosa. Subi o olhar, encontrando aquele sorriso divertido.

- Então sobre o que é que querias falar comigo? - perguntei, escondendo o nervosismo e indo direta ao assunto.

- Nada demais - o André aproximou-se de mim. Senti uma vontade imensa de o beijar, naquele preciso momento, mas, baixei o olhar para a minha mala e controlei-me. Como é que era possivel eu querer beijá-lo, tendo namorado e mal o conhecendo!?

- Então... Porque é que... me chamaste? - resolvi questionar.

- Eu disse que te queria ver em breve - o moreno fez uma pausa, olhando para as minhas pernas destapadas pela saia que eu trazia - Ah, e a Márcia queria ver como estava a ferida - acrescentou, olhando-me nos olhos.

- Como... é que tu sabes que falei com a Marcia? - a prespicácia dele dava-me curiosidade

- Ela era a enfermeira responsável, naquele dia e, como é habitua,l eles levam as pessoas para verificar se tudo está bem - ele afirmou, voltando a aproximar-se de mim. Senti aquele perfume intenso, mais uma vez.

- Ah, pois claro... - concordei, desviando o olhar de novo. 

- Então, e o que é que vais fazer com o caso do Pedro? - não estava à espera da pergunta mas, sinceramente, precisava de alguém com quem desabafar em relação àquele assunto.

- Não sei. Eu estou um bocado confusa com o que aconteceu. E, além disso, sou advogada e não inspetora da polícia para andar aí a procurar assassinos.

- Mas, ele não era inocente? - o moreno perguntou, como se já soubesse a história toda.

- Era... - murmuro.

- Bom, tens de descobrir quem é o culpado! Ou vais desistir? - desafiava ele, com aquele tom de voz traiçoeiro e rouco. 

- Eu não sou desistente! - digo firme - Mas, tanto não sou inspetora da polícia. Compreende isso!

Never Say Never •• A.S. André Silva ••Onde histórias criam vida. Descubra agora