Capítulo 13: Uma transformação típica de sessão da tarde

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Quando a aula acabou e eu estava prestes a ir para o café, me dei conta de que eu tinha esquecido meu crachá em casa. Não era de suma importância. Eu inclusive já tinha esquecido ele em casa antes, mas tinha dado a maior confusão para marcar meu ponto. Sem contar no esporro que levei do meu chefe. Como minha vida já estava com suficientes confusões, resolvi voltar em casa rapidamente.

Tentei ligar para Seb no caminho. Se ele estivesse em casa, ia pedir para ele descer com o crachá para mim, mas ele não atendeu nenhuma das minhas tentativas de ligação. Já certo de que ia me atrasar para o trabalho, comecei a correr na direção do prédio. Me atrasar era menos pior do que esquecer meu crachá, não era? Tomara que meu chefe estivesse de acordo.

Com muito esforço consegui juntar fôlego para subir as escadas do prédio até o nosso andar. Enfiei a chave na fechadura, mas não consegui girar. Foi assim que eu soube que Seb estava em casa. Quando uma de nossas chaves está pendurada do lado de dentro, não há nada que faça outra pessoa com a chave fora conseguir abrir. Irritado que ele estava em casa e não atendeu minhas ligações e, ainda por cima, deixou a chave na porta, eu larguei o dedo na campainha e deixei-a berrar.

― Já vai ― ouvi Seb gritar por baixo do estridente som da campainha.

Fingi que não ouvi e deixei o dedo lá até ele abrir a porta.

― Lucas! ― Ele exclamou, surpreso. Não estava esperando me ver do lado de for. ― Achei que a gente ia ter que te buscar no café.

― Estou atrasado, esqueci meu crachá ― eu disse, empurrando a porta para passar, sem prestar muita atenção no que ele dizia.

Foi quando dei de cara com um salão de beleza. Ou foi isso que meu apartamento parecia ter virado. Todo tipo de apetrecho de cabelo estava em cima da mesa, muitos, inclusive, parecendo instrumentos de tortura. No meio de todo aquele caos, tinha uma pilha de toalhas. Bordado nelas, o brasão dos Darby.

Eu me virei de volta para Seb, que me encarou com um sorrisinho amarelo. Repassei o que ele tinha medito quando abri a porta. "Achei que a gente ia ter que te buscar no café". Quem era "a gente" e por que teriam que me buscar no café?

― Monsieur Claude ― Seb disse, olhando para algo acima do meu ombro. ― Esse é Lucas.

―Ah! ― Alguém exclamou atrás de mim, me fazendo saltar de susto. ― Enchanté.

Eu girei mais uma vez e encarei o francês, sem entender nada. Ele tinha uma mão estendida na minha direção, usava um terno que parecia ser caríssimo e sorria de forma assustadora. Estiquei minha mão de volta só porque não queria parecer mal educado, mas mandei o melhor olhar apavorado que pude para Seb. Quem era aquele cara e o que ele estava fazendo com o nosso apartamento?

― Monsieur Claude é um enviado dos Darby ― Seb explicou, percebendo meu pânico. ― Para te ajudar com os preparativos para a cerimonia.

Eu soltei a mão do tal Monsieur, sentindo meu rosto queimar. Enviado dos Darby? Para a cerimônia? Demorei um segundo para me dar conta que ele queria dizer que era para a cerimônia de imposição do título de Sir. Cuja qual eu não estava intencionando ir, para início de conversa.

― Para me ajudar com os preparativos para cerimônia? ― Eu repeti, soando bastante confuso. Era porque eu estava mesmo.

― Oui, oui ― o francês respondeu, se esticando para pegar um pente na minha pequena mesa, tomada por materiais de beleza. ― Uma renovação, oui?

Foi quando eu me dei conta que todo aquele salão de beleza montado na minha sala era para mim. Aquele ser humano estava ali para fazer uma renovação em mim. E, ao dizer que era um enviado dos Darby, será que ele estava querendo dizer que era um enviado de Lady Jennifer? Ela queria se certificar de que eu estaria apresentável para aparecer na frente de todos os seus coleguinhas da nobreza quando ela fosse pedir para o rei me dar um título que eu nem queria?

SIR: um plebeu honradoOnde histórias criam vida. Descubra agora