Capítulo 5: Penumbra de dor e confusão (Sir)

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Eu fiquei lá, parado, sem ter a menor ideia do que falar

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Eu fiquei lá, parado, sem ter a menor ideia do que falar. Era eu para o bem ou era eu para o mal? Ver a garota ali, de pé e quase inteira, tirou um pouco da pressão que eu sentia em meus ombros e, só assim, me dei conta que vinha estando tenso por ela. Que ironia, não? Eu que estava trancado em uma cela por causa dela e nervoso com seu estado...

Mas ela parecia tão frágil assim de perto que eu começava a entender porque tinha me jogado contra aqueles dois homens gigantescos em uma desastrada tentativa de ajudar. Tinha sardinhas no nariz que eram visíveis mesmo a distância e um cabelo que eu não conseguia explicar direito a cor, mas que ficava entre mel e caramelo. Era tão tipicamente inglesa que chegava a doer.

Ou, talvez, a dor não fosse exatamente por sua aparência física, mas sim pelo fato de que eu tinha levado um soco na cara e caído por baixo de uma pesada bicicleta por causa dela. Minha barriga doía no local onde o guidão tinha espetado e eu ainda não havia reunido coragem suficiente para espiar o roxo que possivelmente vinha surgindo, de acordo com a dor que eu sentia.

― Olá ― a garota disse em inglês, dando um rápido sorriso. ― Meu nome é Jenny ― ela inclinou a cabeça. ― Apelido, quer dizer ― fez uma careta. ― Meu nome mesmo é Jennifer...

Jennifer. Eu não estava verdadeiramente interessado em apresentações formais naquele momento, só em saber se ela sabia ou não que eu tinha tentado salvá-la e não atacado. Provavelmente sabia, não é? Ela se apresentaria para quem tentou atacá-la? Espero que não. As esperanças vinham sendo criadas dentro de mim. Esperanças de que muito em breve eu poderia voltar a fazer macchiatos ruins e visitar meu dicionário na livraria. Assim que a dor passasse, eu poderia voltar a uma rotina normal.

― Lady Jennifer ― alguém disse atrás dela e, pelo tom, dava para ver que aquilo era uma correção.

Correção! Se minha barriga não doesse tanto, acho que eu daria uma gargalhada. Lady Jennifer? Que raios de nome era esse? Quem se chamava Lady? A mãe dela era algum tipo de fã eterna de Orgulho e Preconceito? Não era a toa que ela tinha escondido do primeiro nome na apresentação! Mal conseguia respirar sem sentir pontadas na coluna, então me limitei a tentar dar um sorriso de volta.

Ele murchou assim que eu vi quem tinha feito a correção: o dono do punho que acertou meu rosto. Ele estava parado do lado de fora, perto dos policias que faziam a escolta da situação. E me encarava como se tivesse nojo de mim. Dava vontade de dar um soco na cara dele, mas minhas chances eram mínimas com aquela dor. Para não mencionar o fato que eu estava dentro de uma cela, dentro de uma delegacia e já com o nome na lista dos deportados.

― Por favor, ignore James ― a menina disse, levantando a mão na direção do rapaz, como se o mandasse calar a boca.

Eu nunca seria capaz de chamá-la pelo primeiro nome. Lady? Imagina só.

SIR: um plebeu honradoOnde histórias criam vida. Descubra agora