Capítulo 5 - Emoções

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FERROU.

***

Ele me olhou feio, está realmente bravo, foi um olhar fatal. Veio em minha direção, não tinha pra onde fugir. Fui encurralada pela própria parede, maldita parede, bem que ela podia sumir. Queria pode correr, mas não tinha como escapar. Ele me derrubou no chão, quer dizer, me jogou. Já comecei a chorar, que desespero. Olhei a raiva em seus olhos, mas não era de mim, ele estava apenas descontado em mim. Lógico, fui a primeira que apareceu em sua frente. Não muito na frente, na verdade atrás, fazendo barulho.

Achei que ia apenas me olhar com aquela cara, mas depois de um tempo estava me batendo, SOCORRO. É tão horrível essa sensação, não era tanto a dor física e sim uma dor sentimental, meu pai me batendo assim, por nada, é insuportável. Não vou dizer que não está doendo, porquê se não seria mentirosa. Fiquei sem ação, sem palavras, morreu mais um pouco da minha alma.

Fico ali no canto, em posição fetal, chorando. Não estou acreditando, só pode ser um pesadelo. Ele saiu pra esfriar a cabeça, subo pro meu quarto. Olho pra lâmina e me corto novamente. Sei que não está certo, que não é a melhor opção, mas é o meu jeito de desabafar, de eliminar o que sinto. Tomo um banho, quente, a água desce fazendo meus cortes arderem, só sinto os cortes e a pele latejando. Será que eu mereci isso? Me troco e como sempre a mesma rotina, a mesma rotina chata.

Essa noite consigo dormir, acordo e tudo de novo. Levantar, não comer, me arrumar e ir pra escola. Chegando na escola vejo uma rodinha de alunos, como sempre é zoação de mim. Dessa vez fizeram uma montagem minha, colocaram meu rosto numa foto nua e disseram que eu mandei pra ele. Que iludido, pra esse ai não mando nem foto da parede. E o pior é que as pessoas acreditam. Subo pra sala, tentando ignorar, chego lá e pelo incrível que pareça a Giulia já está na sala, está muito sorridente, algo aconteceu.

- Oi Giu! - Tento falar animada, não posso demonstrar que não estou bem.

- Oi Liz, você não acredita o que aconteceu. - Ai meu Deus.

- Se você não me falar não vou acreditar mesmo! - Rimos.

- Então, na verdade não aconteceu, vai acontecer. - Está me deixando ansiosa.

- Fala logo!

- ...

- Fala!

- O Lucas vai estudar aqui! Vai ser da nossa sala!

- Nossa, que legal. - Agora perdi ela mesmo.

Vou pro meu lugar, me sento e fico observando as pessoas entrarem apontando e rindo da minha cara. Cruzo os braços, ponho o fone e me fecho no meu mundo. Até entrar um menino nova na sala. Meu Deus ele é tão diferente, mas um diferente bom, muito bom.

- Não. - De novo penso alto.

- O que? - Giulia aparece bem na minha frente.

- Não pode ser.

- O que foi Liz? Parece que viu um fantasma... - Deu uma risadinha.

- An? Não é nada, só me distrai um pouco.

- Uhum. - Tenho certeza que ela não está convencida.

- É sério, boba! - Dei um empurrãozinho nela e demos risada.

Começou a aula, o menino novo, que estava sendo muito observado, sentou no fundo da sala, do outro lado da sala, perto da janela. O Sol refletiu nele, o deixando mais atraente. Como ele é lindo. A professora entra na sala, acalmando a bagunça.

- Vejo que temos um aluno novo, por favor levante e se apresente para a sala.

- O meu nome é Felipe Simões, tenho 18 anos. Fui expulso da outra escola e sou repetente. Obrigada! - Deu um sorriso sarcástico e sentou.

Bom, pelo que percebemos com essa apresentação maravilhosa ele é bad boy e não liga muito para as coisas. Vale a pena gostar dele? Não. Mas como não mando no meu coração, já estou apaixonada.

Começou a aula de verdade e a professora começou a ler, leitura compartilhada. Como sabe que amo ler, me escolheu primeiro. Leio e começam a gritar: "NERD". Mas não ligo, adoro ser assim. Chamou outras pessoas e chamou o aluno novo, quer dizer o Felipe. Acho que quer saber se ele lê bem.

Ele começa a ler. E meu Deus, que voz é essa. Ele lendo é completamente outra coisa, é como se ele entrasse na história, uma entonação maravilhosa, você viaja na história. A professora gostou tanto que não pediu pra mais ninguém ler, somente ele leu. Adorei, obrigada professora. Terminando a leitura o aplaudiram, achei exagero, mas bati palma também, é como se eu estivesse hipnotizada por ele. SOCORRO, estou apaixonada. NÃO.

Ele olha pra mim e parece surpreso. Eu entrei em desespero disfarcei, fingindo olhar as árvores e virei pra frente, como se nada tivesse acontecido. Espero que ele não tenha notado que eu estava olhando pra ele. Acaba a aula, é troca de professor, pego o caderno da outra matéria e começo a fazer anotações. Os outros alunos estão bagunçando, ele está olhando pra mim, sinto minha bochecha corar. Continuo escrevendo pra disfarçar. Pego o celular e dou uma olhada na rede social, nunca faço isso, mas hoje é um dia excepcional. Ele que me olhava, faz o mesmo. Senta virado pra mim e ergue o celular, acho que está tirando foto de mim. Mas não posso fazer nada, não vou gritar com ele.

Giulia me chama, diz que ele está me olhando. Começa a rir e zoar, dou risada e ele ainda está me olhando, acho que gostou do meu sorriso. Ela insiste que eu vá falar com ele, mas não vou. Recebemos a notícia que é aula vaga. Comemoram, continuo no meu lugar conversando e rindo com ela. Até que ela resolve mandar um bilhete pra ele. Enquanto ela faz isso, que acho uma bobeira, procuro ele na rede social. Achei uma foto que amei (Imagem na capa), tive até que salvar. Mas eu comecei a pensar, o que a Giulia escreveu pra ele?

AMOR NA DOROnde histórias criam vida. Descubra agora