Capítulo 6 - Mais Uma Vez

70 5 2
                                    

  Mas eu comecei a pensar, o que a Giulia escreveu pra ele?

***

Ela sempre faz isso, sempre me faz passar vergonha. Ela entrega pra ele. Que menina besta. Quando ela está voltando eu percebo que ele está sorrindo e vindo em nossa direção. Estou sentada no meu lugar, meio brava. Ela pega o bilhete com a resposta, abre e sorri. Pego o bilhete de sua mão... Quando o professor entra. Guardo o bilhete e começo a escrever, novamente, como se nada tivesse acontecido. Sou boa em fingir.

O professor passa a atividade e pego o bilhete do bolso. "Não acredito nisso!".

Por que está olhando tanto pra Liz? Gostou dela, é?

Vem falar com ela depois do período, atrás da escola. Pode ser?

Nossa, que saco. Resolveu falar por mim e nem perguntou minha opinião? Mas okay, né? Viro o bilhete e leio a resposta, fico surpresa. Como assim?

Ué, porque ela é bonita. Gostei mesmo. Quem sabe.

Opa, com certeza.

Nossa, só faltou uns emojis com a carinha de safado. Cutuco ela, enfurecida. Ela se vira e pergunta:

- Gostou? - Riu.

- Não! Era pra gostar?

- Era. - Está dando risada mais ainda.

- Nossa, não vou falar nada Giulia!

Quando percebo toda a sala está em silencio e o professor está do meu lado, de braços cruzados, apenas observando a nossa briguinha. Olho pra ele, levantando a cabeça devagar. Está com uma cara de decepção pra mim. Estica um dos braços.

- O bilhete senhorita Castro.

Entrego pra ele.

- Esperava mais, muito mais.

- Desculpa. - Estou de cabeça baixa. Não sabia aonde enfiar a cara. Que tal virar um avestruz, cavar um buraco e pronto?

- Já que estava tão interessante, por que não compartilhar com a sala? Não é mesmo?

- Por favor não professor. - Giulia não disse uma palavra até agora, mas está assustada.

- A senhorita lê ou eu mesmo?

Apenas cruzo os braços e abaixo a cabeça. Pronto, ferrou tudo. Ele começou a ler. Parecia ser uma eternidade. Finalmente acabou.

- Senhorita Sanches. Para quem era o bilhete?

- P... Para... Para o aluno novo. Felipe. - Ela põe a mão no rosto, parece decepcionada.

Quando disse o nome dele meu coração parou por um mísero segundo.

- Nossa, coitado! Mal entrou na escola e já vai ficar com a galinha!

- Verdade! Cuidado viu Felipe, você é a próxima vítima.

Todos riem. O que faço agora? Nada, não tem mais o que fazer. Nem sabia desse bilhete. E quem se ferrou? Eu, de novo. Mais uma vez sou a puta, galinha, piranha, acabem logo com isso. Ainda estou com a cabeça baixa, quando ouço a voz dele.

- Parem com isso seus idiotas! Se ela quiser eu vou ficar com ela, mas tenho certeza de que ela não é nada do que estão dizendo.

Meu Deus, finalmente alguém me defendeu. Isso é raro de se ver. Levanto a cabeça, olho pra ele e o agradeço com o olhar. Ele me entendeu, fez que sim com a cabeça e se sentou. O professor se pronunciou novamente:

- Okay, okay classe, agora sem bagunça, voltem para os seus lugares e terminem as atividades. Irei vistá - las na próxima aula.

Como é o nosso professor mais pontual, terminou a frase bem na hora que bateu o sinal. Saiu da sala, está aquela bagunça novamente. Arrumo meu material e penso. "Será que ele gosta mesmo de mim? Será que finalmente encontrei alguém que preste e queira algo bom comigo?". Espero que sim.

AMOR NA DOROnde histórias criam vida. Descubra agora