Capítulo 8 - Vovô...

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- Calma, vou ligar. Vai ficar tudo bem.

***

Sem perceber estou nos braços dele, chorando muito enquanto esperamos a ambulância. Me lembro que tenho que avisar minha vó o que aconteceu, ligo pra ela, em prantos.

- Vó? - Estou com lágrimas nos olhos, ele me abraça.

- Oi minha querida, o que aconteceu? Está tudo bem? Cadê vocês? - Ela parece preocupada.

- O vô sofreu um acidente. Ele caiu e bateu a cabeça, eu chamei uma ambulância. Fala com a tia pra ela te levar lá. Por favor fica tranquila, vai ficar tudo bem. - Ela está chorando.

- Tá bom, já estou indo pra lá, venha pra casa, depois te ligo mandando notícias.

Estou realmente triste, minha avó parece não estar bem. O que eu faço? Ele me olha e tenta me confortar, logo em seguida a ambulância chega e levam meu avô. Enxugo as lágrimas e falo:

- Felipe, minha vó pediu que eu fosse pra casa, que ela me mandaria notícias.

- Eu vou com você, não vou deixar você sozinha.

- Não, não precisa. Tá tudo bem. - Sorrio.

- Não minta pra mim, reconheço quando alguém está mentindo. Eu vou com você e pronto.

Estou tão chateada que nem me importo, viro e saio andando. Ele vem me seguindo, andamos o caminho todo sem nenhuma palavra.

- É aqui.

Abro a porta e entro primeiro, ele entra logo em seguida. Coloco a mochila perto do sofá.

- Quer beber ou comer alguma coisa?

- Não, obrigado. - Fala distraído.

Olho pra ele e ele está lá, observando tudo, até que ele para num quadro.

- Nessa foto é eu e meus avós mais novos. Eles eram muito felizes e tinham muita saúde.

- Eles parecem felizes e você, era uma gracinha.

- Bom, fique a vontade, eu já volto.

Subo as escadas, vou no meu quarto, pego uma roupa e vou pro banheiro. Quando me olho no espelho estou com os olhos inchados de tanto chorar e o rímel borrou minha cara toda. Olho para minha roupa e tem sangue nela, sangue do meu avô, as lágrimas já começam a querer vir, mas tento ser forte. Lavo o rosto, limpando toda aquela maquiagem, troco a roupa e desço. Ele está lá, com uma expressão indecifrável, fico olhando ele por uns segundos, sem ele perceber. Sento do lado dele.

- Então, você está bem? - Ele disse.
Não respondo.

-Pergunta idiota, né? Okay. Enquanto não temos notícias, que tal fazermos o trabalho?

- Pode ser. - Digo olhando pra parede. Estou meio em choque ainda.

Passa-se horas e nada da minha vó. Começo a ficar mais preocupada. O que será que aconteceu?

- Finalmente acabamos. - Digo cansada. - Acho que vou ligar pra minha avó.

- É, acho melhor ver como está.
Dígito os números sentindo um mal pressentimento. Minha vó atende.

- Olá, minha querida. - Fala com uma voz calma.

- Oi vó, como ele está?

- Está desacordado ainda, não sabemos ainda o que vai acontecer, os médicos disseram que depende dele lutar.

- Ah. - Falo triste. - Vai dar tudo certo. Vou desligar vó, me ligue.

- Tá bom querida, beijo. - Desligo olhando pra baixo.

- O que aconteceu? Ele está bem? - Ele me questiona.

- Não! - Olho nos seus olhos prestes a desabar.

- Como seu vô está? - Fala me abraçando, com o tom de voz preocupado.

- Ele ainda não acordou, os médicos disseram que depende só dele agora. - Quase não consigo falar.

- Calma, vai ficar tudo bem, vou ficar aqui com você o quanto for necessário, vou ligar pra minha mãe.
Ele sai da sala e ouço a voz dele ao telefone. Minutos depois ele volta.

- Pronto, agora vai ter que me aguentar.

Eu encosto em seu ombro e fico ali, chorando, até que eu paro. Não sai mais lágrimas. Nesse tempo todo que estou chorando ele está me consolando, me fazendo carinho. Ele realmente é atencioso.

- Felipe? - Levanto e olho em seus olhos.

- Oi, Liz. - Diz sorrindo.

- Obrigada. - Sorrio e finalmente o beijo, um beijo intenso.

Ele me olha com uma cara assustada.

- Liz, eu...

AMOR NA DOROnde histórias criam vida. Descubra agora